Num momento em que parte considerável da vida humana está em risco, o mundo está parado, trancafiado (menos do que deveria) e triste. É a questão maior, indiscutivelmente.
Não há o menor clima para se priorizar debates corriqueiros sobre futebol neste momento, a não ser para quem não tem nada a dizer além do esporte.
A Terra está paralisada.
Por isso, aqui mesmo temos tido uma programação bastante restrita. A vida humana é o bem mais precioso e vem em primeiro lugar.
Não somos piores do que ninguém, honestamente somos melhores do que vários e, sinceramente, somos diferentes de todos.
Contudo, dentre todos os assuntos que afligem a centenas de milhões mundo afora, o futebol faz muita falta porque é uma das mais divertidas num mundo com tantas mazelas. E, claro, o Fluminense, amor de muitos, é tanto vítima do processo caótico como ator principal no sentido de dar algum sentido às vidas de milhões de torcedores. A própria TV tem ajudado com as reprises de grandes jogos tricolores.
Porém, é inevitável pensar que a crise econômica, que já batia forte nas Laranjeiras, será ainda muito mais aguda nos próximos meses. Sem dinheiro, sem jogos, sem receitas, o Fluminense terá que cortar um dobrado para atravessar a tempestade do Covid19. Neste momento a prioridade única deve ser a do isolamento social para preservar a todos, mas depois as ações voltam a acontecer.
O que será que tem sido feito?
Independentemente das críticas que sofresse antes, muitas delas merecidas por sinal, a diretoria tricolor tem um rabo de foguete nas mãos que jamais se viu. Afinal, o Fluminense nunca passou por um aperto tão grande em sua história. Na Primeira Guerra Mundial o futebol era amador; na segunda, os custos eram insignificantes em relação a hoje. E justamente por estar diante de um momento extremamente delicado, a direção tricolor vai precisar de ingredientes que não teve antes da crise mundial: humildade, diálogo e maturidade.
Quando a tempestade passar, e lutar contra ela é o principal, e todos precisamos muito disso, o que será do Fluminense?
E da nossa torcida?
Até quando a política tricolor será conduzida basicamente por adesismo, traições e casuísmo barato, parada nas piores práticas? Ou por internautas que mais parecem robôs a serviço da mediocridade e da mesquinharia?
O que será feito para reduzir os danos de uma trágica situação mundial em relação ao futebol?
Como sobreviver de forma digna a uma tragédia que abalou definitivamente a economia mundial e, claro, levando o futebol junto?
São questões muito difíceis e que vão exigir extrema competência no poder de decisão. Quem manda precisa pensar e pensar muito. Depois do Covid19, ninguém vai conseguir resolver situações dramáticas com boquirrotagem, tuítes e entrevistas lacradoras – já não resolvia antes, por sinal.
Não sabemos o que exatamente acontecerá quando o futebol voltar, mas uma coisa é certa: o Fluminense sobreviverá mas também precisará ser repensado num todo. O momento futuro exigirá uma completa modificação nas relações que constituem o universo tricolor. É um dever de todos, não apenas dos que possuem o poder constituído por ora, mas estes vão precisar mostrar o que até então não fizeram: o exemplo.
Note-se que estas linhas se encerram sem um único nome pessoal, por motivo justo: quando se trata de Fluminense, as causas devem estar acima de qualquer pessoalidade. O legendário escudo e as três cores de glória se sobrepõem a qualquer pessoa física e jurídica. O triste momento que vivemos hoje oferece algum tempo para que todos reflitamos sobre tudo isso. Trata-se de uma causa.
Panorama Tricolor
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