É chato demais falar do cenário político tricolor num momento tão bom do Fluminense em campo, mas é preciso fazê-lo, até para prevenir o torcedor de impactos nessa área fundamental do clube.
O racha ocorrido na semana passada entre os dois polos da administração tricolor, inicialmente unidos, era algo até previsível; o problema – grave! – é isso dar a vitória no ano que vem justamente a grupos que foram derrotados em 2016.
Como pode ocorrer algo assim? Para mim, é óbvio que caíram em duas armadilhas já existentes antes desse mandato atual.
Primeira: a péssima gestão anterior, que deixou um rombo gigantesco ainda não resolvido e que encarregou os aliados de suavizarem o problema, além da preponderância da mídia externa – e muito mais ainda a especializada – em cobrir o grupo hegemônico no clube como o mal, tudo em nome de eternos candidatos ao poder, ditos de extrema oposição desde 2017, mas que em vários momentos de temporadas anteriores trabalharam junto com eles.
Segunda: você junta esse caos diário no clube a uma má comunicação da gestão, mais resultados complicados em campo e na área de contratações (especialmente no ano passado), e está formada uma gestão de que a torcida tem verdadeiro horror – às vezes até um tanto exagerado e folclórico.
O grupo político Unido e Forte cometeu erros de avaliação. O principal deles: ninguém poderia duvidar do que a Flusócio faria entre ficar bem com eles (U&F) e proteger o ex-presidente Peter Siemsen. Apesar do modesto capital eleitoral à época, o grupo conseguiu a vice-presidência geral e pastas importantes, tais como marketing e finanças, embora com resultados discutíveis.
O fato é que morderam a isca da mídia e talvez tenham se apressado em deixar uma gestão na qual tinham uma posição de destaque, alegando questões que a ex-parceira Flusócio nunca abriria mão. De toda forma, é importante respeitar a decisão, ainda que para alguns a interpretação seja de imaturidade política – já para outros, trata-se simplesmente de ideais e princípios. Na minha modesta opinião, prefiro resultados e, sinceramente, acho que esse racha não trará absolutamente nada de positivo para o Fluminense.
Obviamente, o grupo remanescente da gestão não tem anjinhos, é bom que se diga. Acha-se o dono da verdade, mas está aí há tempos com o déficit financeiro se acumulando, os resultados esportivos minguando e gerando em oposição, mesmo que involuntariamente, candidaturas caudilhescas com venenosa capacidade de manipulação da torcida (não fosse o bom momento do campo agora e o inferno seria constante, tal como no ano passado).
Para piorar, some-se a isso tudo o momento politico da nossa sociedade: temos aquela briga em casa onde tudo mundo grita e ninguém tem razão.
A última ponte de união entre opiniões diferentes foi quebrada na semana passada, o que considero pior do que a saída de qualquer nome especifico, além de gerar uma expectativa de processo eleitoral mais à frente que dificilmente apaziguará o Fluminense, quanto mais gerar soluções para os imensos problemas do caixa tricolor.
O que resta? Apelar a Deus para iluminar as lideranças à frente da política do Flu. Com o torcedor desmotivado nesta área e o sócio radicalizado, a tendência é piorar. Bom, tomara que não e tomara que o campo, tão bem por ora, saia ileso dessa permanente guerra onde todos perdem.
Panorama Tricolor
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