Oi, pessoal.
No nosso último papo do ano de 2015, eu tentarei projetar aquilo que considero o pulo do gato para o nosso Tricolor se destacar, fazendo frente aos bichos papões, nem tão papões assim, do nosso futebol.
Livrar-se do complexo de vira-lata tão aguçado no primeiro ano pós-Unimed é fundamental, e já vemos a mesma diretoria, que passou 2015 chorando miséria, fechando o ano contratando bons jogadores e não mais aquele pacotão de ruindade, aquele “Me engana que eu gosto”.
Mudança de mentalidade gerando boas atitudes. Assim tem que ser, igualmente, em campo, caso contrário, não será suficiente se a proposta de jogo permanecer essa pasmaceira que temos visto nos últimos anos e que colocou mais o clube à beira do Z4 que no topo da tabela. Para um Fluminense, esse estilo de jogo engessa as asas para voos certos.
Disse, certa vez, Charles Chaplin: “- Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.” Eu li essa frase num livro comemorativo do Chelsea, numa das vezes que visitei Stamford Bridge. O Chelsea é um clube de bairro, regional. Era. Mudou a postura. E foi o clube inglês o primeiro que me mostrou a importância disso.
Muito me chamou atenção e me levou a perceber o quanto clubes considerados de segundo escalão, como o Fluminense é, precisam de um algo a mais, um pulo do gato para alcançar a visibilidade que merecem, e o quanto isso está totalmente ligado a atuação e postura do time em campo.
Abro um parêntese, pedindo para que o fator econômico, muito falado sobre o Chelsea, seja colocado de lado, já que, economicamente, existem clubes ricos ou muito ricos, mas não existe falta de dinheiro para os clubes da Premier League. O Newcastle, por exemplo, é rico, mas mantém o futebol previsível e robótico do inglês, o estagnando em termos de visibilidade e títulos.
Outro exemplo, para sairmos do forte e rico campeonato inglês, é o FC Porto, em Portugal. Muito distante da economia britânica, o abismo entre o Benfica e o Porto até os anos noventa era colossal. Hoje em dia, o Porto bate de frente com o clube mais popular do país e engoliu o Sporting, que historicamente era o principal antagonista.
Na Espanha, não foi diferente: o Real Madrid sempre contratou os melhores jogadores do mundo, como Di Stéfano e Puskas, sempre montou times que eram verdadeiras seleções. Reinou absoluto em seu país e, não à toa na Europa, sendo, ainda hoje, o maior detentor de títulos europeus.
Somente nas duas últimas décadas o Barcelona começou a construir o que viria a ser hoje, senão a maior, certamente, a melhor fábrica de futebol arte da atualidade.
O que esses clubes têm em comum e como conseguiram isso? Em comum, Chelsea, Porto e Barcelona apostaram na qualidade técnica do jogador para alcançar um jogo mais agressivo, ofensivamente. Foi o pulo do gato!
A fortuna do bilionário russo, Roman Abramovich, não bastaria se a filosofia continuasse a mesma. Já mencionei o Newcastle, lembro, agora, o Fulham, clube da mesma região do Chelsea e, até então, seu principal rival. Durante 16 anos, até 2013, o Fulham teve como dono um dos homens mais ricos do mundo, o bilionário Mohamed Al Fayed. Com muito dinheiro mas sem audácia de quebrar a tradição de estilo de jogo, nada acrescentou.
O FC Porto, sob a batuta de Jorge Nuno Pinto da Costa, até hoje, justificavelmente, somente cresceu quando começou a apostar em jogadores mais técnicos, como o baixinho Rui Barros e o “magrinho” Paulo Futre, e num futebol mais ofensivo ou agressivo ou intenso, como queiram.
E o Barcelona, arrebatador, fez o mundo do futebol se consternar, derrubando a falácia de que o futebol arte já não mais tinha lugar nos dias atuais nem fazia frente ao futebol força. Os “baixinhos” Xavi, Iniesta e Messi colocaram ingleses, alemães, italianos, argentinos e brasileiros na roda.
Isso porque “sem ovos, não se faz um time assim”. Sem ovos, os treinadores brasileiros optam pela retranca, pelo antijogo ou o de não sofrer gol para não ser derrotado porque, assim, perdem seus empregos. Já era assim quando ainda tinham “ovos”, como se eu pudesse esquecer o Rubens Mineli, Ênio Andrade, enfim, os discípulos de Claudio Coutinho e Zagalo dos anos 80. Imaginem hoje em dia…
Para piorar, eles sempre tiveram “ovos” em abundância para fazer omeletes, nunca precisaram ensinar nosso jogador a jogar bola, como ultimamente precisam fazer nas divisões de base, por conta de alguns fatores que não vêm ao caso agora. O Europeu, especialmente, alemães, espanhóis, holandeses, ao contrário, passaram a trabalhar a parte técnica do atleta enquanto o brasileiro enchia-se SÓ de preparação física.
Cada vez mais sem “ovos”, nossos clubes foram tomados de brucutus em todos os setores. Zagueiros que não sabem cabecear; laterais que não sabem cruzar; volantes que não sabem passar; meias que não sabem lançar e tabelar; atacantes que não sabem finalizar… mas todos fortes e velozes.
Os poucos, com certa qualidade técnica, que conseguem espaço, logo saiem do país. Perdemos a qualidade técnica dos nossos jogadores e como nunca tivemos bons treinadores pela falta de necessidade, estamos vendo o pior momento da história do Brasil no esporte.
