Seria ótimo enxergar o jogo somente pelo começo avassalador do Fluminense na Ilha do Retiro, de encarar bem o Sport raçudo e impetuoso, neste campeonato brasileiro que é verdadeira roda viva a cada três dias. Ou ruim pelo resultado final. Ou razoável, tendo em vista o Tricolor ter um jogo a menos.
Seria. Mas futebol não é só isso; não se limita a descrições e posologias. Definitivamente não. Todos nós, que carregamos amor conosco, sabemos disso.
O golaço do Scarpa, o balaço do Henrique no travessão, a gana da mocidade independente tricolor, toda de branco da paz celestial. A resposta do Sport descontando com André.
Júlio César, que alterna momentos claudicantes com defesaços. Renato Chaves, que alterna golões com bobeiras. Wendel, outrora brilhante, anda opaco além da conta. Altos e baixos. A vida é assim, o Fluminense também. Temos falhas e qualidades. A perfeição só existe na utopia dos idiotas da objetividade.
Não dá para falar deste jogo só pelas linhas táticas, às vezes enfadonhas, ou críticas.
As cenas da torcida rubro-negra aplaudindo e gritando o nome de Abel, mais o mar branco da tranquilidade, cercando o querido treinador para um abraçaço depois dos gols, já são páginas eternas da história do futebol brasiieiros. Escritas em dias difíceis para o Rio e o país, servem de bálsamo, acalanto, exemplo para todos.
De Abel é difícil falar qualquer coisa. Seus gestos falam por si. Na hora da dor maior, fez da tristeza a força de trabalho. Um herói de carne, osso e paixão.
No primeiro tempo o Fluminense abriu vantagem boa, recuou demais, sofreu a pressão natural e o desconto no placar, tudo num jogo corrido e disputado, quente. Na volta, o Sport é que voltou incendiado e empatou em 2 a 2. Depois, Orejuela recebeu um exageradíssimo cartão vermelho e as coisas ficaram mais difíceis. O mandante veio com tudo para a virada, o visitante se safou como podia, tentando devolver os golpes. Se as modificações não melhoraram o Flu, o time não perdeu a dedicação. É chato empatar depois de ter aberto 2 a 0, o famoso placar perigoso, mas diante do desenrolar da partida o resultado acabou sendo razoável.
O Fluminense não ganhou o jogo, mas o futebol venceu a noite desta quarta-feira, a noite em que Abel recebeu um abraço do tamanho do Brasil.
PS: quem bate no Flamengo há mais de 100 anos nas decisões não pode temer a LDU. Vamos com tudo! Antes disso, sábado é dia de lotar o Maracanã.
Panorama Tricolor
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Imagem: Curvelo