Pré-temporada tricolor para a Libertadores (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, com a escalação de um time quase todo titular contra o Volta Redonda, aparentemente o período de testes acabou e começamos com a preparação, ou seja, a pré-temporada visando a Libertadores, que se iniciará em meados de abril. Era óbvio que, uma hora ou outra, isso aconteceria, mas me pergunto a razão de terem escolhido uma partida contra o melhor dos pequenos, que tem certos jogadores (como Alef Manga e João Carlos) voando, sob um sol fortíssimo, num horário pouco propenso e num gramado bem castigado. Claro, o planejamento era para jogarmos à noite no Maracanã, mas é necessário se adequar às circunstâncias quando assim o for. E mesmo numa situação que não era a ideal, Roger poderia ter feito melhor do que fez para evitar o desastre que fomos obrigados a assistir nos minutos finais. Qualquer um poderia adivinhar o que aconteceria quando Yago deu lugar a John Kennedy e um buraco se formou no meio. Nenê e Fred, mantidos os 90 minutos sem a menor explicação ou necessidade, deveriam ter saído para renovar o gás da equipe. Não aconteceu.

Fico sem entender algumas coisas que me parecem óbvias ao analisarmos as atuações ridículas de Frazan, Egídio e Lucca principalmente. A primeira é: por que diabos Lucca ainda é considerado titular? E se a intenção é testá-lo, qual a necessidade disso? Já não se viu o suficiente dele para saber que não joga nada? Sobre Frazan, já sabemos que ele é fraco. Qual a razão de Reginaldo ser banco pra ele? Não seria mais um a ser testado, já que temos carência na posição? Luan e Igor não jogaram o suficiente, precisamos testá-los também. Imagina depender do Frazan pra um jogo de Libertadores, amigos? E quanto ao Egídio, nada de novo. A lateral esquerda é um problema recorrente que pode até ter solução, mas aparentemente os gestores não querem encontrá-la. Marcos Pedro mofando à espera de uma mísera chance, Jefté arrebentando na base, pedindo passagem e nem o trouxeram para testes. Tudo isso é agravado com a manutenção de Fred e Nenê por 90 minutos quando o jogo pede claramente outra coisa. Fred é artilheiro, meteu dois, tem meu respeito, mas não tem fôlego pra um jogo inteiro.

O time misto meteu dois no Boavista, que empatou com a molambada. Provavelmente ganharia do Volta Redonda. Talvez só precisasse reestrear o Fred, ou pelo menos promover as substituições corretas. Não sei, sinceramente, o que pensam o Roger e sua comissão técnica. Só sei que é muito estranha essa promoção “imediata” do time inteiro. Não me pareceu parte do planejamento, e sim algo feito pra “dar moral” para os antigos titulares, como se houvesse já um time titular definido e a fase de testes só servisse para ver quem serão os reservas. E isso é bastante preocupante. Afinal, Gabriel Teixeira tem galgado posições e poderia ser titular tranquilamente do time em algumas circunstâncias, principalmente porque Miguel, por razões diversas, não pôde ser testado. Egídio, por exemplo, será mesmo o titular sem qualquer concorrência dos garotos que são melhores que ele? Samuel Xavier vai estrear quando? E o principal: tirando Frazan e colocando Luccas Claro, é com esse time que perdeu do Volta Redonda que vamos para a Libertadores mesmo?

Futebol é momento. Fred e Nenê não podem jogar 90 minutos em situação nenhuma. Não estamos aproveitando plenamente as cinco substituições para rodar a equipe. John Kennedy por Fred, Ganso por Nenê, Wellington ou André por Yago. Essas eram as mexidas corretas e coerentes. Dava pra fazer as três de uma vez. Ou os medalhões entendem que precisam ser jogadores de grupo, ou vamos passar perrengue em todos os quartos finais de jogos da Libertadores e do Brasileirão. Essa derrota de sexta-feira pode ter sido apenas um infortúnio, uma leitura mal feita, um erro do treinador. Acontece. Poderíamos ter vencido se Gabriel Teixeira batesse bem naquela bola no finzinho. Mas lições realmente precisam ser tiradas desse resultado, e a primeira delas é que existe um tempo limite para manter jogadores acima dos 35 anos em campo, e isso precisa ser respeitado. Qualquer simulador de futebol chinfrim que você jogue em smartphone simula isso bem. Roger não pode repetir esse mole.

Temos nessa terça-feira um clássico contra o Vasco, que caiu pra Série B, andou tomando umas porradas no estadual, mas se recuperou parcialmente e já soma seis pontos, contra nove nossos. Escrevo essa coluna antes do fechamento da rodada, então não sei se a Portuguesa vencerá seu jogo e ultrapassará o Fluminense ou não, mas é fato que acabou a brincadeira. Hora de escalar os melhores e reservar os testes às posições que realmente necessitam, caso óbvio da lateral esquerda. Por mais que o campeonato seja um laboratório, não podemos correr o risco de não estarmos nas semifinais, considerando o nível patético da competição. Afinal, se os titulares estrearam, é sinal de que o Fluminense está jogando “a vera” o Carioca e, se esse é o caso, não é aceitável qualquer outro resultado que não seja o título, caso a arbitragem não atrapalhe, é claro. Por falar nisso, seria salutar que os dirigentes se movimentassem nos bastidores para evitar mais uma marmelada ao fim de tudo. Não podemos arriscar a saúde de nossos titulares para, no fim, ficarmos com cara de bunda. Vamos agir!

Curtas:

– Willian Bigode. Cadê?

– David Duarte. Cadê?

– Roger falando que temos base forte e que talvez não seja necessário contratar. No jogo seguinte, não usa a base como deveria e perdemos o jogo. Difícil.

– Mário avisa que não vai fazer loucuras. Renova com Caio Paulista, traz Rafael Ribeiro, cumpre “promessa” feita a Hudson… três loucuras concluídas com sucesso. Dá pra pelo menos fazer uma que faça mais sentido pra melhorar o time?

– Martinelli e Calegari estão prontos, tanto que são titulares. John Kennedy está quase. Kayky tem desenvolvido bem, mas não vai ficar. Queria muito ver alguns outros, entre eles os já citados Marcos Pedro e Jefté, além de Matheus Martins, Metinho e Artur, em que pese esse último ser muito jovem. André precisa de mais chances, porque tem ido mal, e precisamos definir se ele servirá para nós ou será só mais um Nascimento da vida. Luiz Henrique talvez precise mudar de posição. Não parece ter velocidade para ser ponta, mas tem visão de jogo para ser meia. Roger precisa enxergar isso.

– Palpite para a próxima partida: Fluminense 2 x 0 Vasco.