Papo gostoso no Peixe Frito (por Alva Benigno)

Acabei de jantar com Chiquinho Zanzibar no restaurante Peixe Frito de Copacabana. Ele é um piadista; ao me convidar, disse-me “Vamos pra lá que a piranhada tá ótimaaaaaaa”. Céus.

Fiquei sabendo de uma reunião de apoiadores de Agaynaldo Happybath, ocorrida num centro gastronômico em Ipanema, organizada por Barbitchota, o dono da revista de fofocas sobre o club, em busca de cooptar novos membros eretos para a grande união política. Na reunião, também houve a presença de subcelebridades como tuiteiros de quinta categoria, intelectuais do Telecurso Segundo Grau – nossaa, isso ainda existe? -, e outros pretensos “formadôris de openeão”. O clima foi descontraído, lindo, leve e solto. Em certo momento, ecoaram gritos de guerra como “Sauna, urgente: Agaynaldo presidente!”, “Ô, Ô, Ô, queremos 70 jogadô”, “Presidente boleiro é o caminho para o penta brasileiro” e outros ufanismos. Informações dão conta que uma das nanocelebridades tricolores, famosa por sua feiúra, gritou: “Esse é o club que eu quero. Uhuuuuuuuuuuuuu”. Mas a pergunta é inevitável: como podem chamar o adevogado Happybath de boleiro se ele nunca chutou uma bola na vida? A risada caótica do velho precede a resposta padrão: “Chutar uma, ele nunca chutou; agora, que pegou duas ao mesmo tempo, meu bem, RARARARARARARARARARA”. E o Barbitchota? “Meu bem, bibinha em que eu caguei na cara não tem o direito nem de respirar na minha frente”. ARGH!

Chiquinho, agora em sua nova fase, pareceu um tanto assustado com a reunião: “Baby, eu sou gestão mas não custava nada ir lá dar uma espiadela no tamanho da proposta dos rapazes. Claro que não a do Happybath porque o argumento dele é curtinho, no máximo de 140 caracteres. Vi muita bicha bombada, muita bicha siriguela e muita gente que, se fosse radiografada, tinha os baguinhos do Happy na boquita. Cru-zes! Eles podiam ser mais discretos, ter um mínimo de elegância, ficavam se esfregando, se insinuando. Se eu fosse mona, tinha feito uns três, mas sou hetero de coração e ponto.”

(A seguir, Chiquinho, ele mesmo, falando de elegância dos outros, coloca a mão na bunda por dentro da cueca e a ajeita como se fosse uma calcinha enfiada, isso em pleno restaurante. A falta de noção é tudo).

Perguntei a Chiquinho se ele iria nas próximas reuniões e como faria para contornar o dilema situação x oposição. Simples e direto, o velhote machão (mas nem tanto) cravou: “Meu bem, as reuniões do AH são alegres e divertidas, que é pra ninguém reparar o que rola solto: acertos, propina etc. Então eu vou fantasiado com temática LGBT, porque aí ninguém desconfia de que serei eu em pleno ambiente. Já tenho uma fantasia que me permitirá ficar completamente anônimo em meio às bibas da política. Eu sei onde me meto gostoso”.

Para finalizar, perguntei sobre o time.

“Olha meu amorrr, as coisas não estão fáceis, mas agora o time está cheio de bofinhos corredores, com pegada, e eu acho que dá pra ir mais fundo no resto da temporada. Queria que tivesse mais uns três bofões experientes, machudos, para ajudar a equilibrar as coisas e estabilizar a ânsia da garotada. nada é melhor do que um bofe experiente em campo. Agora, quem não tem cão, caça com mona. Vamo que vamo, do jeito que dá.”

Depois falamos de amenidades, Esmeralda, até mesmo da boa vitória sobre o Avaí. Inconveniente, Chiquinho não parava de olhar e mexer no celular. Depois de uns quinze minutos, fiquei irritada e reclamei.

“Alvita, para de palhaçada. Tava atualizando os bafões com Filhão. Depois que eu te colocar no táxi, devo ir tomar um chope com ele no Corujinha. Quero saber os babados do outro lado, a gente temos (sic) que se manter antenado.”

