Amigos, amigas, eu não tenho uma resposta pronta, acabada e definitiva para essa questão. E olha que eu acompanho o clube, vejo e analiso os jogos, o elenco, a proposta tática, os fundamentos e as limitações do Fluminense.

Eu acompanho e analiso Fluminense há dez anos, mas não sei responder, embora tenha quase todas as respostas dentro dessa resposta macro incrivelmente angustiante. E dentro da minha angústia eu fico realmente estupefato como parece que todo mundo tem essa resposta macro.

O Fluminense é intruso e a explicação para isso é que antes do campeonato nenhum tricolor se arriscaria a sequer imaginar que o Fluminense terminaria o primeiro turno no G-4. E eu confesso que estou nesse bolo, porque no melhor momento das minhas expectativas eu coloquei o Fluminense no G-6, para logo depois temer por uma briga perigosa na parte de baixo, mesmo garantindo que o Fluminense é muito melhor do que no mínimo uns dez times que estão sofrendo nesse campeonato.

A prova disso foi a sequência de seis jogos que marcaram nosso campeonato pessoal contra o rebaixamento, em que vencemos quatro, empatamos um e perdemos um. O que me levou a concluir que para o Fluminense ainda vir a brigar na parte de baixo terá que fazer um esforço maior do que aquele que fez para escapar do rebaixamento em 2009.

Pois entramos no mini campeonato pelo G-6, contra Santos, Fortaleza, Grêmio e Palmeiras. Vencemos os dois primeiros jogos e fomos parar no G-4, a três pontos dos líderes. É muito provável que se vencermos Grêmio e Palmeiras toda a mídia esportiva reconheça estupefata que brigamos, não pelo G-4, mas pelo título.

Como essa mesma mídia resolveu reconhecer o São Paulo como candidato ao título, após a goleada sobre o Flamengo, com uma convicção que nem mesmo eu, que defendi essa tese desde o princípio, tenho.

Bastou o Palmeiras vencer o Atlético MG, que se tornou candidato, não ao G-4, mas ao título, mesmo estando na sétima colocação, a quatro pontos do Fluminense, quarto colocado. É que o Palmeiras tem investimento, logo tem elenco e condições para fazer e acontecer daqui pra frente. O Fluminense, depois de duas exibições de G-4, é intruso.

O nome disso é senso comum. E o que é senso comum? É aquilo que todo mundo aceita como verdade mesmo sem ter fundamentos sólidos para isso. Ou será que o fato de ninguém esperar, antes do campeonato, que o Fluminense terminaria o turno no G-4 é um argumento sólido para descartar a continuidade do Fluminense na briga por uma vaga na Libertadores, pela liderança e pelo título?

Já teve quem me lembrasse que em 2015 nós terminamos o turno na briga pela liderança e depois afundamos até terminar o ano brigando contra o rebaixamento. Esse é um argumento válido sem que se analise as circunstâncias e a conjuntura? Pois em 2015 nosso elenco foi se esfrangalhando ao longo da temporada, enquanto, tirando a saída de Evanilson, estamos ganhando reforços em 2020.

Ou Danilo, Fred, Luis Henrique e a ascensão de Yago, Dodi, Michel Araújo, Julião e Lucas Claro não são reforços? Será que não estamos diante de um cenário totalmente diferente? Como acreditar em um desdobramento igual ao de um campeonato em que vivíamos a situação oposta?

Dizem que o Fluminense não tem elenco, mas nós chegamos ao G-4 enfrentando epidemia dentro do elenco e trocando uma série de jogadores ao longo das partidas. É só ver o jogo contra o Fortaleza, quando não tivemos Dodi, Nenê e Fred, que jogaram contra o Santos, mas vencemos os dois jogos com autoridade.

Eu fico pensando aqui com meus botões se todos os argumentos usados para ignorar o Fluminense não são, na verdade, um recurso para evitar que acreditemos. Não estou falando de um otimismo vago e delirante, mas de um pensamento positivo considerando todas as variáveis a serem consideradas em uma análise honesta e profunda.

Se, ao fazer com que nós não acreditemos, se contribua para a consolidação da percepção do Fluminense como algo menor dentro do cenário futebolístico brasileiro, apesar dos dois títulos brasileiros nos últimos dez anos, o que, por si só, já é um contrassenso indefensável.

O que eu sei mesmo é que há candidatos ao título, mas favorito, haja o que houver, só o time dos maus costumes. E o que há de diferente na campanha deles? Derrota para o Atlético GO, derrota para o Ceará, empate com o Bragantino e goleada sofrida para o São Paulo.

Em outras palavras, um time que oscila, como oscilam Inter, Atlético e São Paulo, e estão todos ali, colados no oscilante Fluminense, todos candidatos ao título, enquanto o Fluminense é só um intruso.

Podemos dizer, no entanto, que se tudo se mantiver no segundo turno como foi no primeiro, o Fluminense é candidato ao título? Sim, podemos, porque terminamos o primeiro turno a três pontos da liderança com esse cenário. Seria alguma loucura, algum delírio, ou seria só estatística?

O que acho que estou tentando dizer (e o bom senso me faz usar o “acho”) é que o rótulo é o senso comum e que estão analisando um rótulo, que é tão falso quanto nota de R$ 3,00. Eu estou e vou continuar analisando o Fluminense e a conjuntura, assistindo ao máximo de jogos que puder dos outros times, para tirar minhas próprias conclusões.

Posso dizer uma coisa, no entanto. Se há algo em que devo acreditar é que o Fluminense pode conquistar o pentacampeonato. E qual é o argumento maior, jamais o único, que tenho para isso? Exatamente o contrário desse rótulo, que é a verdade sobre o que é o Fluminense. E isso não é um delírio. Ou alguém aqui duvida do tamanho da camisa tricolor?

Todo o resto é a sequência de jogos que temos pela frente. Eu tenho só dois: Grêmio e Palmeiras. E acredito que isso também esteja no radar de Odair Hellmann, mesmo que ele diga que o campeonato é sempre e só o próximo jogo. Isso não existe, ou a gente esquece esse negócio de planejamento. Seria uma decepção muito grande, que acho improvável.

Não vou aqui repetir o que acredito que seja necessário para o Fluminense consolidar sua posição como candidato ao que quiser nessa competição, que é para não estender muito a coluna, que já está grande. Vou falar sobre isso no sábado, na véspera do jogo.

O que eu sugiro aos bravos navegantes é que não se rendam ao senso comum. Vamos analisar com frieza e torcer com paixão, porque você torce pelo que acredita. Torcer sem acreditar seria uma insanidade e pensar em vaga na Libertadores é inapropriado para a situação, pelo menos a situação presente. Nós temos que pensar e acreditar no título.

E se acharem que estou tentando fazer lavagem cerebral na nossa torcida, tanto melhor, que seja assim. Melhor sofrer lavagem cerebral para acreditar no sucesso do que para acreditar em um clube de segunda categoria que não existe nem nunca existiu.

Quem é do ramo vai entender.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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