Renasceu. Simples, do nada, renasceu. De repente, alguém lá de cima disse: “Ainda não é chegada a hora. Tem a vocação da eternidade”. E tem. Mas aqui no chão, no mundo real, era preciso um braço, braços; quem o resgatasse.
Do Castor Cifuentes, do Mané Garrincha, do Jonas Duarte, dos Aflitos. Torcida aflita, mistura de desespero, de vergonha, de compaixão, de patriotismo. Determinada. Foi junto ao fundo, voltou à tona.
Desde então, de show em show, consegue dar vida às estruturas de ferro, de aço e concreto, ao cinza, ao amarelo, do verde ao azul. O show nunca termina, está sempre começando:
O show tá começando…/ O show tá começando…/ Tricolor ô-ô-ô-ô-ô/ Nense!/ Tricolor ô-ô-ô-ô-ô/ Nense!
https://www.youtube.com/watch?v=AQX5IuLeBlE&feature=relmfu
Quem vê, para e para pra ver. As bandeiras escondidas, a multidão abaixada, tal qual crianças com os adultos, brincando de esconde-esconde. Um baixo silêncio e os gritos ensurdecidos. Tudo ritmado. De repente, o bote, a massa salta e surpreende. Os gritos ensandecidos, o chão treme. E todos param para ver o show do meu tricolor:
Para pra ver/ que começou/ O show do meu Tricolor.
Uma nova concepção de torcida surge no novo milênio. Confunde-se com o Maior do Mundo. De protagonista, o gigante mais famoso da face da terra passou a cúmplice, cedendo seu corpo para que a torcida abraçasse seu time e cantasse seu amor:
Sooou/ Sou Tricolooor/ Sou tricolor de coraçãoooo/ Vim ver o Flu/ Meu grande amor/ Graças a Deus sou tricolor.
Abraçado pela sua torcida, mostrava a todos que estava vivo. Mais vivo do que nunca. A maior demonstração de vida estava nas cores. As bandeiras, os adereços, os balões, as camisas, o suor, o grito, o urro. Das aquarelas, repintaram as arquibancadas, as cadeiras, as ruas, o céu, a grama. Meu Fluzão brasileiro, vou cantar-te nos meus versos. Fluzão! Pra mim! Pra mim! Abre-se a cortina:
Ô dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe, ô/ Ô dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe, ô/ Ô dá-lhe, dá-lhe, Tricolor/ Fluzão, Fluzão
Fluzao, Fluzão
Não fosse uma heresia, o Maracanã tornar-se-ia nosso. Só nosso, tamanha a simbiose. Eram perceptíveis, inconfundíveis, os sinais da preferência. Percebia-se a alegria do estádio ao receber-nos. Conosco pulava, gritava também, vibrava. De resto, era inerte, sólido, frio, triste. E para retribuir tamanho carinho, a criatividade da torcida tricolor extrapolava, colorindo de verde, branco e grená tudo que passasse pela frente:
Imitado, mas nunca igualado. E a saga prosseguia. Crescíamos, crescíamos. Todos os dias respirava-se Fluminense, dormia-se Fluminense, acordava-se Fluminense, pulsava-se. Aos domingos, despejava-se o Fluminense acumulado dentro de cada tricolor:
Domingo, eu vou ao Maracanã/ Vou torcer pro time que sou fã/ Vou levar foguetes e bandeira/ Não vai ser de brincadeira/ Ele vai ser campeão/ Não quero cadeira numerada/ Vou ficar na arquibancada/ Pra sentir mais emoção/ Porque meu time bota pra ferver/ E o nome dele são vocês que vão dizer/ Porque meu time bota pra ferver/ E o nome dele são vocês que vão dizer
Mulheres, Homens, meninos, meninas, vivos, muito vivos, muitos vivos, Deuses, imortais. De tudo, misturavam-se e cantavam. Buscava-se inspiração em sucessos de outros tricolores. Ajustaram, mudaram, adaptaram, recriaram, num vale-tudo da arte. O grená correndo pela esquerda, o verde, pela direita, o branco, pelo meio e todos correndo juntos, de braços dados para gritar “É Campeão”:
ÔÔÔÔÔ-Ô-Ô-Ô-Ô/ ÔÔÔÔÔ-Ô-Ô-Ô-Ô/ Vamos pra cima Fluzão/ Quero gritar campeão/ Vamos lutar por mais essa taça/ Vamos Fluminense com garra e com raça/ (Não paro de cantar)/ ÔÔÔÔÔ-Ô-Ô-Ô-Ô/ ÔÔÔÔÔ-Ô-Ô-Ô-Ô
