O Vasco e as acusações de racismo no futebol carioca.
1) O Vasco da Gama (e os vascaínos) repetem à exaustão que foram campeões cariocas da segunda divisão em 1922, ganhando o direito de disputarem a primeira divisão em 1923, tendo se sagrado campeões cariocas neste ano e seus jogadores pobres e/ou negros, tendo sofrido perseguição por parte da Liga Carioca, pelo motivo se serem pobres e negros.
2) O Vasco da Gama nunca foi campeão de divisão inferior carioca nenhuma, tendo chegado a disputar a primeira divisão em 1923, através de um aumento constante do número de participantes das divisões imediatamente acima :
– CAMPEONATO CARIOCA SÉRIE C 1916, VASCO, ÚLTIMO COLOCADO :
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj1916l3.htm
– EM 1917, O VASCO JÁ NÃO ESTÁ NA SÉRIE C :
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj1917l3.htm
– EM 1920 O VASCO ESTÁ NA SEGUNDA DIVISÃO, TERMINANDO EM QUARTO :
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj1920l2.htm
– EM 1921 JÁ NÃO ESTÁ NA SEGUNDA DIVISÃO E SIM NA TAL SÉRIE B, QUALIFICATÓRIA CRIADA NESTE ANO, TERMINANDO EM TERCEIRO :
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj1921l2.htm
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj1921.htm
– LISTAS DE CAMPEÕES CARIOCAS DA SEGUNDA E DA TERCEIRA DIVISÕES ;
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj2camp.htm
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj3camp.htm
– EM 1922 O VASCO TENDO CONQUISTADO A TAL FASE QUALIFICATÓRIA (SÉRIE B), PODERIA ASCENDER PARA A PRIMEIRA DIVISÃO SE GANHASSE O SÃO CRISTÓVÃO, ÚLTIMO COLOCADO NO CAMPEONATO CARIOCA, MAS O JOGO TERMINA 0 A 0 :
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj1922l2.htm
– EM 1923 O VASCO E O SÃO CRISTÓVÃO APARECEM NA PRIMEIRA DIVISÃO, QUE TEVE O NÚMERO DE PARTICIPANTES AUMENTADO DE SETE (7) PARA OITO (7) :
http://www.rsssfbrasil.com/tablesrz/rj1923.htm
3) Não foi por racismo a perseguição aos jogadores do Vasco, mas sim porque os seus falsos amadores, numa época em que o futebol era amador, com os jogadores dos outros clubes trabalhando no horário comercial, enquanto os jogadores do Vasco treinavam para terem vantagem técnica, tática, mas acima de tudo, física nos jogos, ganhando a maioria das partidas no segundo tempo, quando os atletas dos outros clubes cansavam, com os vascaínos alistando-os como empregados de firmas de empresários portugueses, que os pagavam para corrrem por eles enquanto os portugueses, que introduziram a escravidão no Brasil, ganhavam dinheiro em seus negócios, pos os jogadores dos outros clubes em geral eram sócios e/ou simpatizantes dos mesmos, alistando-se por amor (e não por dinheiro) aos clubes que defendiam, e tendo o mal comportamento dos atletas vascaínos sido provado pela Liga, esta pediu o banimento dos falsos amadores do time do Vasco.
A tal carta divulgada pelos vascaínos com prova de sua repulsa ao racismo, é sim, uma afronta à inteligência humana, pois não contém uma única linha a esse respeito:
Quando os vascaínos aceitaram as exigências da AMEA, perdendo a vantagem extra que tinham em seus jogos, retornaram para a Liga principal, simples assim.
A) A teoria racista (?) defendida por pesquisadores vascaínos ou simpatizantes é facilmente desmentida por pesquisas universitárias sérias, as quais indico para todos os que tiverem alguma dúvida a esse respeito:
– Tese de Mestrado da FGV (Fundação Getúlio Vargas) :
– Tese da USP (Universidade de São Paulo) :
http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/v13%20n1%20artigo8.pdf
– Livro A INVENÇÃO DO PAÍS FUTEBOL; MÍDIA, RAÇA E IDOLATRIA, Editora MAUAD, 2001.
http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_15/contemporanea_n15_03_Teixeira.pdf
Resumo
Este artigo pretende investigar a ocorrência de preconceito racial durante o Campeonato Carioca de Futebol do ano de 1923. A proposta é pesquisar nos jornais da época se há indícios de que o Vasco da Gama sofreu de fato por ter no seu time atletas negros e mulatos.
Palavras-chave: futebol, cultura, racismo, Vasco da Gama.
1923: investigação sobre a existência de racismo no noticiário esportivo carioca
João Paulo Vieira Teixeira | jpaulo.vieira@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
Jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Uerj.
Ed.15 | Vol.8 | N2 | 2010 – 29
1923: investigação sobre a existência de racismo no noticiário esportivo carioca
Introdução
O Clube de Regatas Vasco da Gama conquistou no ano de 1923 seu primeiro título de Campeão Carioca de futebol. O fato tornou-se um marco na história do esporte pois foi a primeira vez que um time formado por jogadores negros, mulatos e brancos pobres vencia o torneio mais importante da modalidade. O triunfo teria desagradado parte da sociedade e a resposta dos clubes das elites foi a criação de uma nova entidade para gerir o esporte e organizar as competições. A proposta era limitar a participação de jogadores que não comprovassem a condição de amadores. Para muitos, essa iniciativa escondia uma estratégia racista.
