O Fluminense, a semifinal da Taça Rio e o X da questão (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, como diria o famoso samba, o que será do amanhã? Alguém consegue responder? Para muitos, nosso foco é a partida contra o Botafogo, semifinal da Taça Rio, que pode nos levar à final contra X ou Volta Redonda. Sim, X é quem vocês estão pensando que é, mas decidi não falar mais o nome de X aqui no PANORAMA. Acho que até aqui já demos ibope demais pra eles. Desde 1912, temos sido bondosos e complacentes ao extremo com dissidentes, e toda essa fidalguia nos trouxe ao ponto atual, em que X se acha acima do bem e do mal, dando rasteiras em quem sempre o apoiou, mordendo a mão que sempre o alimentou e pisoteando o engenheiro do projeto que o alçou a ser alguma coisa além da irrelevante organização clubística que era até a década de 1980. Voltando à pauta, eu discordo dos que pensam que nossas atenções deveriam estar voltadas para o Clássico Vovô, tradicional embate entre as duas equipes que realmente fundaram o futebol no Rio de Janeiro. Esse jogo, na verdade, é irrelevante.

E fundamento minha tese no seguinte argumento: vocês acham, vocês realmente acham, que depois de todas as maracutaias que já tivemos nesse campeonato (não só nessa edição, mas ao longo dos anos), com todo o cenário construído em conluios entre X e os pequenos para a volta do futebol em meio à pandemia, com a bênção da ratazana que comanda o circo que se tornou a competição que antes era mais charmosa do Brasil, não haverá a certeza de que X vencerá o jogo de quarta-feira de qualquer maneira? Só precisam disso pra levar a taça. Não importa quem passe para a final, seja Fluminense ou Botafogo. O palco está armado para mais uma vez eles se masturbarem. Dessa vez não terá torcida. Não terá pressão. Não terá VAR. Se bobear, nem transmissão terá. Ou, se tiver, não será “isenta”. Se por um milagre o Fluminense se reencontrar e Odair conseguir fazer o time jogar e passarmos pelo Botafogo, podemos fazer a exibição de nossas vidas no meio de semana que nada adiantará. Seremos tungados certamente. Se passar o Botafogo, eles serão a bola da vez.

Eu, sinceramente, estou contando os dias para o estadual acabar. E, se eu fosse o presidente do clube, imediatamente após o fim do derradeiro certame, eu buscaria a única solução plausível para acabar com esse círculo vicioso de achincalhe, que faz com que sejamos cobrados em um valor dez vezes maior que X para organizar um jogo com portões fechados: a desfiliação. O Fluminense precisa procurar outra federação para se associar, já que precisamos estar filiados a alguma para disputar as competições da CBF. Mas não precisa ser a FERJ. Enquanto essa escumalha permanecer lá, enquanto o plano for nos tornar cada vez mais coadjuvantes em todos os aspectos fora das quatro linhas, para que sirvamos de sparring para o queridinho, não devemos mais aceitar passar por isso. Sem o Fluminense e sem o Botafogo, o futebol do Rio não existiria como o vemos hoje. Talvez se tornasse como o do Espírito Santo. E é exatamente sobre uma possível afiliação à federação capixaba que quero falar.

Parece estranho pensar nisso, num primeiro momento. Não ver o Fluminense enfrentar rivais tradicionais entre os pequenos, principalmente, parece meio alienígena. Mudança, no geral, não é um processo fácil. Mas, muitas vezes, é necessário. Os pequenos escolheram seu lado. Escolheram acabar de vez com a competição que já andava mal das pernas há muito tempo. Escolheram apoiar os canalhas da vez. O Fluminense precisa romper com tudo isso. O Botafogo provavelmente também. Juntos, Fluminense e Botafogo poderiam ser a atração que o campeonato capixaba nunca teve. Lá, o Flu poderia realmente usar a competição para fazer uma longa pré-temporada, usando o time titular apenas e quando fosse necessário, evitando perder jogadores em fases importantes de competições maiores, como ocorreu na Libertadores de 2013. Poderíamos fechar uma parceria com o governo capixaba para mandar nossos jogos do estadual no Kleber Andrade, em Cariacica. A capacidade é boa (21.000) e o Flu tem grande torcida no Espírito Santo.

Isso abriria portas para um futuro sem a depreciação midiática e as sacanagens dentro de campo que hoje sofremos constantemente. Poderíamos negociar cotas de transmissão sem termos mafiosos querendo controlar a grana que recebemos. Sem limitações do tipo, ficaríamos muito mais à vontade para fazer uma preparação adequada para o resto do ano, sem pressão maluca por resultados em jogos completamente irrelevantes, sem cartas marcadas, sem arbitragens venais, sem nada dessa pantomima que se repete há décadas no Rio de Janeiro. Claro, haveria ocasiões em que o Flu poderia mandar jogos aqui no Rio, com toda a logística necessária, talvez custeando também o adversário, para que nossa torcida local não fique tempo demais sem ver o time jogar presencialmente. É possível pensar nesses pormenores. O mais importante, contudo, é que o Fluminense se livraria de um imenso fardo e adquiriria mais liberdade. Acho impraticável continuar dependendo da FERJ para o que quer que seja. Há de ser dado um basta.

Curtas:

– Cinco substituições e Odair não consegue mudar a forma do time jogar. Tudo bem que as opções são um pouco limitadas, e tem uns caras que são perebas e peladeiros por natureza, mas o técnico não se ajuda. Acho que o tempo dele já passou. Não sei se temos bala na agulha pra trazer um Cuca da vida, mas penso que valha a pena tentar dispensar alguns jogadores emprestados para abrir margem para podermos realizar uma contratação de técnico mais cara. Isso pode definir o resto do ano.

– Além do mais, trocar agora de técnico nos garantiria pelo menos um mês de preparação antes do Brasileiro e da Copa do Brasil voltarem. Ele teria todo esse tempo para azeitar o time, ver quem serve e quem não serve, puxar quem puder ser trazido da base, etc.

– Alguns tricolores devem estar achando que estou pessimista demais. Amigos, não me entendam mal. Eu sempre acredito no Fluminense, mas sejamos honestos… além da mais que provável arbitragem mal intencionada que enfrentaremos na quarta-feira caso passemos pelo Botafogo, vocês conseguem enxergar o Fluminense campeão estadual com o Odair? Porra, fomos eliminados pro Antofagasta. Perdemos pro Figueirense. E isso quando o time estava em forma. É muito difícil. Quero muito que o improvável aconteça e que a mística tricolor prevaleça, pra dar um cala-boca não só em mim, mas em todo o resto. Aguardemos.

– Não vou falar agora dos jogadores, até porque seria chover no molhado. Estão fora de forma e muitos deles já eram fracos antes. Semana que vem toco nesse assunto.

– Palpite para a partida do domingo: Fluminense 1 x 1 Botafogo.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

1 Comments

  1. Cometi um erro crasso em um comentário no “Curtas”, ao falar que fomos eliminados pro Antofagasta. Em realidade, foi pro Unión La Calera. Fica a retificação. Muito tempo sem futebol nublou minha mente um pouco rs.

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