Fechamos a conta, fui para casa e o velho Chico para seu destino com o coleguinha. Havia no ar aquele clima de viadagem enrustida permanentemente, mas não era só aquilo. O velhote estava desfraldando o auge de sua maturidade, como se suas pelancas fossem troféus de glória pela vivência nos submundos. Ele cada vez mais parecia a mistura entre o bem e o mal. Deu-me um beijo na testa e foi caminhando calmamente, sempre rebolativo, descendo a Tonelero até a Hilário de Gouveia para virar à esquerda (o que ele sempre detesta) e encontrar seu alter ego, seu menino de ouro, seu verdadeiro pupilo. Passo de carro ao lado de Chico, ele sorri matreiro, vou embora. Não dá nem cinco minutos e Zanzibar está no meu Whatsapp:

“Mona, nem te conto. Entrou um áudio aqui e um rapaz querendo falar com Seu Chiquinho, mas cafungando e respirando fundo. Nem respondi. Será que é ele, o bofão dos bofões? Aimeodeus!”

“Faz o seguinte, Chico, manda uma música pra ele no áudio. Se ele rir, é o bofão mesmo. Se não, pode haver dúvida”.

“Qual é a música?”

“Maestro Zezinho, com sete notas”.

VOCÊ NÃO PRESTAAAAA!!!!!

RECAÍDA

Mal cheguei em casa, Chiquinho de novo me manda uma mensagem esquisita, mas nem tanto, dizendo que se lembrou dos tempos em que era entendido. Conheceu Little Richard no club, não o roqueiro, mas um rapaz de bem, que aceitou ser possuído em plena piscina olímpica. Numa noite de setembro distante, com quase ninguém nos arredores, os dois fizeram um ao ouro na água. Quando Zanzibar foi ativo, LR em certo momento gritou “Devagar que eu tenho hemorróidaaaaaa”. E tremeu as pernas.

Perguntei o que isso tinha a ver com a reunião com Filhão no bar Corujinha.

Ele disse: “Tudo, ora”.

RECALL Q

Zanzibar passou a ter uma vida de paz em sua relação formal com o lutador careca Agonza – e este, cada vez mais odiado pelo vingativo Happybath, que vem aos poucos repetindo o comportamento de seu herói Aéreo Neves.  Para AH, a figura do careca causa perturbações a ponto de atingir até mesmo sua propalada masculinidade, famosa em assédios nas lidas do club.

Cada vez mais obcecado e colérico com Agonza, AH fez um pronunciamento num jornal golpista, marcado pela verborragia e por ataques mentirosos ao lutador. O fato gerou grande repercussão midiática e imediatamente Chiquinho tomou as dores do prócer do ringue: pegou o telefone e ligou para o seu inimigo número 1:

“Helllloooo”

“Relou é o caralho.”

“Mas o que é isso?”

“Boneca, vou te dar o papo: para com essa palhaçada de pagar de herói anticorrupção que você é mais sujo do que o homem da mala. O careca é meu fechamento e não é pro teu bico de porra não. Se você está nervosa, aprenda a perder e lute limpo para ganhar. Tu encomenda abraço de jogador que faz sobrancelha e quer falar o que dos outros? Vai dar meia hora de bunda e para com essas frescuras. Tá com ciuminho? Batiza teu grupo político de MB71 então, porra. RARARARARA (risada caótica)”.

“Chiquinho, vai tomar no cu você! Quem você pensa que é? Dono do club? Da sauna? Eu vou dominar esse club custe o que custar e ninguém vai me impedir, em nome de Deus, da pátria e da família contra a corrupissão (sic). Sai da minha frente se não quiser que eu largue o aço”.

“Ô, posto 9, tu tá pensando que é zona sul por causa desse relógio de merda no pulso? Farofeiro de merda, pode ter cem milhões que você nunca vai deixar de ser um suburbano de merda, gentinha metidinho a gangayster. Dobra a porra da tua língua e a dos teus blogayrinhos de merda, porque ninguém é super-homem nessa porra, nem com carro blindado. Aço de cu é rola. Sabe aquele fotógrafo viadinho velho que você protege? Te traiu, seu otário: comprei fotos tuas com um garotão te fazendo moça. Cala essa tua boquinha de merda; vai que essas fotos vazam sem querer…

(Silêncio impactante).

Certas coisas nunca mudam.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri 

Imagem: alva