Qual é a roupa tricolor? (por Claudia Barros)

Para que servem as roupas? Em tese, para proteger a espécie das intempéries, uma vez que tem a função de cobrir o corpo.

Significada pelas várias culturas humanas, a roupa além de indumentária, ganhou apropriações múltiplas associadas a questões como divisão social, gênero, idade, hierarquia, religião etc etc, etc.

Independente das suas variações, escolher a melhor roupa para a ocasião adequada é uma expectativa gerada na maioria das pessoas que divide uma cultura ou um ambiente.

Dito isso e falando em expectativas, pergunto. E o Fluminense? Com que roupa tem ido aos seus eventos?

De antemão aviso que não há trocadilho aqui. O manto tricolor é, sem dúvida alguma, o mais bonito que eu conheço. É belo, harmônico e perfeito!

Então, quando pergunto com que roupa o Fluminense tem ido aos seus eventos, quero dizer que mesmo vestido com o mais lindo manto, ainda assim, há possibilidades de adaptações. Ah, as tais adaptações tão cobradas e esperadas pelos torcedores tricolores.

Com que esquema tático, com que peças técnicas e com espírito o time tem entrado em campo?

Essa é a reflexão!

Invariavelmente, independentemente do torneio, do horário, da vantagem ou da desvantagem e a despeito muitas vezes das condições físicas dos seus atletas, o Fluminense tem repetido o esquema, ainda que com variadas escalações (ou não tão variadas assim).

Vamos fazer um exercício sobre esquema e escalação tricolor nos últimos sete jogos, o que inclui as finais do Carioca, Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão.

Tabela 1 – Últimos 7 jogos do Fluminense – 15/05/2021 a 09/06/2021

Fonte: GE

O técnico Roger Machado usou 22 jogadores nos últimos sete jogos do Fluminense. Alguns ganharam espaços no time recentemente, a exemplo de Samuel Xavier que se firmou a partir do jogo de volta contra o River Plate, em substituição a Calegari. Ganharam espaço no time também Caio Paulista e Gabriel Teixeira.

Olhando os números e os dados friamente, parece que o técnico encontrou não apenas seu time ideal, como os substitutos também ideais.
Senão, vejamos. Dupla de zaga titular com Nino e Luccas Claro, com substitutos à altura, como foi Manoel na ausência do Nino, convocado para a seleção olímpica. Certo? Certo!

Na nossa lateral esquerda, Egídio, titular absoluto. Jogador experiente, com alto poder ofensivo e preciso nas coberturas. Certo? Errado! Egídio tem deixado de forma contumaz uma verdadeira avenida na lateral esquerda do Fluminense, sendo presa fácil para os adversários e expondo perigosamente a defesa tricolor. Seu substituto até aqui usado por Roger, é Danilo Barcelos. Voluntarioso, talvez seja melhor na cobertura, mas tem poder ofensivo questionável e, nesse caso, o balanço não fecha. Num esquema em que o adversário sempre tem a posse de bola, como é o caso deste que o Fluminense pratica, o bom desempenho defensivo deve estar aliado à capacidade de apoio ao ataque. Quem poderia ser testado para fazer essa função completa no Fluminense, hoje? Ou melhor, quem poderia ser alçado ao time principal?

E quando a questão está no meio de campo? Ah, o Fluminense tem o vovô on, Nenê.

Experiente e “garçom”, cumpre sua função. Certo? Errado!

O esquema armado por Roger pressupõe, quando o Flu recupera a bola, o Nenê livre, flutuando entre os ótimos Yago Felipe e Martinelli (que lhe dão cobertura quase em tempo integral) e os atacantes. Sejam os que entram pelas laterais, ultimamente Caio Paulista e Gabriel Teixeira, seja a referência na frente, Fred.

 

 

Eis aí um dos principais problemas do esquema do Roger. Na prática não funciona. A pressuposição não se confirma. Sabe por quê? Porque Nenê não é, pelo menos nesse momento da carreira, o jogador leve, fluido, rápido e efetivo que se o esquema pressupõe. Nenê se mostra lento, pesado, indeciso, centralizador e mandão. O resultado disso é a dupla de volantes sobrecarregada, os escapes dos atacantes natimortos e o poder ofensivo do Fluminense praticamente aniquilado. Exceção se faz quando o individual se sobrepõe ao coletivo ou quando os volantes ou os laterais encaixam boas escapadas.

Mas mesmo com o perceptível esquema amarrado, Roger não muda de roupa.

Tem feito trocas ao longo dos jogos, muitas, por sinal. O rodízio geralmente inclui as entradas de Luiz Henrique no lugar de Caio Paulista; Kayky no lugar de Gabriel Teixeira; Abel Hernández no lugar do Fred e, Cazares no lugar do Nenê.

Os garotos Luiz Henrique e Kayky entram, via de regra, já no sufoco, pra dar resultado as vezes num esquema manjado e neutralizado pelos adversários. Também, geralmente, com o combalido Nenê ainda em campo.

Os garotos ainda encontram em campo um Martinelli e um Yago exaustos, com visíveis desgastes físicos, o que lhes tira, muitas vezes, a capacidade de melhorar o desempenho do time.

Em suma: pode fazer o rodízio que quiser, pode variar escalações, pode botar sangue novo e descansado, mas enquanto o esquema depender de um jogador que não rende em campo, o Flu padecerá de um sofrimento desnecessário.

Roger dá sinais de que vai poupar alguns jogadores no próximo jogo pela 3ª rodada do Brasileirão. É o tira-teima da melhor de 3 contra o Bragantino. Eles estarão em casa, nutridos pelo retorno do ótimo Claudinho e mordidos pela desclassificação na Copa do Brasil.

Nós estaremos como? Com que esquema? Com que peças? Com que roupa?

A torcida pede postura combativa, mudanças e aprimoramentos.

E finalizo lembrando Nelson Rodrigues: “Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão.”

Nota 1: destaco as constantes atuações de Yago, Martinelli e Gabriel Teixeira. Muita regularidade e entrega.

Nota 2: minha satisfação ao ver que uma mulher narraria o jogo do Fluminense contra o Bragantino, pela Copa do Brasil, no último dia 09 de junho de 2021. Trata-se de Natália Lara, “locutora, narradora e radialista”, como se intitula, fazendo história e quebrando sarrafos.

1 Comments

  1. COM A FLU SÓCIO E MESMO A INGRATIDÃO AO GRAVATINHA EXERCIDA SEM CERIMÔNIA, POIS, HAJA SIDO O MÓVEL A CATAPULTAR – NOS À VITRINE DESSA LIBERTADORES, ENTÃO, UMA FOLHA DE JORNAL SERIA A VESTIMENTA E INDUMENTÁRIA N’UMA LEMBRANÇA A FAZÊ – LOS MUDAR AS DIRETRIZES E DE FATO IMPULSIONAR ESSE MÁRIO A IR À LUTA NA MUDANÇA DE CONDUTA..HOJE..

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