É URGENTE voltarmos a trabalhar, na base, os fundamentos do futebol. O posicionamento e deslocamento, as características necessárias, enfim, para cada posição. Com melhor qualidade técnica do jogador, maior a probalidade de um time ganhar poder de fogo, agredir o adversário, se impor, ser grande.
Mas, voltando no nível dos clubes… Contra a fábrica midiática dos mais populares em seus países, como Arsenal e Manchester United; Benfica, em Portugal; um Real Madrid, uns com mais ou menos expressão, brilhantismo e grana, respeitando as devidas proporções, Chelsea, Porto e Barcelona usaram essa receita da qualidade individual do jogador para atingir a intensidade ofensiva e subir de patamar.
É essa audácia, esse espírito, essa certeza e motivação que quero e desejo ao nosso Fluminense. Esse é o pulo do gato. Só com um time diferenciado em termos de postura e gana, o Tricolor conseguirá fazer frente aos protegidos e populares Corinthians, Flamengo, Palmeiras, São Paulo e Vasco, assumindo o espaço deste último, que parou no tempo.
Se jogar o futebolzinho meia boca, retranca mais contra-ataque ou retranca jogando por uma bola, pode contratar grandes jogadores que continuará sendo um time meia-boca. No “novo” futebol moderno, o defensivismo caducou. No futebol nivelado por baixo, como o nosso, sendo um clube sem a popularidade dos outros, precisamos mostrar um algo a mais. Esse é o principal desafio do Fluminense para 2016.
Por isso, não caduque, Fluzão! Ao ataque!
::: TOQUES RÁPIDOS :::
– Douglas Costa afirmou, em entrevista ao Esporte Espetacular do último domingo, o que Guardiola pediu a ele: “Não precisa voltar para marcar. Você é jogador de ataque, tem que jogar no ataque.”
É isso! É o futebol brasileiro antigo: o ponta joga nas costas dos laterais, ao invés de marcá-los, ficando distante do gol e sem pernas. Viu isso, Eduardo?!
Por Deus, tomara que sim! Porque esse ano já vi o professor de táticas da CBF, Drubscky, escalar Jean aberto na esquerda e seu substituto, Enderson, posicionar Wellington Paulista de médio-ala-direito, marcando o lateral adversário.
Não aguento mais esses técnicos!
– Sobre a venda do Biro-Biro, em que o Fluminense ficou com metade da multa, infelizmente, parece indicar que os investidores da Traffic não quiseram ou puderam esperar melhor proposta, talvez pela crise econômica e o jogador não quis perder a chance de fazer seu pé de meia e nossa diretoria sofreu pressão para aceitar a venda. Apesar do negócio ruim, até que ele deu um sumo para o clube, mesmo pouco valorizado que foi.
– Dez milhões de reais, à vista, por Richarlison do América-MG?! Aposta alta para uma venda futura, o que sugere, igualmente, que o Fluminense entra no negócio com parceiros ou melhor, terceiros. O atacante do Coelho, que também foi pretendido pelo Santos e já tem contrato com a Nike, sonha fazer parte da Seleção Olímpica do Brasil. Sucesso ao rapaz que, dizem, tem 18 anos.
– Felipe Amorim foi outro contratado do clube mineiro. Como já mencionei, tive boa impressão dele.
– VEM! VEM! VEM! Henrique é um excelente zagueiro para jogar no Brasil. Teve uma passagem ruim pelo Palmeiras por questões físicas, mas inteiro, tem bola para cravar no peito a estrela de xerife. Boa sorte para ele!
– FELIZ ANO NOVO! Pessoal, desejo um 2016 repleto de paz, com as melhores realizações e alegrias. Que papai do céu proteja e ampare todos nós e o deus Gravatinha, seja um escudo de luz invencível a favor do nosso Tricolor! “Que a força esteja com o Fluminense!”
Abraços.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @CrysBrunoFlu
Imagem: catfly
Fluminense clube de segundo escalão no futebol Brasileiro!?
O sistema Globo provoca um efeito devastador mesmo.
Financeiramente no momento, e espero que isso seja por pouco tempo, concordo contigo, Crys. Mas historicamente a história é totalmente outra.
ST!!
Concordo em absoluto, Nelson, principalmente com o nefasto efeito midiático.
Excelente observação, Crys, estou no mesmo eito. Um excelente Réveillon para ti, e um alvissareiro 2016 para o nosso Fluzão! ST
Crys, é claro que você não viu jogar a Máquina de 1976, mas com certeza você conhece a escalação que era:
Renato; Carlos Alberto Torres, Miguel, Edinho e Rodrigues Neto; Carlos Alberto Pintinho, Rivellino e Dirceu; Gil, Doval e Paulo Cesar. Quantos volantes? Um, apenas o Pintinho, que era um meia fora de série. Ainda tinha Kleber, Rubens Galaxie, Herivelto e outros de excelente nível. Os dois laterais apoiavam barbaramente e olha que não eram mais garotos.
Olá, Paulo. Realmente não tive esse privilégio. Para lembrarmos como um time bom marca, mesmo sem ter sido campeão brasileiro.
Lembrei também do Corinthians que ficou 24 anos sem conquistas mas porque tinha times bons, fez torcida.
É importante ser atração ainda mais hoje em dia.
Feliz ano novo! Que 2016 seja colorido de verde, branco e grená!
Oi, Cecília, muito obrigada. Feliz ano novo para você por aí também!