Tricolores de sangue grená, é chato ter que ficar me repetindo aqui, mas a necessidade de falar sobre os fatos que tenho observado pesa mais do que o risco que corro de tornar-me entediante. Torcida nenhuma de time que se considera grande pode ceder ao endeusamento, seja de quem for: jogadores, treinadores, presidentes, pessoas do meio midiático ligadas ao Fluminense; ninguém é imune a críticas, tampouco digno de veneração ao extremo. Agora, há de se considerar figuras lendárias por tudo o que fizeram ao clube, a despeito de seus históricos pessoais. Nomes como Arnaldo Guinle, Oscar Cox, Preguinho, Castilho, Marcos Carneiro de Mendonça, Carlos Alberto Parreira… estamos falando de uma nata, de pessoas que REALMENTE fizeram história no clube por várias razões ou por fortes motivos, e não por 11 meses de desempenho mediano ou 1 ano e meio de muita oratória. Ainda assim, esses nomes que citei sabiam/sabem que não estão acima da instituição que ajudaram a construir. Fazem parte da história dela, no que são expoentes. Personagens importantes, sim.
Protagonistas, não. E digo isso com tranquilidade, porque parte da nossa torcida, que é a real protagonista da história do Fluminense, está cedendo seu protagonismo a figuras opacas e que estão longe de reter o brilhantismo que vimos outrora. Afinal de contas, o que ganhou Odair Hellmann, para ser tão defendido e aclamado? Ou passamos a comemorar agora turno de Carioquinha como título relevante? O que fez Mário Bittencourt, além de tentar manter os salários em dia (e não tem conseguido) e bravatear no espaço midiático que lhe é mais confortável? Vou mais além: o que fez Dodi, pelo qual até outro dia víamos uma choradeira sem tamanho por conta da não-renovação de seu contrato? O afastamento da torcida dos estádios está nos fazendo perder a noção do tamanho do Fluminense. Analiso as reações e parece que estou acompanhando o feed de torcedores da Chapecoense, do Cuiabá, do Botafogo, do Atlético-GO. Há torcedores defendendo que esses jogos sem público têm feito bem ao Fluminense! Caralho, viramos agora torcida de e-sports?
Poder-se-ia esperar que eu viesse aqui para falar especificamente do que espero do Fluminense sem o Odair, que resolveu falar um monte de merda na coletiva pós-vitória contra o Athletico-PR pois já sabia que iria sair do clube, mas a verdade é que vai depender de como o Marcão aproveitará essa situação. Se aproveitar o legado defensivo do mercenário e o legado ofensivo do Diniz, pode fazer o time inclusive subir de produção. Há posições que precisam da melhor escalação possível, e isso é algo que Odair não entregava. Há espaço no banco para jovens da base do Flu, como John Kennedy (que acertadamente já treinou com os profissionais), que estejam arrebentando, ganharem sua chance. É só não cometer os mesmos erros de Odair e insistir com quem sabemos que não pode entregar nada. Mas mais do que isso, é necessário que a torcida pare com essa merda de comportamento viuvesco e se una em torno de Marcão. Ele sim merece nosso apoio, principalmente porque pega mais uma batata quente em sua carreira. Logo, chega de nutellice em rede social. Odair já foi, Diniz lidera. A vez é do nosso cincão.
Temos uma grande chance neste domingo, contra o Vasco, de afundar ainda mais a bacalhoada e manter nosso crescimento na competição. O São Paulo deu um salto, como eu já previa, mas a qualquer momento poderá prescindir dos seus principais atletas devido à instabilidade do campeonato. Não estou torcendo para que isso aconteça, mas é um reflexo do que estamos observando. Logo, tem muita água pra rolar ainda. No meio de semana, mais uma batalha importantíssima contra o Atlético de Goiás, que foi nosso algoz enquanto a estrela apagada do ex-técnico não resolvia brilhar. E aí, no sábado que vem, a partida mais importante do campeonato até o momento, o jogo em casa contra o time do momento, que já carcou a mulambada mais vezes do que consigo contar. Espero que estejamos com 45 pontos quando formos enfrentá-los, para que possamos, com uma grande vitória sobre o time a ser batido, nos consolidar entre os ponteiros. Camisa nós temos. Um técnico tricolor e que tem bom desempenho histórico, também. Resta saber se lentamente definharemos por disputas sem pé-nem-cabeça em torno de engodos, ou se ainda somos uma torcida digna de um time enorme como o Flu.
Curtas:
– Uma pena a lesão de Martinelli. Tinha tomado conta da posição com propriedade. Teremos que aturar Hudson mais um pouco, mas André precisa ganhar confiança, pois jogava muita bola na base. Não deve ter desaprendido. Dani Bolt precisa estrear bem e tomar conta da posição, assim poderemos contar com Calegari na volância enquanto Martinelli não se recupera. John Kennedy já pode fazer sua estreia. Xerém vai dominar o time principal, porque tem qualidade, e isso é ótimo. Quem acompanha as categorias de base sabe.
– Como eu disse no Resenha Raiz, é preciso definir claramente com Marcão o que esperar em fevereiro. Acontecerá uma efetivação, ou a mesma dependerá dos resultados obtidos? Não seria melhor já ir conversando com outros técnicos, como o ótimo Ramirez, que está de saída do Independiente Del Valle, ou o próprio Dorival Jr., caso a ideia seja manter Marcão como auxiliar técnico? Essas diretrizes precisam estar claras, porque se demorarmos muito para negociar com o novo comandante, pode ser que as opções que restem sejam as barangas de sempre.
– Vendo a provável escalação, me dou conta que teremos que aturar Egídio em mais uma partida, já que Danilo Barcelos e Guilherme ainda estão fora de combate. Na outra lateral, volta Igor Julião, que também atuou no último jogo. Entendo a falta de opções, mas só espero que Marcão não esqueça de usar as peças mencionadas nesta coluna no decorrer do jogo. Sem mostrar o que podem, como vão conseguir uma vaga no time de cima? No mais, é torcer pro Egídio não entregar a paçoca de novo e para que o Cano seja bem marcado.
– Palpites para as próximas partidas: Vasco 1 x 2 Fluminense; Atlético-GO 0 x 1; Fluminense 3 x 2 São Paulo.
FREGUÊS DE CADERNO ATÉ 1985 E, ALÉM, EXCEÇÃO DO FLAMENGO A POSSUIR LIGEIRA VANTAGEM NO RETROSPECTO E AINDA ASSIM EM DESVANTAGEM QUANDO A SE TRATAR DE DECISÕES, O SUPERCAMPEÃO DA COLINA COM A COLABORAÇÃO DE PERSONAGENS MEDÍOCRES OBRIGA – NOS HOJE A REVERTER ESSE QUADRO FUNESTO E A QUEBRAR TABU EM SÃO JANUÁRIO. O QUE NÃO FAZ UMA PLÊIADE DE HOMENS DE MÁ ÍNDOLE, HEIN?…
É, Ralph. Torcemos pela vitória. ST.