Mal acabei de acordar, já recebi uma tonelada de fotos do inesquecível muro de Laranjeiras. Como os tempos mudaram, adotou-se o politicamente correto e as pichações foram substituídas por cartazes. Parabéns aos responsáveis: além de se manifestarem com cuidado sobre o clube, ainda disseram na lata tudo que vem sendo publicado no PANORAMA há anos sobre a farsa que é a gestão tricolor. Deram seu recado de forma pacífica, democrática e direta.
O presidente tricolor, que se meteu recentemente a historiador sem diploma do clube – mais um, por sinal… – teve a devida resposta às saraivadas de bobagens que costuma despejar em suas coletivas, marcadas pela petulância, covardia e o jogo retórico das partidas de vôlei de praia de times supermasters, onde os queridos “coroas” levantam a bola com tapas por baixo dela até que o cortador também dá um tapa para cima – e ninguém corta. Só que nem todo mundo aceita a conversa para boi – leia-se gado mariola – dormir.
Os muros das Laranjeiras têm ligação direta com momentos de luta e história do Fluminense. O maravilhoso time tricampeão dos anos 1980 foi forjado à custa de muitos protestos e vaias, incluindo até velórios na antiga geral. A torcida do Fluminense nunca foi uma claque, nunca abanou o rabo para dirigentes e nunca deixou de apoiar o certo mas criticar o errado. Sempre houve vaias e críticas quando necessário, assim como muito apoio. Quem não sabe disso, precisa estudar a história do Fluminense que, por sinal, não é propriedade de meia dúzia de parlapatões grudados no generoso saco tricolor da sede.
Que o time consiga uma grande vitória e que todos se conscientizem de que o Fluminense não tem dono nem chefe, nem cacique nem capo. Quem manda nele é sua torcida. Nenhum dirigente, nenhum, é maior do que a gigantesca torcida tricolor – e se gigantes como Guinle, Horta e Schwartz não foram, imagine os atuais…
A manifestação foi irretocável, mas faço uma única ponderação: há quem diga que os cartazes em preto e branco são uma alusão ao Botafogo e, por isso, uma provocação exagerada. Discordo: fazer em p & b certamente ficou mais barato. Além do mais, todo mundo tem direito na vida a um novo amor. Não tem direito é a gastar os tubos no Cris Silva e no Guga para depois dizer que o clube não tem dinheiro. Só otários têm o hábito de tratar a todo mundo como otários.
Espero que o Chiquinho Zanzibar não tenha nada a ver com isso, sinceramente.