Onze homens e um destino (por Walace Cestari)

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Há um ano, éramos felizes. Invencíveis. Inexpugnáveis. Toda a inveja voltava-se contra nós e contra nossa superioridade. De repente, tudo se transformou em não. Nossa potência virou prepotência e nos achamos imbatíveis para todo o sempre. Imaginamos não precisar de nada mais do que o que tínhamos. Nós nos bastávamos com uma autossuficiência cega de quem não soube ver a evolução dos adversários. Perdemos meio time, mas não vimos necessidade, prioridade na reposição. Perdemos o rumo, o prumo e os comandantes.

Chegamos à última rodada. Nossa situação é calamitosa. Esforçamo-nos para fazer uma reta final de campeonato ruim como há muito não se via. Poucas vezes fomos tão merecedores de um rebaixamento quanto neste ano. Mas, alto lá, quem disse que futebol tem a ver com merecimento? Os erros dos homens não podem ser maiores que o Gigante Fluminense. E não serão.

Tudo está contra nós. Nos olhos dos rivais, o rubor do ódio saltitam às veias. Aves de rapina sobrevoando nossas carnes. Mas não morremos. Não sem lutar. A imprensa tem as manchetes prontas para a segunda-feira, cobram-nos uma dívida que não é nossa. É o desporto nacional que deve ao Fluminense. Sem exceções. Fomos pioneiros, inventamos o futebol no Brasil. Fomos além, inventamos a participação olímpica nacional. É a cidade que deve seu desenvolvimento ao clube das Laranjeiras. É o país inteiro quem deve ao Fluminense.

Em uma tentativa espúria de nos apequenar – como se isso fosse possível! – há trinta anos há uma campanha para nos tirar a grandeza. E sucumbimos a ela. Passamos do modelo de organização ao caos. O Fluminense é o paradigma do esporte. Nacional ou mundial, escolham. Visitamos o fundo do poço para renascer novamente em nossa grandeza. Por isso, o domingo será de suma importância. Não podemos retroceder, não sejamos o que nos querem rotular.

Em campo, estarão mais que jogadores e o porvir. Estará a toda a História calçando chuteiras. Em um dia épico, precisaremos mais que nunca de nossos guerreiros. Somos onze. Somos trezentos. Somos trezentos e cincoenta, assim diria Mario de Andrade. O Fluminense é o imponderável das quatro linhas, o algoz da matemática, o verdugo da lógica. Às favas com as contas e tabelas! Avante três cores! Salvador será nossa Normandia. Vencerá o Fluminense. E a História voltará ao normal.

Onze homens. Um destino. A História nos absolverá.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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