Cinco dias de férias em Gramado, curtindo um frio burral, me fizeram ver ainda de mais longe o Vasco x Fluminense de domingo passado. Resultado justíssimo, sem influência da arbitragem, como deveria ser sempre.
Assisti o jogo com um único vascaíno, cercado de torcedores do Corínthians e do Atlético Mineiro. No intervalo do jogo, encerrada a tunda dos paulistas, o bar do hotel virou um velório. Dois apenas carpindo o defunto. Um garçom flamenguista ria entre os dentes até ser sacaneado pelo colega gremista. Introduziu o riso de volta onde de direito.
Quarta feira à noite, de volta à casa, fui ver as besteiras faladas e escritas no pós-jogo. Uma chuva de barbaridades entediante e digna de latrina.
Algumas reflexões: há pessoas que acreditam e torcem pelo Eurico. Mais do que pelo Vasco. Há milhões de outras que passaram a torcer contra o Vasco por causa do Eurico. É justo! Mas eu conheço um monte de vascaínos que torcem contra o Vasco por causa do Eurico.
E ai chega a hora da pergunta: imagine, só por um segundo, que Eurico – e sua barba – fosse dirigente do Fluminense. O que você faria? Torceria contra seu próprio time? Ou taparia o nariz para essa politicagem toda e torceria pela camisa, pela história?
O poder, como sabemos, corrompe. Não é todo mundo que consegue manter sua retidão quando de posse de algum poder, por menor que seja. Orgulho, inveja, cobiça. O Estado sou eu. O clube sou eu. O herói sou eu.
Olhar com atenção o exemplo gratuito do purgatório pelo qual passa o vizinho é muito educativo.
Os católicos acreditam no céu, inferno e purgatório. Céu e inferno são eternos. O purgatório é um estágio. De purificação.
No futebol, há pecados eternos. Coisas do tipo colocar um ladrilheiro em campo para acabar com a partida e salvar o título do maior time de todos os tempos e, conseguido o intento, levar o cidadão para comemorar com a diretoria no Le Coin, no Leblon.
Ganhar título com um gol de quase metro de impedimento e seu goleiro vaticinar o “roubado é mas gostoso”.
Séculos passarão e estes jogos serão lembrados por esses fatos. A enorme maioria dos torcedores do time em questão se orgulha desses fatos.
São taças embebidas em lama.
Cair é um purgatório. Uma forma de corrigir seus erros.
Minhas orações pedem que nada de extraordinário, no sentido de muito ordinário mesmo, aconteça para macular a instituição.
O déspota de lá caminha para o ostracismo. Importante cuidar para que novos não surjam. O poder está ai, doidinho pra corromper em todos os setores da sociedade. E sempre há inocentes para acreditar que o mau é bom.
Vigiai e torcei.
Abraços.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: velô
Sobre a história do ladrilheiro decisivo na final do Carioca de 1981, ver, ainda que de forma incompleta:
http://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/no-maior-publico-de-vasco-flamengo-174-mil-torcedores-superlotam-maracana-12055466
caro Catalano,
sim, podres poderes. com suas ovações de ocasiao e esquecimentos seletivos.
que vocês consigam restituir a Instituição a seu lugar de glorias.
(meu avô muitas vezes pegou o bonde 53… jamais apoiaria o ‘caudilho’.)
abraços fraternos,
Luciano
Fala Ze Augusto !
Me amarro na sua coluna. Sempre alertando sobre o sistema. Muito bom.
Abracos !
Bom dia Catalano!. Eu mesmo, apesar de tricolor desde o nascituro, na década de setenta torcia para o Vasco nos jogos contra os outros. Após a entrada do mafioso charuteiro eu passei a torcer contra.