Este é um dos relatos descritos no livro “O negro no futebol brasileiro”. A obra do jornalista Mario Filho tornou-se a principal referência para os estudos sobre a formação do esporte no país. No entanto, o pesquisador Antônio Jorge Soares desenvolveu um relevante estudo questionando a simples adoção do livro como única fonte para as reflexões sobre o tema. Uma das suas principais críticas é a de que os estudiosos que seguiram Mario Filho recorrem ao livro como se o texto possuísse um retrato fiel dos acontecimentos e acabam por deixar de lado outras fontes, em especial as primárias, para uma confirmação do que está relatado nas páginas do clássico da literatura nacional.
Motivados por esta discussão acadêmica, pretendemos recorrer às páginas dos jornais cariocas de 1923 para investigar como foi feita a cobertura da imprensa escrita na ocasião. O futebol já ocupava espaço considerável nos jornais da época. A dúvida é se os periódicos destacavam este bom desempenho de uma equipe que surpreendeu a todos e até a questão do “amadorismo disfarçado” ou se preferiam apenas enaltecer a miscigenação racial. Por outro lado, será que há evidências de que o preconceito racial presente entre os dirigentes também vestia as páginas dos jornais?
Reconhecemos não se tratar de um tema inédito, no entanto, gostaríamos de tentar lançar um novo olhar sobre a questão. A proposta é esmiuçar a forma com que esta história foi contada à época. Saber como os jornalistas trataram do assunto. Quais os critérios utilizados para reportar o fato. Foi deixado algum resquício de racismo também na cobertura da imprensa?
A intenção é investigar se o passar do tempo fez com que os estudos posteriores criassem uma visão distorcida do fato, enaltecendo demais algo que invariavelmente iria acontecer (a participação decisiva dos negros no futebol). Como a imprensa da época cobriu o acontecimento? Será que se tinha a dimensão do que se passava ou o jornalismo carioca não deu a necessária relevância ao Campeonato do Rio de Janeiro de 1923?
(CONTINUA)
Alexandre Berwanger
Panorama Tricolor
Muito bom trazer esse tema para discussão, Alexandre. Esse assunto sempre me lembra a frase “uma mentira contada várias vezes vira uma verdade” porque até hoje tem gente que acredita plenamente que o Vasco foi o primeiro clube a ter um jogador negro.
Sempre estranhei o argumento de que os outros clubes criaram a AMEA por causa do Vasco. Eu vejo algumas incoerências, são elas: 1) Se o motivo da cisão na liga foi o time do Vasco e este era defensor dos seus atletas negros, por que o Vasco pediu para entrar na AMEA? Fiz uma pesquisa em jornais da época e descobri que o Vasco fez uma votação com os seus conselheiros para decidir se pediria para ingressar na AMEA. O resultado foi unanime. Todos os conselheiros votaram a favor do clube tentar sua vaga na recém-criada liga. 2) Se os outros clubes criaram outra liga devido ao time de negros do Vasco por que aceitaram a filiação do clube na AMEA? 3) Se o problema eram os jogadores negros e mulatos do Vasco, por que o Bangu, verdadeiramente o primeiro clube do Rio a ter jogadores negros, estava junto na criação da liga? Sem contar que outros clubes fundadores da Liga também já tinham tido jogadores negros e mulatos, como foi citado no seu texto.
Acho que a torcida vascaína tem sim do que se orgulhar quando o assunto é o negro no esporte brasileiro. Até onde eu sei, o Vasco foi o primeiro clube do Brasil a ter um presidente negro. Isso antes mesmo de ter um time de futebol. Só que a história contada da luta contra o racismo tem mitos, mentiras e argumentos inconsistentes.
parabéns por mais este belo artigo, sempre correto e HONESTO sobre os assuntos abordados.
Obrigado, Sergio!
Alexander Berwanger,
obrigado por suas pesquisas!
Falo nesta questão há anos!
Esta tese do Vasco ter lutado contra o racismo e ter sido o primeiro a aceitar negros é aquela história da mentira que é contada mil vezes vira verdade! Ganhou força quando Mário Filho escreveu o livro “O negro no futebol brasileiro!
Puta balela!
Pena que alguém tão pequeno como eu tenha que se manifestar sobre isso, Caldeira, e não os grandes profissionais da imprensa, que parecem preferir estorinhas em detrimento da História.
Exceto o do site supervasco que publica a tal carta prova que é uma aberração a inteligência humana, os outros links já estão ativos.
Sugiro COPIAREM os artigos universitários, pois em algum momento poderão ficar indisponíveis.
Creio que todos os links acima estejam ok agora. Podem verificar?
Alguns links são muito antigos e talvez não estejam mais ativos, mesmo, embora as teses universitárias possam ser pesquisadas fora da WEB por quem tenha interesse de se aprofundar no tema.
Os links para os textos não estão funcionando.
Walace, em alguns ou todos?