O que esperar do Fluminense nessa reta final do Brasileiro? (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, até algumas horas antes do clássico de ontem o Fluminense tinha a seguinte escalação programada: Marcos Felipe; Calegari; Nino, Lucas Claro e Egídio; Martinelli e Yago; Nenê, Luis Henrique e Michel Araújo; John Kenedy.

Esperava-se que com essa formação o Fluminense fosse fazer um balanço do que teve de melhor na competição. Martinelli e Yago fazendo a dupla de volantes sugeria algo pelo menos próximo do que tivemos de melhor enquanto Dodi atuava pelo Tricolor.

Uma linha de três formada por Nenê, Araújo e Luis Henrique, jogando por trás de John Kenedy sugeria algo parecido com a melhor formação que tivemos com Nenê, Araújo, Marcos Paulo e Evanilson.

O que nos deixava animado para o jogo, mas algumas horas antes da partida surge a notícia de que Michel Araújo estava cortado da equipe. Uma péssima notícia, além da já recorrente ausência de Miguel.

É aí que entra uma das velhas idiossincrasias desse Fluminense, que é a total incapacidade da comissão técnica, o que vem desde o Odair, de mudar um esquema com suas pequenas variações. É o tal 4-1-4-1, que, por si só, já sugere dois atacantes escalados para formar a linha de marcação.

John Kennedy ficou até menos solitário na frente porque tinha uma maior proximidade de Nenê, mas a escalação de Lucca como ponta esquerda e Luis Henrique como direito também já sugeria um velho vício, que é o de inverter os jogadores de lado, colocando-os para atuar no lado que jogam pior.

Luis Henrique foi mal no primeiro tempo, Lucca nunca foi bem, Nenê foi quase nulo, o meio de campo ficou esvaziado e se o Botafogo fosse um time um pouquinho melhor teria criado sérios contratempos para nossa defesa, enquanto não criamos nenhuma para a deles.

Nenhuma mudança para o segundo tempo, mas a sorte nos sorriu. Já invertidos de lado, Luis Henrique cruzou da esquerda, a bola desviou na zaga e soltou para Lucca bater de primeira. A bola foi em cima de Cavalieri, que aceitou.

Dali em diante, o Botafogo pouco ameaçou, Marcão fez substituições que não faziam muito sentido, até a entrada de Hudson e Matheus Ferraz para garantir o resultado. E que fiquemos felizes para sempre com isso mesmo. O próximo desafio é o Goiás, nós encostamos um ponto no G-6 e podemos avançar ainda mais na classificação daqui a uma semana.

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O Fluminense não joga mal de agora, mas o Fluminense joga muito pior agora, dando muito espaços em suas entrelinhas, carecendo de compactação na recomposição defensiva e sem qualquer capacidade de articular jogadas ofensivas.

Por louco que possa parecer, o Fluminense acumula três vitórias e um empate nos últimos cindo jogos. De deixar São Paulo e Grêmio, por exemplo, babando de inveja.

Diante disso, o que esperar? Em seis jogos apenas tudo pode acontecer, menos aquilo que mais esperamos, que é ver a equipe voltar a evoluir. Apesar disso, uma vaguinha na pré-Libertadores não está descartada. Podemos sonhar. O que vem depois? A gente providencia depois.

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Pelo que mostrou até aqui, o máximo que se pode atribuir a Marcão é alguma coragem de mexer nas peças. Tirando isso, o time do Fluminense é estéril, capaz de nos fazer dormir em pé de tão chato que é de se assistir.

Marcão voltará com Fred no próximo jogo. Não sei se manterá Nenê, não sei se trará de volta Wellington para o time titular. Não sei mesmo se colocará Hudson. O que sei é que os que não começarem como titular entram no segundo tempo, sugerindo uma adorável ação entre amigos.

Nós temos um ano perdido em termos de formação de equipe e modelo de jogo, de conteúdo, e podemos, ironicamente, ir parar na Libertadores depois de 8 anos. Aí cada um que tente explicar.

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O Egídio não pode jogar no Fluminense. O Lucca não pode jogar no Fluminense, mesmo com o gol, e Wellington muito menos, apesar do gol. Wellington, talvez, entrando nos 15 minutos finais para tentar botar pressão no adversário, assim como Fred.

Nós precisamos encontrar um caminho, mas é nítido que nosso técnico para a próxima temporada não será o Marcão. Marcão mostrou que o que aconteceu no ano passado foi a exceção. Alguém espera alguma coisa mais?

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Vejam que não foi mantido no elenco nenhum centroavante. Ficaram Fred e Felippe Cardoso. Com Felippe Cardozo como opção, é natural que nos contentemos com Fred no comando do ataque. Quando não há nenhum dos dois, como ontem, o que resta é colocar o Kennedy, que não é centroavante fixo e ficou ilhado no meio de um mar de adversários, quando não escapava para os lados para tentar jogar.

Com isso, aceitaremos como algo natural o retorno de Fred, que é um dos muitos problemas do Fluminense no ano, além da saída de Evanilson, Gilberto e Dodi, da pré saída de Marcos Paulo e da perda de Odair.

Mesmo assim a camisa insiste, os Deuses insistem, o Gravatinha insiste, o Cavalieri ajuda, e vamos que vamos. Depois a gente tenta ver o que vai fazer na Libertadores.

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Enquanto eu escrevia, o Corinthians perdia para o Bragantino por 2 a 0. Cinco pontos de vantagem para o oitavo colocado, que é o Ceará.

Essa Libertadores 2021 está ou não apaixonada pelo Fluminense?