Quando a carne e o queijo do cheeseburger… (por Antonio Gonzalez)

Quando a carne e o queijo do cheeseburger querem ser maiores do que o pão, alguém se lambuza! (por Antonio Gonzalez)

Não!

Nunca gostei, nem tive simpatia pelo Bangu, sentimento esse que nasceu na minha infância e se perpetuou na adolescência (principalmente por causa da ira do meu pai, em virtude de um perrengue que passamos JUNTOS em 1977, em Moça Bonita – posso dizer que tive a sorte de sair na porrada, eu tinha 15 anos, ao lado do meu pai), graças ao time que um dia foi treinado pelo argentino Alfredo Gonzalez e que tinha como escalação base: Ubirajara; Fidélis, Mário Tito, Luiz Alberto e Ary Clemente; Jayme e Ocimar; Paulo Borges, Cabralzinho, Ladeira e Aladim. Quase nada! Campeão Carioca de 1966.

Mas se o Bangu, nos seus auges futebolísticos, brilhava nos gramados, se devia também a ter fora deles, dirigentes com inteligência, testosterona e história. Pouco me importa, se a profissão deles era à margem da sociedade… dessa sociedade participativa (a que vira a cara para o lado e finge que não vê)… quem nunca fez ou ouviu falar de alguém que tenha feito uma “fezinha”?

O jogo do bicho, a contravenção e o mundo do samba, fizeram parte do pedigree e DNA do Advogado Castor de Andrade. Repito, quem sou eu para questioná-lo. Se alguém tinha que julgá-lo era a Justiça, que pelo visto, assim o fez. Se foi meio barro ou meio tijolo, com certeza, a culpa não foi minha.

Entretanto, o eterno patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, tinha um repertório de frases e feitos, que necessitam mais do que simples reflexão, as entrelinhas definem. A expressão: “CULPADOS SÃO OS QUE SE ESCONDEM E NÃO APARECEM NA HORA PRECISA” é certeira, pois traduz acima de tudo liderança, atitude, regência, hombridade, brio, nobreza e coragem. Virtudes que certamente não se encontram no intramuros da rua Álvaro Chaves, 41, nos dias que correm no que se refere ao Departamento de Futebol.

Apesar de passar longe dos “fast food” há algumas décadas – a dos “enta”, o final da minha infância e o início da minha adolescência foram vividos no Colégio Santo Inácio, onde o intervalo do recreio se dividia entre as quadras de salão, as cestas de mini Basquete, o campão de terra, as mesas de ping pong, além do que nos oferecia a lanchonete, nas obras de arte do Seu João, o mestre da chapa que produzia os lanches. Quem teve a sorte de passar por aquele espaço jesuíta, na rua São Clemente, nos anos 1970, certamente ainda sonha com o “mixto quente ou misto quente” da época – o correto é misto quente. Mas o carro chefe daquele Chapeiro pernambucano, era o cheesebuguer, tudo no ponto. Nunca esqueci do mantra que ele falava todos os dias: “A carne e o queijo do cheeseburguer, jamais podem ser maiores que o pão… é uma questão de equilíbrio entre as partes”.

E não é que ele tinha razão!?!?

Passados mais de 50 anos, aquela cantinela daquele homem nascido em Garanhus e que então morava no Morro Santa Marta, humilde porém um poço de sabedoria, voltou aos meus pensamentos.

Na sua sabedoria, mesmo semi-analfabeto, explicava que quando a carne e o queijo eram maiores que o pão, a pessoa que fosse comer iria se lambuzar, sujar às mãos, quadruplicar a utilização dos guardanapos de papel, por esse simples, porém decisivo detalhe.

Meus pouquíssimos leitores, a essa altura estarão se perguntando o que a “porra do cheeseburguer do Seu João” tem a ver com o Fluminense??? Eu respondo: TUDO!

A covardia, hoje reinante na gestão, permite que as figuras do Fernando Diniz e do Eduardo Barros (a carne e o queijo), sejam maiores do que o pão (o Fluminense), figura principal de qualquer sanduíche.

E a parada é tão devastadora que o Fluminense está se lambujando, principalmente num momento de forte diarreia. E vai faltar papel.

