Realmente, passada a disputa do Campeonato Mundial, vejo alguns temas em discussão nos grupos de tricolores que me preocupam muito pelo amadorismo, simplismo e a forma como parte da torcida do Fluminense pensa em relação aos seus jogadores.
O primeiro aspecto é a autofagia em grande parte da nossa torcida que vibra, como se fosse um gol, quando são anunciados interesses por nossos jogadores, como o caso agora do Manchester City em relação ao craque André.
Alguns vibram, num comportamento até bipolar, com a possibilidade de perderem jogadores de forma inexplicável Aliás, muitos desses jogadores que nós temos perdido estão indo sem se colocar cláusulas básicas para que eles não retornem, imediatamente, ao nosso rival ou não aconteçam as chamadas operações pontes, como o clássico caso do Pedro na atual gestão. Isso é de se estranhar, pois o mínimo que teríamos que falar é que, diante de uma teórica melhoria financeira, seria importante tentar manter alguns jogadores nossos e não negociá-los como obrigação.
O segundo aspecto é uma ação de amadorismo empresarial, quando se defende que jogadores têm o direito de irem para a Europa ou terem seus desejos satisfeitos. Um paternalismo descabido nas relações contratuais de um regime empresarial.
É claro que devem ser observados certas reivindicações e aspirações pessoais, mas existe um contrato a ser cumprido e uma multa a ser paga, caso não queiram cumprir esse contrato. Aliás, o Fluminense teria que pagar regiamente os valores até o fim do contrato caso ticesse que dispensar alguém e, nisso, tanto jogadores quanto seus empresários são impiedosos.
O caso recente mais típico é o do Arias, que sinaliza querer ir para um time na Rússia, distante da atual elite do futebol, um país que está em guerra, e algumas pessoas acham que o Fluminense deveria realizar seu sonho sem exigir o pagamento da multa de um de seus jogadores mais valorizados, como se fosse um prêmio. Nesse aspecto a mulambada tem agido de maneira muito mais profissional. Basta ver como estão fazendo em relação ao Gabriel, onde o Corinthians mostrou um interesse por ele, mas que o Flamengo não abre mão de o liberar o jogador com contrato em vias de vencer por questões comerciais, e não inebriados por conta de uma idolatria ao ex-artilheiro.
O terceiro aspecto é como parte de nossa torcida, apesar do desempenho fantástico de nossos atletas da base, como André, Martinelli, JK e Aleksander, ainda vibra para trazer jogadores usados e velhos, sem valor de revenda, atendendo meramente aos anseios de empresários. Não conseguem compreender como jogadores velhos, já consagrados, porém sem a grande capacidade competitiva, impedem o crescimento da base e com isso acabamos rifando nossos jogadores, joias de Xerém, onde alguns já merecem oportunidade para subir no Campeonato Carioca, como os jovens Arthur, Isaac, Felipe e o centroavante João Neto.
A capacidade de maior parte da torcida do Fluminense ser manipulada com narrativas é surreal e crusta a crer que ainda existam pessoas que acreditam nessa disputa do Caio Paulista, que pode até acabar com sua negociação, mas que surge como narrativa para justificar sua eventual permanência no Fluminense e, ainda assim, a torcida achar que CP é um jogador de elite, disputado por grandes clubes e não apenas um jogador limitado.
Este 2024 é um novo ano. Em 2023 tivemos resultados esportivos excepcionais que devemos reconhecer, porém não dá pra ignorar a história recente de outros clubes que tiveram desempenho esportivo fantástico e foram à bancarrota por gestão financeira temerária, tais como Cruzeiro e Santos.
Acrescento a isso a pressão da mídia esportiva que praticamente sela a saída do jogador, a falta de argumentação do profissionais do Fluminense para convencer o jogador a ficar, como o fato de a Rússia, assim como Grécia, EUA, China e até mesmo Portugal serem praças menores e até poderem ser encaradas como cemitérios do futebol. No caso do futebol inglês, o que os salvou foram os petrodólares dos países árabes.
Outro aspecto que gostaria de ressaltar é a do jogador, que antes era titular, se contunde, e ao ter condições já se recoloca como titular, quando essa decisão cabe ao técnico, comissão técnica e pessoal da saúde.