Se nosso problema é fazer gols, é só escalar quem saiba fazê-los (por Marcelo Savioli)

O TRICOLOR – informação relevante.

Amigos, amigas, quase que a história se repete. Fluminense domina o jogo, cria mais oportunidades, oprime o adversário e perde de 1 a 0. A partida do último sábado, contra o Botafogo, é menos emblemática que aquela decisão da Taça Guanabara contra o Vasco. Naquela ocasião, o Vasco venceu o Fluminense com menos de 30% de posse de bola e sem ter dado um único chute a gol. O Cruzeiro pelo menos deu um chute a gol e o nosso goleio aceitou.

Só que o Fluminense tinha a solução no banco de reservas. João Pedro, nas poucas vezes em que entrou em campo, se não me engano, contabiliza uma assistência e dois gols. Em outras palavras, o que falta ao Fluminense é escalar jogadores que tenham intimidade com a grande área. A solução está em nossas trincheiras. Diniz deveria começar a pensar em um lugar no time para Pedro e João Pedro. Acho que esse é o ajuste que falta.

Os ouros já foram feitos. Ao tirar, de uma só vez, Aírton e Bruno Silva da equipe, os Deuses indicaram o caminho para o time se tornar mais coeso. Ao contrário do que se poderia imaginar, o time não se tornou mais vulnerável defensivamente. O que se viu na noite de ontem foi o Cruzeiro acuado, sem conseguir fazer a transição ofensiva. O jogo de ontem mostrou que podemos ter quatro meias técnicos sem comprometer o sistema defensivo. Pelo contrário, a posse de bola mais qualificada é, também, uma forma eficaz de defesa.

A contusão de Pedro obrigou Diniz a, pela primeira vez, investir na escalação de quatro meias técnicos, deixando somente Luciano e Yony González no ataque. Contra Botafogo e Cruzeiro, apesar dos resultados, o Fluminense fez as melhores exibições dos últimos tempos.

Antes de Fluminense e Cruzeiro, tiver a oportunidade de assistir a Atlético MG e Santos. O Santos foi muito superior no primeiro tempo, mas o Atlético chegou a merecer a vitória, apesar do empate sem gols, na segunda etapa. O Fluminense, não, dominou o Cruzeiro durante noventa minutos. A conclusão a que se chega com isso é que o Fluminense tem, sem dúvida alguma, um dos melhores times do Brasil.

Há quem diga que nosso elenco é deficiente, mas mesmo com relação a isso há controvérsias. A gente fala muito da lateral esquerda, mas temos Mascarenhas retornando e Caio Henrique vem fazendo bom papel naquele setor. Temos apenas um reserva para a zaga, que é um baita jogador, mas teremos Digão e Léo Santos retornando após a Copa América.

Do meio para a frente, temos um dos elencos mais ricos do Brasil. A prova disso é que tivemos a entrada de Marcos Paulo e João Pedro na segunda etapa. Pedro, que é o craque do time, sequer atuou. Temos muita força no conjunto e na proposta de jogo, mas essa condição se qualifica na medida em que temos jogadores talentosos, capazes de instrumentalizar essa proposta.

A impressão que eu tenho é de que se colocarmos dois atacantes com faro de gol dificilmente voltaremos a ser derrotados na temporada. Não que Luciano e Yony não sejam bons. É que temos dois atacantes mortíferos no elenco, fora Marcos Paulo, que pode fazer o ataque ou o quarto homem de meio de campo. Ainda temos Guilherme no banco. Léo Artur começou errando tudo, mas estabilizou no curso da partida e foi quem criou nosso arremate mais perigoso na primeira etapa.

Amigas, amigos, ninguém entre em campo e faz o que bem entende com o fortíssimo time do Cruzeiro por acaso. Ninguém sai perdendo de 3 a 0 do Grêmio dentro da Arena Gremista e obtém uma vitória de 5 a 4 por acaso. O Fluminense tem, sim, um dos melhores times e, também, um dos melhores elencos do Brasil, embora as atuações do Rodolfo continuem sendo contraditórias. O lance do gol do Cruzeiro era plenamente defensável.

Ainda não estou convencido de que Rodolfo deva ser barrado, mas é sempre um motivo de preocupação. A questão é que ele se encaixa perfeitamente no modelo de Diniz, o que pode não parecer importante para alguns, mas é fator chave para o sucesso da equipe. É uma dúvida que vamos carregar pelo resto da temporada, já que o clube não tem cacife para contratar um grande goleiro, que venha para resolver o problema por inteiro.

Se Diniz seguir acreditando na proposta de jogo levada a campo ontem, com aquele quarteto no meio de campo, mas privilegiando ter dois goleadores na frente, acho que estaremos prontos para alcançar os objetivos naturais para um clube do tamanho do Fluminense até a Copa América. A saber, eliminar o Cruzeiro na Copa América, o Atlético Nacional, na Sul-Americana, e migrar para a parte alta da tabela. Um G-6 já ficaria de bom tom.

O Fluminense é um dos times com maior potencial para crescer durante a inter temporada forçada. A razão é o fato de termos um treinador capaz de fazer um time evoluir individual, tática e coletivamente com tempo para trabalhar. Logo, as perspectivas são alvissareiras, mas temos que fazer o dever de casa antes da Copa.

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Li a entrevista do Abad ao Globoesporte.com, publicada hoje. Ficou difícil saber qual das duas iniciativas foi pior, se a da turma do Cacá ou a do nosso presidente. Parece um casal recém separado, que um sai falando mal do outro para a família e para os amigos. Por trás disso, um enorme ressentimento de ambas as partes.

Aí, a gente descobre que os noivos tomaram um porre e se casaram no mesmo dia em que se conheceram, com expectativas e propósitos totalmente diferentes. Com uma semana de relação, cada um tentava impor sua visão de casamento e as brigas, naturalmente, vieram com toda a força.

O que nós precisamos é discutir as soluções para os problemas do Fluminense e não ficar fazendo lavagem de roupa suja pela imprensa. Ao cabo da leitura das duas entrevistas, a única conclusão a que cheguei é de que não cheguei a conclusão nenhuma e nada do que foi falado agregou nada a mim, à torcida do Fluminense e, principalmente, ao clube.

Por mais respeito que eu tenha a ambas as partes, o Fluminense precisa amadurecer politicamente e isso passa por fazer menos política e focar mais nas ideias.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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