Como previsto, a sorte acabou. As deficiências da equipe do Fluminense finalmente cobraram seu preço e Roger Machado não parece ter entendido o porquê. Na coletiva de imprensa, o treinador disse que o time caiu após a saída de Nenê e Fred, demonstrando uma visão de jogo descolada da realidade. A equipe é a última na estatística de posse de bola no campeonato Brasileiro, o que enfatiza muitos de seus problemas.
O que os jogadores de Roger Machado realizam em campo está longe de ser um futebol reativo. Treinadores dessa linha, como José Mourinho e Diego Simeone, se assustariam ao ver o Tricolor receber tal alcunha. O que o Fluminense pratica hoje é uma verdadeira retranca. Isso pode ser observado nas chegadas ao ataque, repare que sempre se apresentam no máximo quatro ou cinco jogadores para finalizar. Um princípio básico que é seguido quando esse estilo é aplicado, é o de aproveitar ao máximo as poucas chances criadas. O Leicester campeão da Premier League, que tinha características defensivas, sempre chegava forte quando subia, sabendo que não teria tantas chances, contra times de maior investimento.
O cenário fica ainda pior quando o treinador insiste em manter sempre dois jogadores lentos na parte ofensiva, algo que sobrecarrega os defensores e inviabiliza ainda mais os contra-ataques. Estamos tendo uma das últimas temporadas de Fred e percebe-se a sua insatisfação com a situação, já que nas condições atuais não pode ajudar o time tanto na criação.
O mínimo que peço de Roger Machado é coerência com suas ideias. Use o melhor de cada jogador e não force a atuação constante de alguns por nome e prestigio. Se a ideia é ser defensivo, que monte uma equipe que saiba explorar os espaços do adversário com precisão. O nosso elenco é um dos sete melhores do país e não podemos depender só da criação individual jogadores e de bolas paradas. O time precisa mudar e ter ideias concretas de jogo, para não dependermos só da mística de João de Deus e Gravatinha na Libertadores.