Num momento complicado como esse que o Fluminense vive por ora, é natural que haja mais exasperação do que reflexão.
Os mais velhos temem pelo pior, os mais jovens têm o féretro da série C no ventre e na vista. Exageradamente, pois.
O pior momento de nossa história, pontual e permeado por uma série de acontecimentos que beiram o realismo fantástico – na verdade catastrófico -, às vezes causa pavor em sua simples menção. Noutras oportunidades é simplesmente suprimido de conversas – tabu, tema proibido, imperdoável.
Penso que, se aquela época fosse melhor conhecida – por pior que seja -, serviria sempre de alerta para que não repetíssemos velhos erros. E mais: que não se exagerasse o tom de desespero máximo. Agora vivemos um momento muito desconfortável, mas matematicamente bem menos complicado do que 2009, por exemplo: imagine ser o lanterna a nove pontos da saída da zona de rebaixamento?
Todavia, o bem menos pior é também pior e merece intervenção imediata – para ontem – já. Temos duas batalhas intermináveis: Atlético fora, amanhã; Bahia no sábado. Seis pontos seriam sonho. Eu ficaria feliz com quatro. Três melhorariam o quadro. Parte da turba acredita no zero
E qual é a fórmula? Qual é a música, maestro Zezinho?
Difícil dizer ao certo, mas fácil de desconfiar.
Ela passa por uma completa mudança de atitude de um time que perdeu seus últimos três jogos para adversários que, com todo respeito, andaram em campo.
E passa pela transição da velocidade de um time de masters para um de futebol profissional.
Quem joga no 3-5-2 não pode levar gols em tranquilas infiltrações pelo meio da defesa.
Posicionamento, combate, marcação, garra. Fatores obrigatórios para qualquer time que pretenda algum sucesso.
Vêm aí dois jogos cruciais para nossas pretensões, os dois últimos do turbo.
Como seria bom já ver uma guinada de espírito nesta quarta-feira. Juventude e correria em lugar da modorra.
Foi no Independência ano passado que perdemos e muitos decretaram o nosso fim. Mas acabamos rindo e muito ao final do campeonato.
Na mesma Belo Horizonte em 2009, um emblemático 3 x 2 nos colocou na trilha do impossível: fizemos a grande história.
Otimismo barato é para os deslumbrados. Não é momento disso. Mas a esperança não cessa nunca: ela sempre tingiu a nossa camisa, ecoou no nosso hino e trouxe conforto ao nosso peito.
Não entremos nessa ladainha oca de pagar a série B. Não se paga o que não deve. São apenas bravatas do futebol brasileiro que, um dia, terão a melhor resposta.
Ser Fluminense é acreditar no inacreditável, romper barreiras da lógica e desafiar definições mesmo quando o barco parece afundado. Sempre foi assim.
Melhor momento para mostrar quem somos não há.
O fracasso não é nossa rima.
E pensando bem, nem é o caso de fórmulas ou modelos matemáticos.
Temos escrito nosso livro dos dias com superação, descrédito, drama, poesia e inesquecíveis fogos de conselho.
Panorama Tricolor
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