Aviso: esta coluna é pessimista e contém trechos que podem desagradar a maioria. Se você não tem a intenção de pegar nojo da minha cara, pare a leitura por aqui.
O Galo está virando SAF. E com essa mudança, a gente descobriu uma coisa que todo mundo já sabia: que o torcedor não tem nenhuma voz dentro de um clube de futebol.
Esse papo de que a torcida é soberana, que tem de ser respeitada, vai até a porta da sala de comando.
Ali dentro, onde as decisões são tomadas, é lugar para os “torcedores ilustres”. Para os milionários que “amam o clube de verdade”.
Amar o clube de verdade não é sacrificar parte do seu salário mínimo para comprar camiseta em barracas de pirataria. Ou se sacrificar durante o mês para comprar um ingresso de mais de R$ 100.
Amar o clube de verdade, é emprestar dinheiro, é financiar contratos de jogadores que pouca ou nenhuma identificação tem com clube ou torcida, que vão ajudar a vender camisas aos mesmos torcedores que eu citei acima.
Resultado em campo?
Importa pouco. O que importa é a garantia de que o investimento vai ter retorno. Afinal, amor sem sustento vira sofrimento.
Depois este jogador vai embora, deixando para trás, dívidas trabalhistas, processos na justiça, e uma ou outra boa partida.
“Aqui ele não deu certo, porque a torcida pegava muito no pé…”
Então chega uma hora em que, para atender aos caprichos dessa torcida soberana que só sabe cobrar e usar produtos não licenciados, é que entra em campo os torcedores ilustres, carinhosamente apelidados de mecenas, mas também chamados como “solução para o clube”, “homem forte”, e até de “aquele que não depende do clube”.
Eles precisam salvar o clube das dívidas bilionárias geralmente causadas por suas próprias gestões irresponsáveis ou negociatas ridículas (necessitaria de um pouco menos de juízo para dizer criminosas).
Ah, a SAF…
Dinheiro que entra. Um horizonte promissor de títulos, conquistas.
E maior garantia de retorno do dinheiro investido.
O torcedor comum, aquele de arquibancada, agradece aos verdadeiros torcedores, “os ilustres”, por cuidarem com tanto carinho do clube.
Em tempo, respeito quem comunhão da ideia da SAF. E acredito que para a implementação de um sistema como esse no Tricolor, há de se ter muito estudo, muita conversa, e muita, mas muita cautela mesmo.