Reforço x contratação: uma coluna que se repete (por Paulo-Roberto Andel)

“Deixa o homem trabalhar.”

Começou o período mais detestado pelos torcedores, que é quando acontece o recesso do futebol. E de certa forma dos cronistas também, mergulhados no dilema entre tirar merecidas férias ou dissecar fofocas diárias até saber o que se espera do Fluminense em 2022.

Pelas movimentações e pelo que já conseguimos, o Flu, quero dizer, sua direção ficará satisfeita em “pintar o sete”, confirmando sete contratações que, para muitos, já são reforços. Permita-me discordar: uma vez confirmados, serão sete jogadores contratados, sendo nenhum deles indicado a priori para mudar significativamente o padrão de atuações do Tricolor.

(print Globoesporte)

É importante a análise sobre o cast anunciado, assim como é importante que os atores de opinião da torcida tricolor se posicionem a respeito. Por mais que seja justo e razoável aguardar que os contratados mostrem serviço em campo, a avaliação prévia é dever de quem pretende formar opinião. E justamente por isso, entendo que o Fluminense fez ou está para fazer contratações, mas não se pode dizer que se reforçou, talvez com uma ou duas exceções caso confirme o pacotão dos sete. Sem tacar pedras e sem o discurso de Pollyanna, vamos lá.

Contratou um veteraníssimo volante reserva para provavelmente barrar, deslocar ou abrir mão da revelação do campeonato, ou ainda para jogar como terceiro zagueiro tendo outros seis ou sete nomes no grupo. Um lateral esquerdo destro e um bom meia/homem de ligação/de chegada à frente, embora também reserva e veterano. Não dá para cravar hoje que nenhum dos três será titular inquestionável, e não seria surpresa se qualquer um deles ficar barrado pelos titulares da temporada 2021.

Dos quatro encaminhados, a maior dúvida fica por conta do lateral Cristiano, que teve uma carreira medíocre até recentemente se destacar na primeira fase da Champions League, embora não a ponto de ser cobiçado por times de expressão da Europa. E, talvez, a maior confiança pertença a Cano, ainda que na descendente da carreira, mas talvez capaz de imprimir garra num setor que ficou sem Hernandez, Bobadilla (que nunca estreou de verdade) e tem os capítulos finais da carreira de Fred.

E como foi elaborada a lista de contratações? Por quem? Abel? Scout? Ou seria um velho conhecido do Tricolor, o departamento de Urambol? Os salários e prazos de contrato são compatíveis com o discurso do presidente a respeito do saneamento das finanças tricolores? Foi avaliada a relação custo x benefícios de cada um dos contratados ou encaminhados?

Mesmo com dúvidas e críticas, normais em qualquer grande clube, o possível novo elenco do Fluminense pode dar liga com a confirmação das sete contratações?

Pode. Às vezes acontece no futebol. O próprio Flu 2020 aí esteve como exceção à regra, mas não tem dado muito certo desde 2013. Seguimos torcendo.

Aliás, uma outra pergunta: qual foi a última vez que o Fluminense contratou um jogador – ou alguns – que todos olhávamos e dizíamos “esse vem para melhorar o time mesmo!”?

Enfim, são muitas as dúvidas e o trabalho de Abel está apenas começando. O tempo dirá sobre acertos e erros. Mas não custa lembrar que, em temporadas anteriores, Lukão do Break, Lucca, Felippe Cardoso, Júnior Dutra, Ewandro, Kelvin e outros foram anunciados com grande pompa para depois se perderem no esquecimento. Os prejuízos econômicos e esportivos foram grandes. Não se trata de comparar estes nomes do passado recente com o presente, mas de refletir sobre o que realmente é um reforço.

Espero sinceramente que em 2022 suceda o contrário. Assim seja. No mais, se este for o último ano do PANORAMA, que seja grandioso.

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2 Comments

  1. Dava para se reforçar melhor, de forma equilibrada, sem expor o orçamento, mas não sei aborrecer o “vice de futebol de fato”, o Uram.

    Precisávamos de um goleiro para disputar posição com o Marcos Felipe e que fosse melhor em cobranças de penalti.
    Samuel é um lateral razoável e Calegari estava improvizado e se saiu melhor, inclusive que o Martineli no meio, Marlon foi uma boa surpresa e poderia se o nosso reserva. Assim precisáriamos de um lateral direito e esquerdo para serem titulares.
    Na zaga, temos em excesso. Antes de contratar deveríamos aguardar as saídas de Matheus Ferraz e…

  2. A diretoria mudou a estratégia desse ano. Ano passado teve a ‘brilhante’ ideia de contratar jogadores de um time que caiu para a série B, o Cruzeiro. Esse ano a ideia era contratar jogadores de um time que conquistou a Libertadores, o Palmeiras. Ou isso, ou ano passado foi o ano do azul e esse ano o ano do verde e aí pensei que fosse contratar o Cuca, que é extremamente supersticioso.

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