https://www.youtube.com/watch?v=1tFQ08O-DZc&feature=relmfu
Arrancaram-nos de casa. Jogaram-nos quase que para debaixo da ponte. O torcedor sente saudades, reluta, aperta o coração. Projeta as festas para um futuro próximo. Enquanto isso, deixa as coisas acontecerem. Aguarda no sofá, pacientemente, a reforma de sua casa. Mas sabe quando é preciso pular, gritar, abraçar, chorar, rir. Então, sempre acontece o suave milagre:
Mesmo com toda cumplicidade com o antigo Maracanã, tem sido no albergue que os títulos vêm sendo conquistados. Se tudo der certo, talvez, seja o último troféu ali. A última volta olímpica. E a torcida, nas arquibancadas azuis, no dia seguinte, na semana seguinte, nas sucessivas semanas, meses, anos, na eternidade, poderá sentir-se campeã:
ÔÔÔÔÔ-Ô-Ô-Ô-Ô/ ÔÔÔÔÔ-Ô-Ô-Ô-Ô/ Vamos, vamos Tricolor/ Vamos, vamos pra vencer/ Nós viemos pra cantar/ viemos pra ficar/ Contigo até morrer/ Viemos pra ficar/ Contigo até morrer/ NENSE!/ Vamos, vamos Fluminense/ Vamos, vamos pra ganhar/ Força, glória e tradição/ Eterno campeão/ Pra sempre vou te amar/ NENSE!/ ÔÔÔÔÔ-Ô-Ô-Ô-Ô/ ÔÔÔÔÔ-Ô-Ô-Ô-Ô
https://www.youtube.com/watch?v=e_8d9n5thI4&feature=relmfu
Não adianta agredir, atacar o torcedor tricolor. Não adiantam as campanhas subliminares, sórdidas. Os dossiês, as dúvidas, os gracejos retornam como um bumerangue. Todas as palavras voltam mais fortes em forma de superação. Nem vergamos. Nunca duvidem de nós. Somos imortais:
Independentemente dos resultados; vitória, derrota; para cima, para baixo; ninguém foge à luta. Mais importante do que o placar é o suor na camisa após as batalhas. É a demonstração da exigida garra, é o espírito do guerreiro. E, se sangrar, que seja, mas lutem. Se nas arquibancadas forem milhares, centenas, dezenas, um que seja, que lutem até o fim.
Não há nada mais emblemático do que cantar o hino do clube. A força vem lá de dentro. Letras, palavras e versos, soam fáceis. Até o mais desafinado vira tenor. O ritmo envolve a tal ponto que perdemos contato até com nossa própria voz. Saímos do plano concreto e entramos no mundo abstrato, só nosso. A emoção toma conta de todas as dimensões. Esse é o Fluminense Football Club:
Sou tricolor de coração/ Sou do clube tantas vezes campeão/ Fascina pela sua disciplina/ O Fluminense me domina/ Eu tenho amor ao tricolor/ Salve o querido pavilhão/ Das três cores que traduzem tradição/ A paz, a esperança e o vigor/ Unido e forte pelo esporte/ Eu sou é tricolor/ Vence o Fluminense/ Com o verde da esperança/ Pois quem espera sempre alcança/ Clube que orgulha o Brasil/ Retumbante de glórias/ E vitórias mil/ Vence o Fluminense/ Com o sangue do encarnado/ Com amor e com vigor/ Faz a torcida querida/ Vibrar de emoção o tricampeão/ Sou tricolor de coração/ Sou do clube tantas vezes campeão/ Fascina pela sua disciplina/ O Fluminense me domina/ Eu tenho amor ao tricolor/ Salve o querido pavilhão/ Das três cores que traduzem tradição/ A paz, a esperança e o vigor/ Unido e forte pelo esporte/ Eu sou é tricolor/ Vence o Fluminense/ Usando a fidalguia/ Branco é paz e harmonia/ Brilha com o sol da manhã/ Com a luz de um refletor/ Salve o Tricolor
https://www.youtube.com/watch?v=OWDk2XO5yho
https://www.youtube.com/watch?v=RElePxwiweU
Mauro Jácome
Panorama Tricolor/ FluNews
@PanoramaTri
Imagem: globoesporte.com
Contato: Vitor Franklin
Revisão: Rosa Jácome
Colaboração: Bruna Jácome
Como já dizia o Galvão (narrador do jogo FLU x Palmeiras):
ACABOUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU
É TETRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
É TETRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Quero ver a festa do último jogo. Estou cheio de expectativas.