Suponho que você trabalhe. Afinal, não torce para time de vagabundos contumazes. RÁ! E se trabalha, faz uso, no seu dia a dia, das suas habilidades profissionais. Você pode não ser um virtuose no que faz, mas a vida lhe obriga a ser minimamente proficiente naquilo que faz. Senão, muito provavelmente, estaria no olho da rua, por pura incompetência.

Ok, há a possibilidade de você ser funcionário público.

Mas ai entra a tal da estabilidade que inviabiliza a minha comparação.

Eu adoro futebol. Ver e jogar. Mas se me metesse a ser jogador de futebol, eu morreria de fome.

Será? E se eu tivesse um grande empresário? Se ele fizesse um vídeo com minhas jogadas de craque? Será que eu, com meu metro e 85 não poderia estar atuando na zaga do Flu (Euzébio e Gum) ou na do Vasco (Jomar e José)? Poderia. Olhe para o seu time. Olhe pra qualquer outro no campeonato. Em qualquer um deles você achará nomes que jamais poderiam estar ali. Sequer no banco.

Já pensou que beleza? Um cidadão te elogiando, fazendo um vídeo mostrando como você é um maravilhoso professor, engenheiro, cabeleireiro, gari, médico. Vídeo mostrando suas varridas. Vídeo mostrando como você curou a gripe de uma celebridade. Você diante do prédio que ajudou a construir.

Na “night”, aborda a moçoila: “eu devia te contar que eu sou ótimo em relações, mas tá aqui o cartão do meu empresário e meu clip de 10 minutos com minhas práticas favoritas. Você não vai resistir.”

É a isso que estamos assistindo. Ou os técnicos – Dorival e Luxemburgo, por exemplo – são completamente cegos, loucos e incompetentes ou são forçados a escalar algumas dessas beldades que vemos em campo. Não preciso dar nomes. Tem gente que não merece sequer treinar, quanto mais vestir a camisa de clube de futebol. Mas essa gente está aí, ocupando o espaço de atletas que mereciam aparecer e arruinando nosso futebol com um desfile de porcarias. Salários faraônicos gastos com gente que vem denegrir a nossa camisa com uma mistura desagradável de exibicionismo, irresponsabilidade – mulheres, goró ou coisas piores – que impedem o surgimento dos craques verdadeiros do nosso futebol.

As vezes me pergunto aonde teríamos chegado em termos de títulos mundiais, se essa praga chamada Lei Pelé existisse antes. Tudo o que ela fez foi tirar a grana e o passe dos atletas e repassá-los a investidores. Acabou de quebrar os clubes (não estou comentando sobre as roubalheiras que conhecemos) e deixou-os reféns de gente que não gosta de futebol. Gosta de dinheiro.

Em algum momento isso vai mudar. Creio eu, quando clubes menores, com administrações decentes, passarem a contratar jogadores e treinadores esquecidos por não pertencerem a fulano ou beltrano ou a um pool de investidores, como os pedantes gostam de dizer, e a bater nesses sacos de gatos que viraram os times grandes do Rio. A exceção talvez seja o Botafogo.

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Espetáculo deprimente, mais uma vez, patrocinado pela (não) torcida do Botafogo de Futebol e Regatas. Eu imagino o que seja jogar direito o ano inteiro, ir encarar um arqui-rival numa temporada de baixos e baixos e, ao sair do vestiário, dar de cara com ninguém. Ser abandonado pela torcida. É o fim.

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Gol antológico de Neymar contra o Real Madrid. Já o vimos fazer isso algumas vezes. Quando os marcadores e o goleiro pensam em se posicionar para marcá-lo, já saiu de seus pés um tótózinho por baixo de um mar de pernas, rumo ao canto distante do gol. Brilhante!

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O fim do ano será tenso, irritante e preocupante… Meu otimismo está se esvaindo.

Panorama Tricolor

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Foto: reprodução