Por causa do excelente texto – e golaço! – do camarada Heitor D’Alincourt no sítio do Fluminense –
CLIQUE AQUI SEM FALTA -, vivi um domingo glorioso ao saber da ligação intensa de Pixinguinha com o nosso clube, frequentando seus salões e, com o apoio do presidente Arnaldo Guinle, não somente conseguindo excursionar com seu grupo – Os oito batutas – para a Europa, como também ganhando do prócer tricolor um saxofone de ponta, que posteriormente seria incorporado de vez à sua lida profissional.
Também incrível – mas negativamente – é saber que, há quase um século, a imprensa da terra brasilis já realizava um trabalho de edição peculiar, alheio à realidade, desancando o talento do supermúsico e do chorinho – que viria a escrever algumas das mais belas páginas da música brasileira e mundial, a começar por “1 x 0”, o tema que celebra a primeira conquista da história da Seleção Brasileira, pelo Sul-Americano de 1919, disputada… no Estádio das Laranjeiras. Pelo visto, o Fluminense estava vocacionado desde cedo a retorcer a retórica oca das redações.
Há um outro fator muito importante nesta bela história que reúne arte, talento e superação: Pixinguinha era um homem negro e liderava um octeto musical repleto de outros homens negros. Em alguns lugares da então capital da República, isso era um acinte, um despautério capaz de provocar uma denúncia por formação de quadrilha, mas não era o caso da luxuosa sede de Álvaro Chaves, onde o imortal Alfredo da Rocha Vianna Filho transitava com plena desenvoltura. No mínimo, trata-se de objeto de estudos sérios para os que apontam o dedo do racismo em riste para o Tricolor. Que diabos de Fluminense era esse, cujo presidente amparava um gênero musical detestado pelos jornalistas por conta de sua “pobreza”? Com a palavra, os historiadores.
Reiterando: Pixinguinha foi um dos maiores músicos do mundo, um gênio, um maestro maior. Sua brasilidade influenciou o jazz estadunidense e, muitos anos depois, quando a Bossa Nova ganhou o mundo por meio de craques como o tricolor Tom Jobim, nos anos 1960, ele já era uma referência para a constelação de craques da arte musical. Seu trabalho pioneiro abriu trilhas para a música brasileira no exterior, e hoje ela é respeitadíssima em todos os continentes.
As participações decisivas do Fluminense e de Arnaldo Guinle neste processo são dignas de um livro inteiro, bem como de reconhecimento pelos apreciadores das artes. Motivo justo e certeiro de orgulho para os tricolores.
Que fase neste começo de 2017!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: Google/Curvelo
Andel, como vai o brilhante escriba? Texto relevante, com observações contundentes sobre o papel de nossa “imprensa” em tempos distantes, nada diferente da atualidade…
Pontaria certeira de Heitor D Alincourt em relação ao genial Pixinguinha. Ansioso pela leitura de Cenas do Centro do Rio, abs, Ulysses Burlamaqui( seu leitor assíduo
do Bar Joia, do Jardim Botânico).