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Tricolores de sangue grená, confesso que cheguei a pensar em não mais escrever para este espaço. Não me entendam mal, contudo. É uma honra incomensurável fazer parte da constelação tricolor do PANORAMA, ainda que eu seja não mais que uma tímida anã branca. O que tomou de assalto o meu pensamento durante várias semanas foi: o que escrever? Matéria para tal não falta, vide o noticiário bombástico em termos de Fluminense nos últimos trinta dias. Porém, o problema é o tom: não há como sorrir ao digitar nada que seja relacionado ao momento vivido pelo maior clube do mundo. Tudo parece conspirar contra, jogar-nos para baixo, malversar nossa imagem, nossa vontade, nosso porvir.
Começar o ano de 2018 já pré-candidato ao rebaixamento no Campeonato Brasileiro e a um sem-número de vexames que ainda nos aguardam é o que, tenho certeza, ronda o imaginário de boa parte da torcida tricolor, e nela me incluo. Sou bastante pragmático, cético e objetivo em meu pensar e em meu viver. Normalmente estou acostumado a esperar pelo pior, pois assim o que vier é lucro. Claro, batalho e tento sempre fazer o melhor, para poder colher os frutos. Infelizmente, não há muito o que eu possa fazer pelo Fluminense além de aguardar o “lucro”. Ou será que posso? Eu não ouso imputar à torcida a culpa pelas situações desastrosas que vêm ocorrendo, mas vamos pensar um pouco.
Esqueçam, por um minuto, a classificação à Copa Sul-Americana na bacia das almas, a desclassificação ridícula ano passado desta mesma competição, a conformidade de comissão técnica e diretoria com nossa pífia participação no Brasileiro do ano passado, a contratação e manutenção de Romarinhos, a dispensa sem tato de vários jogadores, incluindo um campeão brasileiro pelo Flu, o caso Scarpa e todos os seus desdobramentos, a defesa institucional feita de forma equivocada e os erros generalizados na tomada de decisão sobre vários aspectos importantes, sobre os quais não vale a pena discorrer nesse momento, uma vez que a lista é extensa. Deixe de lado tudo o que você está lendo nos principais sites e blogs, e que eu também leio, e reflita sobre o seguinte.
TODO MUNDO que não é tricolor quer ver o Fluminense naufragar. Muitos estão secretamente – ou abertamente – adorando o que está acontecendo. Fazem cobertura atenta, dão destaque nas manchetes quando podem, instigam, colocam “analistas” para tentar “dar um empurrãozinho” no que já está ruim, e pioram ainda mais a nossa própria expectativa em relação ao que será daqui em diante. É uma estratégia infalível fazer o torcedor se sentir inferiorizado a ponto de largar de mão, principalmente o nosso torcedor, que já anda de saco cheio. Não obstante todos os entraves que se põem em nosso caminho, ainda há o processo de espanholização em curso. Quanto mais nos desvalorizarem, quanto mais reduzirem nossa importância, melhor.
Estou dizendo para você parar de protestar na sua rede social e fora dela? Não. Estou dizendo para você não extravasar a sua raiva, não apontar culpados ou não exigir mudanças? Não. Estou dizendo para você não fazer o jogo deles. Não repita que o Fluminense está se apequenando, ainda que isso até possa ser verdade. Não repita que vamos ser rebaixados, ainda que possa haver um cenário favorável a isso. Não cancele o seu plano de sócio, pois assim você não poderá votar para substituir a gestão atual caso não concorde com ela (e vice-versa). Resumindo: não passe recibo. Não estou dizendo para você abraçar o time incondicionalmente, até porque não acredito nisso, mas o clube… esse precisa, sim, do nosso amor sem limites.
Futebol é paixão, sim. É tresloucado, é arrebatador, é incontinente. Mas somente a paixão nos leva a arroubos, nos leva a cometer erros também. Relacionamentos construídos sem amor não prosperam. E o amor é um ato de semear, regar e colher. É a primeira camisa que você ganha e na qual identifica o escudo do clube. É a identificação com as cores, o aprendizado dos cânticos, a vivência da primeira partida. É entender a história, compreender os valores e perceber, de fato, a razão pela qual você torce, sem manipulação, mas com orientação. Eu amo o Fluminense Football Club, e tenho certeza que todos vocês também amam.
Por fim, meus amigos… eu posso até no meu íntimo dizer que não vou acompanhar os jogos, que não vou ligar, que não vou nem querer saber do Fluminense esse ano… e isso não passa de uma mentira deslavada, que eu não ouso falar diante do túmulo de meu falecido pai. Acompanhei a Copinha, embora tenha visto apenas a vitória – não vi os outros dois jogos – e assisti à primeira partida da Florida Cup, pois não pude dar audiência à outra. E tenho certeza que a maior parte de vocês é exatamente como eu nesse sentido. Nossa camisa pesa. Nosso nome é gigantesco. Nossa história é insuperável. Muito precisa ser mudado, muito precisa ser feito, mas o ato de nos afastarmos do Fluminense não resolverá nada.
– Curtas
– E começou o Ferjão 2018. Bem que poderíamos ter árbitro de vídeo, né? Como ponto positivo, temos a implementação das cinco substituições, embora em três oportunidades apenas, até para evitar que usem esse expediente para fazer cera.
– Júlio Cesar, Dudu, Frazan, Reginaldo e Ayrton; Marlon Freitas, Luiz Fernando e Caio; Robinho, Romarinho e Pedro. Esse era o time titular na partida de quarta-feira contra o Boavista. Entre os suplentes tínhamos os goleiros Guilherme e Heitor, o zagueiro Alex, o lateral João Vítor, o volante Rafael Resende, o meia Pedrinho e os atacantes Evanílson, Ramon, Patrick Luan e Lucas Fernandes.
– Um time recheado de garotos que jamais haviam jogado juntos no time profissional, entre titulares e reservas, sob um sol fortíssimo, num gramado que é um pasto não poderia esperar um resultado muito diferente.
– Houve três pênaltis a nosso favor (um deles discutível) que Flamengo de Lima Henrique não marcou. No primeiro lance duvidoso para o Boavista, ele marcou. Este será o tom da arbitragem esse ano.
– Claro que nada disso excusa o fato de tomarmos três gols do Boavista. É inadmissível sob qualquer circunstância e não podemos começar a achar isso normal.
– Tira-teima: Romarinho ou Erick Flores? Robinho ou Tartá? Pedro ou Leandrão? Será que os três jogadores do Boavista citados não encaixariam melhor no Fluminense atual que os nossos? Caros eles não devem ser.
– O zagueiro Ibañez talvez seja uma das poucas boas revelações esse ano. Precisaremos muito dele. O meia atacante Caio também pareceu ter virtudes, mas precisa ser mais observado.
– Finalmente temos um novo patrocínio master. Espero que esse não nos dê calote ou que faça a camisa parecer um abadá.
– Logo mais, espero sinceramente que o goleiro Jefferson tenha uma atuação similar à da rodada de abertura e que nosso time titular seja completamente diferente, do goleiro ao ponta direita.
Panorama Tricolor
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