O problema do desempenho do futebol tricolor não nasceu há 10 ou 15 dias, nem há um ou dois meses. Hoje são 18 de junho de 2024, ou seja, há mais de seis meses que o Fluminense do Diniz, não faz uma partida convincente. E não me venham falar da Recopa, pois todos sabemos o que durante 60 minutos sentimos e sofremos naquela noite de 24 de fevereiro no Maracanã. E, sem milongas ou milongueiros, para nada estou menosprezando a conquista. Pelo contrário, vibrei como o que mais!

Isso é fato!

Portanto, quando sou obrigado a ler a matéria de hoje do Globo.com, onde as derrotas são direcionadas a jogadores, entre eles o Fábio, chego à conclusão que isso se traduz numa excessiva dose de covardia, da mesma patifaria instalada pelos discípulos do ex-Presidente Peter Siemsen (alguns deles continuam trabalhando e ganhando dinheiro no clube, até hoje) a partir de Janeiro de 2012: a mesma velhacaria de terceirizar culpas, advindas sempre da, hoje parisiense, Comunicação do clube.

E entre os cagaços que existem e afligem a gestão, um deles é a renovação do contrato do Fernando Diniz até o final de 2025, ação essa questionada por 10 de cada 10 tricolores conscientes, desses que não tem etiqueta de preço, que não passam pano, nem enxugam gelo para a gestão, pois o treinador de 2024 dista, e muito, do desempenho de parte de 2022 e parte de 2023.

E as desculpas e defesas com relação ao treineiro não vão parar por aí: depois a culpa será das três pré-temporadas do ano, posteriormente das lesões. Simples assim, como todas as gestões advindas da Flusócio, são mega previsíveis.

E para colocar um tempero extra, um Imosec 12 para desviar o foco, do nada surge um “estamos na briga pelo Philippe Coutinho”.

Durante muito tempo, em nome da paz e da tranquilidade, escolhi, optei pelo silêncio. Só que o momento exige colocar o dedo na ferida, quer dizer, nas feridas:

a) no final de 2025 quanto terão custado aos cofres do Fluminense, as inexplicáveis contratações de Renato Augusto, Terans, Gabriel Pires, Douglas Costa, Felipe Alves e Douglas Costa?;

b) quanto custará às combalidas finanças do clube a renovação do Fernando Diniz, até o final de 2025, apesar do péssimo rendimento da equipe em 2024?;

c) E a prestação de contas de 2023, será que será aprovada ainda em julho deste ano (estatutariamente não cabe mais prazo para votação em junho)?;

d) Ou será que a vergonha chamada Conselho Fiscal, não terá a audácia contaminada de dar parecer favorável à aprovação de um Demonstrativo Financeiro emitido com RESSALVAS pela empresa de auditoria?.

Já diziam os mais antigos, os sábios, os que nasceram e viveram o Fluminense e não se beneficiaram de NENHUM CENTAVO, que o mais fácil é colocar o time em campo no domingo: “fulano com a 1, cicrano com a 5, o bonitão com a 7, etc…”. Mas o problema real reside de como se trabalha o dia a dia, de segunda a sábado.

E o momento fotográfico é tosco: primeiro crucificarão a certos jogadores, até o momento que será impossível salvar a cabeça do treineiro, depois já veremos… quem sabe uma solução caseira, jogar fechadinhos, para evitar um possível (continuo não acreditando) rebaixamento, tentar a sorte nas fases eliminatórias da Libertadores e da Copa do Brasil, partindo como azarões. De resto, um FELIZ 2025!

Ao Fernando Diniz só a dizer uma coisa: Você é um cara de sorte, tão sortudo que não precisou se encontrar nas coletivas de imprensa e nem vociferar respostas arrogantes e prepotentes, para jornalistas do porte de um Milton Costa Carvalho, Marcos Penido, Vicente Dattoli, Paulo Júlio Clement, Mauro Leão, Marluci Martins, Caio Barbosa, José Ilan, Raul Fernandes e Nelsinho Rodrigues Filho. Certamente você seria obrigado a colocar a sua desafinada viola debaixo do saco e sair com o rabinho entre as pernas, tendo que admitir que perdeu o grupo como um todo.

No mais… lamento não ter os meus 20 anos de 1982. Certamente eu me inspiraria no Filósofo e Bicheiro Castor de Andrade e picharia os muros da Pinheiro Machado com a seguinte frase:

“CULPADOS SÃO OS QUE SE ESCONDEM E NÃO APARECEM NA HORA PRECISA”

Antonio Gonzalez