Meu pai tinha uma superstição: o Fluminense não dá sorte com times que vestem verde. Coisa antiga, da década de 1970/1980. De qualquer forma, procedente ou não, duas dessas equipes, mais recentemente, sempre trouxeram problemas ao Tricolor: o América MG e a Chapecoense. O time catarinense, porém, uma dessas pedras no nosso sapato, caiu, enfim, pela primeira vez. Não foi fácil, embora o primeiro tempo fizesse crer que sim.
O Flu foi surpreendido com a mudança de esquema da Chape, que entrou com três zagueiros. Demorou cerca de quinze minutos para entender o adversário, marcando alto, forçando o erro e usando bem os laterais, sobretudo Gilberto que, pelos 20`, foi à linha de fundo e cruzou para Pedro, após um bate rebate curto na pequena área, concluir quase deitado para o gol. Aproveitando o desnorte da Chapecoense, literalmente caracterizado pelo desencontro entre os seus zagueiro e o goleiro, o Flu fez o segundo na rapidez e esperteza de Marcos Junio, aos 25`. A Chape, porém, não se entregou, teve uma bola no travessão e pressionou o que pôde.
No segundo tempo, o Flu recuou, ou a Chape o imprensou, e a equipe alviverde passou, com as mudanças efetivadas por seu treinador, a dominar o meio de campo. Fez seu gol numa falta despretensiosa, em que a barreira abriu, embora o merecesse pelo seu volume de jogo. Diferentemente do que ocorreu no jogo com o Atlético PR, quando o Flu conseguiu sair até com certa facilidade nos contra-ataques, as jogadas não encaixavam, exceto num balaço na trave de Robinho e noutro lance em que Sornoza perdeu na cara do gol. Dessa forma, a Chape foi envolvendo o Fluminense e perdeu boas oportunidades, algumas salvas por excelentes intervenções de Júlio César. O Flu estava pedindo o gol de empate.
E a torcida sentiu o mau momento, tanto que evocou o Santo Papa, aquele que nos socorre nos momentos difíceis e, assim que entoou os primeiros acordes, aos 40`, Pedro recebeu de Gilberto, livrou-se do marcador, girou e fez um golaço para dar tranquilidade e garantir a excelente vitória Tricolor. Quebramos um tabu e atingimos o cume da tabela pelo menos por algumas horas. É bom, de qualquer forma, sentir esse gostinho.
Esse é o Flu de Pedro e companhia, Pedro, o garoto em que poucos levavam fé, mas que tem demonstrado ser um dos melhores atacantes do país. É o Flu de Abel e de um grupo de desacreditados que se supera a cada partida. É o Flu que há muito tempo a torcida sonha em ver. Se vai conquistar algo, é difícil prever, mas efetivamente tem valido a pena assisti-lo e ouvir a torcida gritar a plenos pulmões as canções que o embalam dentro de campo, repertório entoado hoje do início ao fim, contagiando jogadores e quem assistia ao jogo pela tevê. Definitivamente, esse Fluminense de operários conquistou seu torcedor.
Panorama Tricolor
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Imagem: F2
Lindo!!!