Um final de semana sem jogo do Fluminense é um tempo vazio. Na busca por algo que preencha o espaço deixado pela ausência do time em campo, me entretenho com outros jogos.
A alegria e tristeza de outros não chegam a mexer muito comigo. Vejo os times apenas pelo esporte que me fez amar tanto uma instituição. É engraçado ver as reações alheias de vibrações, gritos, choros, silêncios. São todas semelhantes, mas vistas de fora, perdem o sentido para o meu olhar, pois não encontra o sentimento que existe em mim.
Times mudam, jogadores vem e vão, técnicos entram e saem, presidentes e dirigentes digladiam-se, puxam tapetes alheios, mas não são eternos, também se vão. No entanto, nosso amor permanece.
O sentimento que move atletas que ganham desde 1 salário mínimo a 1 milhão de reais é de que jogam pelo que ganham, vibram pelo egoísmo de conquistas individuais, em detrimento dos objetivos coletivos de quem deveria ser o grande motivo da existência deles em campo: o torcedor.
Jogadores de futebol não são seres descolados dos outros seres humanos. Nasceram, se desenvolveram, cresceram, alguns procriaram e todos irão morrer. Não duvido que muitos amem o que fazem, gostem dos seus locais de trabalho, mas vejam bem as palavras que usei: “locais de trabalho”. Isso e nada mais. Eles defendem o pão de cada dia da maneira que lhes foi ensinada. Assim somos nós. Você daria a vida pela empresa em que trabalha, por mais que goste dela? Acredito que não.
O amor que sentimos como torcedores é diferente de quem está lá dentro das quatro linhas. O que ocorre é que muitas vezes os dois lados vão olhar para direções diferentes. Vão querer seguir rumos diferentes. Só quem permanece somos nós. Sentimo-nos como o “traído” ao ver a mulher amada partir com outro. “Como pode ter nos deixado?”
Vibramos hoje com jogadores que antes nos fizeram chorar, quando vestiam outras camisas. Os homens são os mesmos, só mudaram de camisa. Nós não mudamos de camisa nunca. Portanto não nos é de direito achar que nossas aspirações irão encontrar guarida nos pés daqueles que chutam a bola para o gol adversário. Um dia podem chutar contra nós, lembrem-se.
Pois hoje vi jogadores a vestir outras camisas. O campo era o mesmo onde eu tanto fui para acompanhar o Tricolor. Alguns jogadores já foram alvo da minha paixão clubística (para o bem ou para o mal). Mas as cores, as camisas, os escudos, nada em mim despertavam. Eram corpos a vagar sobre a grama verde.
O final do domingo chegou e meus sentimentos permaneceram guardados. Não vale a pena desperdiçar o que tenho de melhor com o que não me traz nenhum sentido.
Panorama Tricolor
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Andel: A lucidez genial de sempre.