Orçamento do Flu para 2021 é delirante, explosivo, perigoso e pode ser nossa ruína definitiva (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, vamos dispensar preâmbulos e ir direto aos números, apenas registrando antes o agradecimento ao grupo Frente Ampla Tricolor pela live publicada no começo da semana passada. O vídeo, com pouco mais de hora e meia, removeu do meu caminho quase 90% do trabalho de pesquisa e grande parte do desafio de analisar o estranho plano orçamentário aprovado pelo Conselho Deliberativo essa semana.

Sugiro aos amigos e amigas que assistam ao vídeo

O que vou fazer aqui é acrescentar minha visão ao tema e cada um tem o direito de formar sua própria opinião, principalmente se essa opinião for produto de informação verdadeira e do confronto de visões honestas.

Indo, então, aos números, o Fluminense prevê para 2021 um somatório das despesas na casa dos R$ 258 milhões. Para começo de análise, o Fluminense, na vida real, tem previsão de fechar 2020 com R$ 152 milhões de despesas. O que significa dizer que a gestão Mário Bittencourt pretende aumentar as despesas do clube em mais de R$ 100 milhões.

O Fluminense só superou a casa dos R$ 200 milhões de despesas em 2016 e 2017. Só em 2017 o legado de Peter para Abad chegou perto dos R$ 250 milhões em despesas. Desde então, o Fluminense vem reduzindo drasticamente as despesas, condição básica de sobrevivência para um clube endividado e com as receitas encolhidas.

Pois o orçamento para 2021 prevê a maior gastança da história do Fluminense. A previsão de despesas com salários, encargos e benefícios está subindo de R$ 114,5 milhões para R$ 161,6 milhões.

Além de ser um insulto ao bom senso, esse aumento de despesas contrasta com a previsão de apenas R$ 5 milhões para contratações. Ou seja, nós não contrataremos nenhum grande jogador, mas mesmo assim gastaremos em torno de R$ 45 milhões a mais com salários, encargos e benefícios. Para quem vai esse dinheiro?

A outra rubrica que chama atenção é o crescimento das despesas com “transportes e outros gastos com jogos e competições”. O incrível salto é de R$ 10,5 milhões em 2020 para R$ 45 milhões em 2021. Para obter um parâmetro melhor de comparação do que 2020, voltemos ao ano de 2019, quando esses gastos chegaram a R$ 20 milhões. E olhem que em 2019 nós disputamos a Sul-Americana e a Copa do Brasil até fases bem adiantadas. Talvez a previsão de gastos com transporte, jogos e competições se deva aos planos do Fluminense de disputar a Libertadores até a final e participar do Mundial de Clubes. Mas não, tirem o cavalinho da chuva, porque nosso planejamento para 2021 inclui, no máximo, uma Sul-Americana, tomando o cuidado, claro, de evitar o título, como foi em 2018 e 2019.

Mas vamos ao resumo da ópera sobre as despesas. Temos um clube que chegou a uma dívida de R$ 700 milhões, incluindo contingências. Esse clube produz receitas insuficientes para pagar as despesas e amortizar suas dívidas. O que faz a direção do clube? Aumenta as despesas em aproximadamente 60%.

Qual a explicação para isso? Mário Bitenccourt prepara a aceleração da implosão do Fluminense Football Club.

Só que aí vem o outro lado da questão, e é aqui que a gente começa a tanger o delírio. É que a nossa previsão de receitas para 2021 é de R$ 302 milhões. Nem seria algo tão delirante se levássemos em conta que em 2018 o Fluminense obteve a maior receita de sua história, chegando à casa dos R$ 280 milhões líquidos.

Vale ressaltar que tal resultado foi impulsionado por R$ 120 milhões em receitas com transferências de atletas. A questão, porém, é que naquela época o Fluminense vendia e não doava seus jogadores. Mesmo assim, a atual direção prevê R$ 85,6 milhões em receitas com a rubrica. Pelo preço que o Fluminense vende atualmente, precisaríamos vender uma dúzia de jovens talentos de Xerém para alcançar isso. Talvez até um pouco mais. Reparem que é a insanidade total.

O mais delirante, porém, é a previsão de receitas com patrocínio e royalties. Mário prevê R$ 34,8 milhões com a rubrica, cuja previsão de arrecadação em 2020 é de R$ 6,5 milhões. Como pretende quintuplicar essa receita é um mistério, pois temos um mercado de marketing esportivo completamente desaquecido desde antes mesmo da Covid19.

Há outros delírios, como a previsão de R$ 19 milhões com bilheteria, sendo que não temos sequer previsão de reabertura dos estádios. Temos previsão de R$ 38,8 milhões com premiações, o que seria um recorde histórico absoluto, mas que foge à realidade de quem obterá apenas R$ 7 milhões em 2020.

Agora podemos caminhar para as conclusões finais, mas não sem antes enfatizar que o orçamento é uma peça de planejamento financeiro. Ele pode ou não se realizar da forma como planejado.

O que a gente pode afirmar é que as previsões orçamentárias na casa das receitas estão entre o otimismo e o delírio, quando o que se recomenda num plano orçamentário é caminhar numa linha tênue entre o conservadorismo e o pessimismo.

Ainda que fosse verdade que nossas receitas fossem chegar aos R$ 302 milhões, nada justificaria o imediato aumento das despesas, considerando que temos uma dívida monstruosa para pagar.

Essa foi a estratégia adotada a partir de 2015. Foi um período em que o clube foi irrigado com a renúncia de R$ 60 milhões do Profut, que recebeu R$ 60 milhões de luvas da Globo, que fez a venda de Gerson e outras. Em vez de organizar as finanças e reduzir as dívidas, aumentou as despesas, mantendo a organização sufocada financeiramente.

Só que o Fluminense não suportará isso mais uma vez. A estimativa conservadora do grupo aponta um prejuízo que pode chegar aos R$ 163 milhões, caso se confirme esse plano de despesas. Seria a ruína definitiva do Fluminense.

É claro que a gente sempre tem o benefício da dúvida a conceder. Vai que os tais patrocinadores não sejam só fruto da imaginação do presidente do clube e que o Marcos Paulo vai renovar e ser vendido por R$ 80 milhões. Que os estádios estarão liberados já em março para receber público e que o Fluminense vai montar um plantel, com R$ 5 milhões, digno de obter grandes resultados em campo e receitas fora dele.

Eu posso acreditar no Coelhinho da Páscoa, na Loira do Banheiro e até no hepta do Flamengo se for para tirar da minha cabeça a sórdida imagem do Fluminense implodindo debaixo dos nossos narizes e ninguém pagando por isso.

Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. Não abro mão de ser sócio do meu FLUMINENSE, mas essa situação é tão desesperadora que afasta até alguns sócios.
    Pra não ter minha parcela de culpa, continuo sócio, mas a situação, de fato, é desesperadora.

  2. Realmente vocês querem acabar com o fluminense, já não bastava manter alguns jogadores a baixo do rendimento , agora estão aumentando os valores dos associados !

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