COMO O IMPONENTE PRÓCER TRICOLOR E A IMPORTANTE FUNCIONÁRIA DO ESTADO TRANSFORMARAM UM “NAMORO ESPIRITUAL” EM CASAMENTO MADURO E MODERNO
(Por Alva Benigno – Publicado em 2009 nos mais importantes jornais do país)
Ele é um respeitável conselheiro do clube – disponível para se candidatar à Presidência -, ela é secretária-geral de uma importante fundação, e os dois, além de poderosos, vivem o caso de amor mais badalado de Copacabana e do Rio de Janeiro. São Francisco da Zanzibar Y Zanzibar, 58, e Esmeralda Generosa de Bologne, 48.
“Zan” e “Mê”, como os dois se chamam, só se casaram no ano passado, mas essa é uma longa, longuíssima história. Começa na Suesc, onde os dois – ele, carioquérrimo e ela de Pau Grande (RJ)- estudaram na mesma turma de direito e se formaram, lá se vão 30 anos.
Ao cumprimentar Zanzibar, que foi orador da turma, a professora Claudineia (falecida no dia em que vazou o áudio do “Mineirinho”) cochichou no ouvido dele: “Filho, essa moça é louca por você”.
“Essa moça” era Esmeralda, de uma família paugrandense de empresários, que se casara aos 18 anos e depois se separara, ainda muito jovem. Francisco, solteiro, iria para a Polônia no ano seguinte e se casaria logo depois com uma descendente de poloneses, para depois também se separar por “divergências irreconciliáveis” com a dita polaca.
Ao longo dos anos, os dois bons amigos jamais perderam contato. Um almoço daqui, um jantar dali, longas conversas e “um namoro só espiritual”, como ele hoje define. Mas entremeado pelo interesse comum pelo Direito, pela pátria e pela família em nome de Deus, contra a corrupção. Ela fez carreira no funcionalismo. Ele, sempre estudando, estudando, estudando, até que subitamente deixou a academia para ingressar de cabeça no mundo dos negócios e oportunidades.
No governo meteórico de Fernando Collor, os funcionários distantes, os auxiliares mais próximos e até mesmo os amigos foram, um a um, abandonando o barco sob os ventos e os sacolejos que anunciavam a proximidade do “impeachment”. Francisco, mesmo não sendo da “entourage”, ficou até o fim.
“Revelou caráter, e isso é uma das coisas que eu mais admiro no Zan”, diz Esmeralda, até por se identificar com a atitude dele. Quando ela era uma jovem funcionária da Justiça, no governo José Sarney, o então ministro Ibrahim Abi-Ackel também sofreu intenso bombardeio moral, acusado até de contrabando de pedras preciosas, mas ela ficou até o fim ao lado dele. “Por convicção, por saber que aquilo tudo era uma armadilha”, diz hoje, lembrando que ele jamais chegou a ser acusado formalmente de nada.
Anos depois, como alta funcionária do Estado, Esmeralda procurou o amigo Francisco e marcou um almoço de boa conversa no Copacabana Palace. Os dois se encontraram, flertaram, estavam amplamente disponíveis e finalmente consolidaram o amor.
A conversa com o casal acontece acontece num dos três endereços deles no Rio de Janeiro, um apartamento elegante e romântico numa das transversais da Avenida Atlântica, bem perto da praia mais famosa do mundo. É o refúgio dos fins de semana, ou “o nosso canto”, como diz Zanzibar, mostrando os gatos angorá que passeiam livremente pelos 500 metros quadrados, ao lado de um furão e um gato chamado Pompom. Ali, ela dispensa empregadas, cozinha peixes e aves e monta sofisticadas saladas para o marido, que só come carne vermelha em restaurantes. Eles veem TV, leem e freqüentam o vizinho Silveirinha, importante integrante do governo. Vez ou outra, um vinho e umas – sempre poucas – visitas.
Na seleta lista, políticos, conselheiros, empresários de sucesso, gente bem transada e com sede de viver, militares, maçons, designers, arquitetos e pessoas bem sucedidas em geral.
Até hoje Esmeralda canta: “Por que você não vem morar comigo?/ Cansei de ser assim, colega/ …Dizem que o amor a amizade estraga/ E esta a este tira-lhe o vigor…”.
Francisco e Esmeralda só assumiram o namoro pela primeira vez em 2001, mas durou pouco. Ela era assessora de um importante ministro, com quem trabalhou 15 anos, e ele, um importante empresário no Rio.
Terminado o namoro formal, “Zan” e “Mê” mantiveram o “espiritual” e acabaram reatando, quatro anos depois, graças a um “cupido”, ou melhor, “cupida”: uma ministra que adora cozinhar e convidou os dois para comer costelinhas, lingüiças, couves e farofas na sua casa. Lá pelas tantas, Francis cochichou com Esmeralda: “Quero te mostrar uma coisa que comprei pensando em você”. Era o apartamento de Copacabana.
EM CASAS SEPARADAS
Maduro e moderno, o casal mantém ainda dois outros endereços, em dois outros bairros do Rio, Leblon e Gávea. Francisco detesta admitir e frisa várias vezes que eles são casados, moram juntos. Mas a casa dele é em Copacabana e a dela, na Gávea . Um dia, a empregada Severina reclamou que não sabia mais que roupa era de onde, que sapato era de onde, que barbeador era de onde: “Dr. Chiquinho, tem trem demais passando pela minha cabeça, eu não acerto mais nada”.
“Com mania de arrumação”, como Esmeralda se define, ela resolveu a questão escrevendo, roupa por roupa, o endereço em que cada peça deveria ficar. Orgulhosa, puxou o colarinho da camisa social branca do marido e mostrou por dentro, escrito em caneta preta especial: “Zan & Mê”. Eles têm tudo em dobro nas duas casas.
A rotina é boa. Faça chuva ou sol, Francisco acorda por volta das 6h30 da madrugada, para trabalhar na internet, realizar contatos, palestras, conferências e cartas para amigos de várias localidades. Depois, vai para a piscina “para desenferrujar”, diz. E vai – ou é empurrado por Esmeralda – para a academia, fazer musculação e exercícios aeróbicos, sempre aos cuidados de um personal trainer.
“Ela toma conta de tudo. É minha conselheira, acorda para fazer meu café e é até minha ‘personal trainer’. Supercompanheira, supersolidária”, diz ele, orgulhoso. “É verdade. Eu cuido da roupa, faço a comidinha dele, corto a frutinha, cuido muito bem dele, com muito carinho. Porque o Zanzibar é o máximo, eu sou louca por ele”, acrescenta ela, melosa.
Cantada e decantada como uma das mulheres mais poderosas do Rio de Janeiro, ela tem horror dessa classificação e desconversa. “Não vai escrever aí que eu sou poderosa, porque não é nada disso.” Então o que a senhora é? “Uma funcionária pública padrão, uma mulher apaixonada e a companheira de um dos homens mais íntegros deste país: Chiquinho Zanzibar.”
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