Um dia, o Fluminense teve um dos maiores times de todos os tempos.
Era conhecido como a “máquina de jogar bola”. Com o tempo, simplificaram para “A Máquina”.
E bote máquina nisso. Quase 37 anos depois, ainda é falada como nunca.
Simplesmente a seleção brasileira em campo com as cores do Flu.
Há os que contestam o brilho da Máquina, tudo questão de preferência. “Não ganhava nada”. Nada?
Naqueles tempos, o campeonato carioca era mais importante do que o brasileiro. Muito mais. No Rio de Janeiro, só se passou a falar de campeonato brasileiro em 1980. Adivinham por quê?
E a Máquina tripudiou dos seus rivais do Rio sem dó. Bicampeã de terra, mar e ar.
Num brasileiro, 1975, perdemos para um dos maiores times do futebol brasileiro, o Inter de Figueroa e Falcão, no mata-mata. Noutro, 1976, para o Corinthians. Os dois times, Inter e Corinthians, decidiram o brasileiro de 1976. Não chegamos por um triz, ficamos nos pênaltis.
No jogo do Maracanã, semifinal contra os mosqueteiros, abrimos o placar com Pintinho, eles reagiram com um golaço de Ruço, volante guerreiro que era conhecido como “Beijinho Doce” por jogar beijos para a torcida na comemoração dos gols. Tempos românticos, de jogadores simpáticos, que cumprimentavam as pessoas na rua – pareciam realmente seres humanos, não as máquinas de marketing de hoje, com seus seguranças e festinhas cheias de cavalos e anões.
E Ruço parou a Máquina com sua humildade e seu golaço.
Ela, Máquina, continuou para sempre no imaginário e no coração dos tricolores.
Já os corinthianos ainda experimentaram mais um ano de dor que só seria aliviada no ano seguinte.
Ruço ainda seria um inesquecível campeão pelo Corinthians em 1977. Depois rodou clubes, terminou de forma humilde, honesta, simples. Tudo bem longe do futebol atual.
Ontem, José Carlos dos Santos, o Ruço, faleceu aos 63 anos, em Irajá. Tudo bem longe do brilho daquela tarde chuvosa de 1976, quando Fluminense e Corinthians ganharam os olhos e ouvidos do continente inteiro.
Ruço parou a Máquina. A vida parou Ruço. Enquanto meus olhos de criança não param, Ruço e a Máquina são imagens eternas.
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor/ FluNews
@PanoramaTri
Contato: Vitor Franklin
Estava nesse jogo, acho que foi o mais marcante da minha vida, junto com a final da libertadores
caro Andel, grande texto, dos que nos fazem sentir saudade de tempos nao vividos.
abraçoes,e ST
luciano
Jogão. Vi pela TV. Um primeiro tempo com domínio do Flu e um segundo com domínio da chuva. Ficamos anos repetindo: não fosse a chuva, não fosse a chuva, não fosse a chuva…