Eis que na sexta-feira passada, antes mesmo do lançamento dos novos uniformes, foi anunciado o novo técnico tricolor. Aparentemente, a maior parte da torcida queria a volta do Cuca, mas Levir Culpi que foi o escolhido para ser a cara (ou seria o cara?) do Fluminense a partir de agora. Tenho cá comigo que, no fim das contas, foi a escolha certa. Espero que mesmo aqueles que eram contra, abracem a decisão e apoiem o novo treinador.
Carismático e firme ao mesmo tempo, Levir chegou mostrando bom humor e vontade de vencer. Coisas que serão imprescindíveis para encarar uma série de desafios. Problemas que vão além da situação comum de um time que não está conseguindo resultados e perdeu o técnico. Alguns foram até já pontuados por ele mesmo em entrevistas.
Quem é o time?
Seja pelas contusões ou pela incerteza de quem passou pelas Laranjeiras nos últimos tempos, o fato é que não sabemos quem são os titulares, os donos das 11 tricolores. Cavalieri no gol, ok. Wellington Silva na lateral direita, parece que sim. E na esquerda? E a zaga? Os volantes são Cícero e mais quem? Armação com Diego Souza e Scarpa? Fred garantido? Quem joga com ele?
Enfim, diferente dos anos vencedores de 2010 e 2012, não temos o time na ponta da língua. Cabe ao Levir não deixar que o Fluminense seja um bando qualquer. É importante que a torcida saiba que são os titulares, quem são as principais opções do banco.
E o esquema?
Alguém sabe qual é a distribuição do Fluminense em campo? É 4-4-2 ou 4-2-1-3 ou 4-3-2-1? Depende se o Fred joga? Essa falta de definição atrapalha, principalmente, em campo. Os próprios jogadores ficam sem ter certeza do que esperar do companheiro em campo. Qual faixa do campo ele ocupa? Com quem posso fazer uma troca de passe, uma tabelinha? Qual a minha opção de saída de bola, quem comanda o contra-ataque?
Nosso novo técnico vai ter que aplicar um sistema de jogo. Responder a essas perguntas e tirar as incertezas de campo. Claro, o esquema a ser definido não preciso ser rígido, mas precisa ser uma base, até para facilitar a variações.
Hoje tem treino?
Para quem acompanha o time, é sabido e notório, que os treinos são escassos. Pouco se vê além de campo reduzido com dois toques e rachão. Não tem jogador no gramado? A resposta é certeira: academia. O que se vê é um time que descansou uma semana inteira levar calor dos quarentões do Friburguense.
Não se treina pênalti, não se treina falta, não se treina cruzamento, não se treina fundamento. Chega. Levir Culpi terá que vencer essa inércia e colocar os jogadores para ralar, para aprender ou reaprender a jogar futebol.
Tem dono isso aí?
A permanência de um jogador por muitos anos sempre foi uma coisa boa, até de se bater palma. Mas isso se voltou contra nós. Alguns remanescentes passaram a empregar uma forma de usucapião no Fluminense, fazendo de sua vontade lei e de seus caprichos regras.
Também tem aqueles com ambições extracampo, que querem fazer do Clube um trampolim, sem se importar com as consequências no time e na torcida, aquela que deveria ser a primeira no ranking de importância.
Levir terá que encarar esses egos e saber impor sua vontade, se quiser seu nome em grandes campanhas. Tenho confiança nisso. Afinal, é o homem que colocou R10 no banco, quando achou necessário.
Começar o ano
Por fim e praticamente uma consequência das questões acima, Levir Culpi tem que nos colocar em 2016. Não é possível acreditar que o que vimos até agora é o Fluminense. Mesmo com apenas três dias de trabalho, precisamos nos classificar para a próxima fase da Primeira Liga perante o Criciúma e precisamos vencer o primeiro clássico perante o Botafogo. Não precisamos vencer os dois campeonatos, mas campanhas dignas da nossa grandeza são obrigatórias.
Levir, são desafios complicados que se colocam à sua frente. Mas de uma coisa pode ter certeza: se você mostrar vontade de vencê-los, ganhará o apoio de quem, como coloquei acima, mais importa. E aí sim os títulos virão, como consequência.
ST!
Panorama Tricolor
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Imagem: Rods / PRA