Fluminense 2 x 0 Bragantino – O trabalho do Roger apareceu (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, são três partidas seguidas com o Fluminense jogando um futebol de alto nível contra três adversários de respeito: River Plate, São Paulo e Bragantino.

Pela terceira vez seguida o Fluminense foi não só melhor em campo, mas foi muito melhor. O Bragantino criou duas oportunidades de gol durante 90 minutos, sendo que na segunda delas Marcos Felipe fez defesa espetacular após cabeçada a queima-roupa.

Enquanto isso, o Fluminense, senhor absoluto do jogo, diante de um adversário temível, teve chance de matar o duelo após o segundo gol, mas Roger voltou a falhar nas substituições. Talvez um dia Roger perceba que a troca correta não é de Nenê por Ganso ou Cazares, mas por Kayky ou Luis Henrique, trazendo Gabriel para o centro, fortalecendo o nosso centro gravitacional.

Sim, nos últimos jogos o nosso centro gravitacional tem sido o meio de campo, aleluia! Graças a atuações muito consistentes de nossa dupla de volantes, mas hoje, especificamente, Yago e Martinelli foram formidáveis. Não tenho nem palavras para descrever o que fizeram esses cavalheiros na noite de ontem.

Ao mesmo tempo, nossos laterais, Egídio (acreditem!) e Samuel Xavier, fizeram partida irretocável, enquanto nossa dupla de zaga não comprometeu e fechou a porta para o ataque do Bragantino. Nenê foi outro que não comprometeu. Buscou o jogo e, a partir dos 20 minutos do primeiro tempo, conseguiu acertar seu posicionamento em campo.

Caio Paulista parece um bólido dentro de campo. Vem sendo fundamental no ganho absurdo de intensidade do Fluminense nas últimas partidas, enquanto Gabriel cada vez mais flutua pelo campo, sendo uma espécie de quarto homem de meio de campo, que parece estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

Aliás, que lucidez do garoto no lance do primeiro gol ao preferir o passe ao chute, encontrando Fred livre. Aliás, falando em Fred, a movimentação do artilheiro vem sendo fundamental. Com inteligência, tirou a referência dos zagueiros do Bragantino o tempo todo, e foi assim que abriu caminho para o primeiro gol, passando e se posicionando com maestria para receber a devolução e fazer aquela finalização de chapa, consciente, implacável.

Entrou em seu lugar Abel Hernandez, que pressionou o homem da bola e se deslocou para receber passe precioso de Yago para marcar o segundo da vitória tricolor com um toque de rara categoria. Não é de hoje que Abel vem dinamitando impiedosamente minhas desconfianças acerca de sua contratação.

Vão dizer que o Bragantino se ressentiu da ausência de Claudinho, seu principal jogador, homem de criação e primoroso finalizador. Eu concordo, assim como concordo com o peso das ausências de Benitez e Daniel Alves no sábado, no jogo do São Paulo, e com o peso da convalescência da Covid de parte do elenco do River, na magistral vitória pela Libertadores.

Atribuir a esses fatores, e só a eles, a superioridade tricolor, três vezes seguidas, me parece, no entanto, uma análise muito ruim. Tudo deve ser considerado em uma análise, para que ela não seja parcial, mas é impossível negar que o Fluminense chegou, nos últimos jogos, à sua melhor versão no mínimo nas últimas duas temporadas.

E devemos reconhecer o trabalho de Roger em um time que passou a progredir assustadoramente em suas apresentações. O time se compactou, ganhou uma movimentação ofensiva difícil de marcar e voltou a ter um sistema defensivo fortíssimo, nossa marca em 2020. É muita coisa diante do que víamos há cerca de duas ou três semanas atrás.

O Fluminense melhora a olhos vistos sua saída de bola, tem variações de jogadas e se tornou um time difícil de marcar, totalmente despido daquela previsibilidade que nos incomodava, e muito disso se deve à presença de Gabriel, que fez até Nenê e Egídio crescerem nos jogos.

Amigas, amigos, Fluminense e Bragantino era visto como o duelo mais duro dessa fase da Copa do Brasil, embora eu veja Ceará e Fortaleza com igual dificuldade, mas o jogo de hoje fez parecer que a classificação do Fluminense é algo bem mais simples do que poderiam sugerir as evidências.

Eu vi o massacre do Bragantino na Chapecoense e posso garantir que o Fluminense anulou completamente um adversário indigesto, o que já não é mais novidade se levarmos em conta os últimos dois jogos. Poderíamos ter matado o jogo, mas é difícil imaginar que, jogando dessa forma, o Fluminense não carimbe sua vaga no jogo de volta. Oxalá seja assim!

A sensação com o que o Fluminense vem fazendo em campo é de uma alegria imensa de quem acordará no domingo ansioso para ver mais um show do Tricolor às 11 da matina.

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Eu não sei se o Fluminense vai receber R$ 15 milhões ou R$ 16 milhões, se é anual ou bianual, se tem possibilidade de aumentar ou não esses valores, pelo patrocínio máster.

O que eu tenho dito desde há muito tempo é que, exceto ocorra uma parceria revolucionária, tipo Crefisa, não se pode esperar muito de um patrocinador máster ou não máster na atual conjuntura da economia e do futebol brasileiro.
A única crítica que tenho a fazer é a venda do patrocínio máster como uma espécie de panaceia. É apenas mais uma receita, que deve ser celebrada, mas que não vai resolver nossa situação econômica e financeira.

Precisamos dar passos mais ousados, fora da caixinha, para que o nosso Tricolor possa virar a mesa nesse jogo de cartas marcadas que é o futebol brasileiro.
É sempre bom repetir a importância do projeto Laranjeiras 21 e da busca por parcerias que injetem investimento no clube, principalmente aproveitando o momento atual, em que combinamos resultados com a força de ativos valiosíssimos, que estão espalhados por todos os milímetros de gramado de Xerém e do CT profissional.

Precisamos tirar das nossas costas a pressão da dívida de curto prazo, combinando redução da dívida e investimentos. E isso requer ousadia, visão e planejamento.

Toda e qualquer restrição à forma de atuar da atual gestão tem sido expressa aqui, mas os olhos estão abertos também para o que for feito de positivo. Como não faço, nem nunca fiz, parte de grupos ou projetos políticos, torço para todas as gestões do Fluminense indiscriminadamente, porque o sucesso delas é o do clube que amo e ao qual dediquei cada minuto de quase uma dezena de anos da minha vida.

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Não tem como não dedicar a vitória desta quarta ao formidável Januário de Oliveira, a voz que embalou tantas noites de domingo nas memoráveis reprises da TVE.
A narração de Januário nos obrigava a rever vitórias, empates e derrotas com o mesmo entusiasmo dedicado às tardes um pouco antes vividas na arquibancada do Maracanã.

Obrigado Januário de Oliveira por ter feito parte da minha experiência na Terra!

Queria aproveitar, ainda, para estender minha homenagem à minha tia Cecília, que faleceu na semana passada, deixando como legado as melhores lembranças de uma existência contagiante. Acho que o termo “contagiante” define tudo e dispensa maiores palavras, até mesmo para a noite de ontem, que bem poderia ter sido narrada pela voz festiva de Januário de Oliveira.

Todo poder ao Pó-de-Arroz!