Um jubileu de triste memória. Há 25 anos, no final de 1998, o Fluminense acabara de protagonizar o maior vexame de sua história: o rebaixamento à terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Repórter da antiga Agência Sport Press àquela época, eu era setorista do clube que sempre amei. De meus olhos, brotavam lágrimas contidas por força da profissão.
Sofria vendo o campo das Laranjeiras (no qual, de pertinho, assisti treinarem Paulo Cézar, Rivellino e companhia) transformado quase que num matagal. O clube estava no CTI, e somente se salvaria da morte graças à paixão de sua torcida e à abnegação de Francisco Horta, Carlos Alberto Parreira e outros heróis.
Lembro que num desses dias de chumbo, sentado na arquibancada social de nosso histórico estádio, à espera do início do treinamento, comentei com um companheiro de profissão, que nutria igual amor pelo Tricolor: “Cara, isso que o Fluminense está nos fazendo passar, só será apagado, perdoado, se algum dia ele for campeão do mundo.”
Pois bem, o tempo passou. As brincadeiras, as ironias, as sacaneadas continuaram por décadas, vomitadas pelos rivais. As vacas magras se alternaram com as gordas; conquistamos três vezes o Brasil e, agora, a América. E aquele meu desabafo adquire um tom profético.
Se a nível continental experimentamos uma reparação histórica com esse sonho lindo que foi ganhar a Libertadores, porque não esperar o mesmo na esfera mundial? Como diria Zagallo (campeão carioca de 1971 pelas nossas cores), faltam somente dois jogos.
Tenho certeza de que, não somente para mim, a dívida estará paga. O calvário pelo qual passamos servirá para valorizar ainda mais a nossa redenção. É uma missão difícil? Sim, muito. Improvável? Talvez. Mas o Fluminense é enorme, nasceu para a glória. Não nos esqueçamos disso jamais.