Flu: rei da posse, plebeu dos gols (por Vitão)

Contra o Santos, mais uma vez Diniz optou pelo 4-4-2 para iniciar a partida. Pensando no duelo de terça pela Libertadores, poupou alguns jogadores e montou uma equipe que tinha Fernandéz pela direita, Árias pela esquerda e uma dupla de ataque formada por González e Cano.

Apesar do pênalti perdido, faltou volume de jogo e o Tricolor pouco finalizou. O esquema não funcionou e na etapa final Diniz teve que voltar para o 4-2-3-1, colocando Lima, Ganso e Keno nas vagas de Marlon, Fernandéz e González. Mas o que faltou ao 4-4-2 do Fluminense?

Como demonstra o campo tático abaixo, faltou ocupar mais o corredor central. Leo Fernandéz e John Árias jogaram muito distantes e a mobilidade no ataque deixou a desejar, principalmente com relação ao colombiano González, visivelmente sem ritmo de jogo.

Quando se joga com dois na frente, a bola precisa chegar lá com mais frequência. Para tanto é preciso se valer de outras armas como quebrar mais a bola nas costas da linha de meio e, principalmente, acelerar a saída de bola pelos flancos, propiciando ao lateral ou ao ponteiro, ter condições de acionar os atacantes na área.

Na etapa final, o 4-2-3-1 com Ganso na articulação e Keno como ponta, conferiu a Árias o que precisava para ser letal. Diniz, assim como fizera contra o Flamengo, colocou Ganso pela direita, o que atraiu a marcação no setor. Árias jogou com liberdade e participou mais, praticamente como um segundo atacante.

O Flu ganhou e controlou a partida, mas não podemos nos iludir. Em que pese a equipe ter saído daquele péssimo momento pelo qual passou, ainda falta muito para voltarmos a atuar no nível que essa equipe já alcançou na temporada. O time precisa de mais organização, dinâmica e, principalmente, criatividade.

Diniz procura, em outros desenhos táticos, algumas saídas para que seu estilo não afogue na obviedade. Se suas equipes jogarem sempre na costura lateral lenta, nem sempre o domínio será sinônimo de vitórias. Sem contar que facilita a estratégia do adversário, que certamente subirá a pressão para distanciar o Tricolor de sua defesa.

O Fluminense é o rei da posse de bola, mas tem dez gols a menos que o Botafogo no Campeonato Brasileiro. O time, em seu ápice, talvez tenha encantado como nenhum outro até aqui na temporada, mas ainda pecamos quando o assunto é competitividade. A plasticidade encanta, mas taça não levanta. Precisamos melhorar.