Recordar é sobreviver (por Daniele Brandão)

Foi com o sorteio da próxima rodada da Copa do Brasil que fiz mais um mergulho no Cedoc da mente.

O dia era 28 de agosto de 2013, pela mesma competição, contra o mesmo Goiás – a primeira vez que eu entrava em um estádio, justamente o Serra Dourada que sempre quis conhecer. Foi meu presente de aniversário na época; vinte anos feitos dias antes e um rito de passagem à altura, para marcar uma nova fase na vida.

A animação da viagem e a expectativa que só aumentava a cada canto entoado pelo grupo no ônibus. Eu me sentia, finalmente, integrante de uma torcida. Os vídeos e fotos, lembranças quase materiais, seguem guardados com todo o cuidado que merecem.

O resultado foi ruim, mas teve menos importância do que deveria… Para mim, a experiência de estar presente na arquibancada, passando por todo aquele turbilhão de emoções que eu só conhecia do rádio, foi o que valeu. E também serviu para me ensinar a transferir as mesmas emoções para o papel e depois para a tela, embora ainda sem tanta fidelidade.

Em abril, provavelmente não estarei lá… A vida universitária me consome o tempo e o dinheiro. Mas o resultado será muito melhor desta vez, e em algum ponto do dial eu enxergarei o Serra Dourada e toda a sua vibração.

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Dia 17 de agosto de 2014, o presente que não aconteceu. Eu esperava poder ir ao clássico, mando do Botafogo no Mané Garrincha… Queria ver o Flu jogar outra vez, e por tabela conhecer a voz do rádio que liderou (ainda lidera, mesmo fora do ar) nas minhas preferências.

Tudo preparado, mas falhou e passei aquele Brasileirão em branco. Difícil não lamentar pelo botafoguense inconfesso que nunca consegui abraçar.

“Esta vai ser uma chuva de meteoros histórica. Dois corpos celestiais irão convergir pela primeira vez… Ou seja, se não se encontrarem agora, nunca mais se encontrarão. E então irão se apagar e morrer.” (Eileen, Regular Show)

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Voltar ao passado dos confrontos e seus placares, como fazem os pesquisadores, é justo. Quando a volta vai além da contagem de partidas entre os times que se enfrentarão logo mais, tirar a poeira do Cedoc provoca sensações confusas… Mas, mais do que só relembrar, faço isso para evitar me tornar insensível.

Panorama Tricolor

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