Ressuscita-me, Fluminense, diante de teu amor infinito que não rima com o ódio de teus certos filhos em frases, falas e selvagerias. Dá-me teu amor e fé, teu legado de fraternidade e espante para longe teus maus presságios, esse ódio infinito e estúpido que só constrói o vazio, a solidão e a putrefação entre falsos camaradas.
Ressuscita-me, Fluminense, para vivenciar teus grandes dias entre irmãos e não covardes carrascos da poesia alheia, escroques de ocasião, mal-amados piratas das palavras, sem versos, sem poesia, cavaleiros da verdade sentados em selins de procedência duvidososa. Oportunistas sem razão, levianos sem coração.
Ressuscita-me, Fluminense, e afasta de teu ventre o cão raivoso das trevas incontestáveis, colérico até as estranhas, sedento de guerra entre os dentes e a morte em suas vísceras.
Fluminense, guardião das surpresas, irretocável demolidor das probabilidades, estenda tua colcha em grama certeira e deita-te com afinco, procurando no céu teus caminhos de eternidade, onde os mortos estão vivos demais e sussurram as nuances deste amor secular, redivivo a cada momento.
Abra teu coração para o amor, honrando teu hino, celebrando teus filhos de torcida que trocaram verdadeiros abraços, sem artimanhas vis.
Levanta-te, corra e olhe o céu.
Fluminense, sagrado Fluminense, não nascestes para servir de amparo aos fracassados, casa de tolerância, porão de mágoas, literatura de mentira. Procure em ti mesmo o melhor da vida e sentirás o encanto encarnado no teu peito.
Faça de tuas paredes divinas uma igreja de todas as religiões, uma casa de todos os humildes, uma taberna para os mais sofisticados e abonados, uma pátria de todas as famílias do mundo.
Ressuscita-me, Fluminense, e deite no rio interminável do lirismo, na saudável aragem da paixão generosa, no Cruzeiro do Sul que indique no horizonte teu melhor percurso de Gilwell.
Teu destino é praça, beleza e afeto.
Remova de ti o câncer dos rancores, a intolerância dos ignorantes, a empáfia dos tiranos ocos, a tristeza dos que já nascem derrotados a cada encontro. Faça de teu ventre, tua alma, teu corpo o sentido da vida.
Ressuscita-me, Fluminense, para que não deixes de ser meu sereno abrigo e guia. Por ti navego em caudalosos rios de amor, em ti encontro a nobreza da mulher amada, o carinho da amiga querida, o afago da duradoura admiração.
Ressuscita-me, Fluminense, e tenha no meu abraço o tamanho de um país, aquele das nossas cores vivas, das nossas festas em nuvens brancas, longe do que é insano, agressivo e invejoso. Seja tua própria estampa, teu teatro de glórias, e o para sempre há de se propagar como se fosse a própria gênese.
Fluminense familiar a milhões, dos mil Fluminenses, que tirastes os pecados do mundo, encontrai a nossa paz. Ante o céu de Gotham City, há um sinal vital a ser percebido na heráldica de teu escudo, imperecível em três cores de acalanto.
És amor, liberdade e procissão em degraus de concreto idílico.
Ressuscita-me, Fluminense, pois sou felicidade, nostalgia, construção e um abraço apertado de irmão, não um embuste.
Em memória de Fernanda Britto
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: silvio almeida
bem escrito, muito obrigado.
Seu português é muito difícil!
Pra quem escreves, ó menestrel das palavras rebuscadas?
Tive muitas dúvidas. Listo algumas:
Concreto idílico é aquele das pontes?
Gênese é aquele grupo velho de rock?
Afago foi um meio campo que jogou no Flu nos anos 90?
E por último: acalanto provoca maremoto?