“Se quereis saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória”. Fico pensando o que Nelson Rodrigues escreveria sobre o futuro do Tricolor se aqui estivesse.
Talvez ele escrevesse “Se quereis que o Fluminense tenha o futuro compatível com sua grandeza, desprezai seu presente que deprime”.
Certa vez, ouvi ótima definição da depressão que dizia que esta se dá quando não se enxerga mais nada no horizonte, ou seja, a desesperança em seu grau máximo. Trouxe tal conceito pelo simples fato de que, o presente do Flu, tem jogado a parte crítica de sua torcida no abismo da falta de esperança.
O futebol vistoso e atraente que Diniz tem como proposta, estava sendo um pedaço de céu em meio ao inferno astral velado que assola o clube. Ocorre que, a bagunça e a corrupção são tão grandes, que até o “Dinizismo” se esvaiu, afinal nada tem resistido aos roubos e arroubos da pífia e falaciosa gestão Bittencourt.
Quinze jogos com desempenho muito abaixo, eliminação na Copa do Brasil sem ver a bola, classificação suada e com grande pitada de sorte na Libertadores, notícias de elenco rachado, presidente avançando em jornalista subserviente que noticiou o racha, Felipe Melo de porta-voz, pacotão de reforços que enche o elenco mas pouco o qualifica, balanços financeiros ilusórios, base desprezada para alimentar o lucro de empresários e total falta de planejamento.
Mesmo que ganhe a Libertadores, o que hoje está distante se analisarmos as últimas atuações, a temporada que vem traz mais medo do que esperança. Caso ganhe, os bons jogadores vão sair, muitos a preço de banana, e haverá mais espaço para as negociatas. Não espere continuidade porque nada foi construído.
Atualmente, cada camisa tricolor que desfila em campo é, na verdade, um cabide de emprego utilizado para atender o interesse da quadrilha que se apoderou do clube. O resultado esportivo, se vier, vai ser usado para alimentar a continuidade desses facínoras no poder. E eles querem uma ditadura.
Já vivenciamos momentos difíceis na gloriosa história tricolor, mas sempre havia luta com as armas possíveis e, mesmo que de longe, estava sempre lá o verde da esperança.
Desta vez não enxergamos nada. E isso é proposital. Até quando o acaso vai nos proteger? Até quando Mário vai conseguir esconder a sujeira debaixo do tapete? Até quando vamos ter como objetivo apenas classificar para a Libertadores e depois nela figurar?
Hoje, o Fluminense me deprime. Comecei minha história como torcedor em 1991. Passei momentos como os rebaixamentos, a Série C, a final da Libertadores de 2008, entre outros, mas nunca havia presenciado tamanha escuridão.
Sabemos que o clube está caindo dentro de um poço muito fundo, mas a série de mentiras nos retira até o direito de enxergar o quão fundo estamos nessa queda.
Em outra oportunidade, escreveu Nelson Rodrigues:
“O Fluminense não nasceu para ser unanimidade nem massa de manobra do interesse demagógico das elites opressoras. O Fluminense nasceu para atravessar a harmonia do bloco dos contentes. Nasceu para incomodar o senso comum. Essa é a nossa sina”.
Grande Nelson, de onde estiver, perdoai os inescrupulosos que transformaram o Fluminense em massa de manobra para atender o interesse demagógico desta gestão opressora que vem impedindo nossa trajetória de ser vencedora. Eles acreditam que a nossa sala de troféu virou estacionamento de bicicleta. O que sobra é a vaidade de um pavão pomposo nas vitórias e covarde nas derrotas.
boa.