Ô, ô, ô, ô, ô, Cícero! (por Paulo-Roberto Andel)

IMG_20160116_085457

O golaço de Cícero contra o Tigres neste domingo em Volta Redonda me convidou a uma reflexão.

Ele tem uma ligação com o Fluminense de quase uma década.

Chegou amuado, calado, tímido, demorou a se acertar. Era o contrapeso do atacante Soares.

Campeão da Copa do Brasil em 2007, depois foi um dos jogadores mais importantes na Libertadores 2008. O sonho acabou, foi embora. Prometeu voltar um dia. Deixou de lembrança a musiquinha que acho das melhores: “Ôôôôô, Cícero!”.

Da entrada à saída, foi outro cara: marcou a trajetória com passadas elegantes, cabeçadas fulminantes, era volante e atacante numa questão de segundos. Um jogador polivalente, completo. Foi para a Alemanha.

images (4)

Tentou retornar de todo jeito na era Muricy, não conseguiu. Comeu a bola naquele jogo nojento que fizemos contra o Santos em 2013. Veio finalmente em 2014 e esteve presente em algumas das melhores partidas do Fluminense desde 2012, as do início da Era Cristóvão, quando toda a grande imprensa – precipitadamente – louvou o Tricolor como o dono do melhor futebol jogado no Brasil. Naquela época, mesmo sem Cícero em campo, chegamos a perder uma partida no Maracanã contra o Vitória, mas o time jogou e lutou tanto que foi aplaudido na saída por 50 mil torcedores. E ele correndo noutros jogos, fazendo gols, sendo útil.

Aí, por fatores que nunca ficaram devidamente esclarecidos (infeliz padrão do Flu nos últimos anos), o céu virou inferno e a coisa desandou. Subitamente, passou a ser acusado informalmente em diversas rodas e cochichos de “chinelinho”, mau caráter, desagregador, características que nunca apresentou antes em nenhuma das equipes que jogou, pelo contrário: um jogador de poucas e respeitosas palavras. Foi relegado a terceiro plano enquanto o nosso time definhava no Brasileiro e desperdiçava uma vaga à Libertadores, outrora considerada certa. Era o culpado da vez, então enviado para o Al Gharafa.

Deu zebra nas terras de Alá, voltou antes da hora (seis meses), muitos queriam vê-lo longe das Laranjeiras sem uma justificativa razoável, preferencialmente numa troca esdrúxula com o Cruzeiro. Acabou ficando e esteve em campo na promessa efêmera de time que durou até o primeiro turno do Brasileiro do ano passado – o segundo foi desastroso por vários motivos, e Cícero não teve culpa em nenhum deles.

Chegamos a 2016, ainda num começo de temporada, com algumas atuações duvidosas. Esperamos a melhora. Lá estava o Cícero. Seu golaço contra o Tigres, o primeiro de bicicleta em sua carreira, não é um divisor de águas em sua vida profissional. Este jogo está longe de ser inesquecível. Mas o belo lance me faz pensar no passado recente e distante, no presente e acaba provocando uma pergunta: o que aconteceu para uma parte da torcida querer a caveira do jogador do dia para a noite, sendo que ele sempre honrou a camisa do clube e realizou várias boas atuações em épocas diferentes?

Cícero é discreto, de poucas palavras e poucas entrevistas. Os mais jovens precisam conhecer a linda campanha da Libertadores de 2008 e a temporada de 2007; assim, entenderão o respeito que ele merece receber. Aos mais velhos, só peço uma pitada de lucidez.

A GOLEADA SOBRE O TIGRES

Ufa! Típico jogo em que a vitória só vale pelo sentimento de torcer, porque não dá para tirar qualquer conclusão aprofundada – parecia um coletivo com camisas oficiais. Mas, se perdesse ou empatasse, era o caos, daí a importância dos três pontos. Meu respeito ao Tigres, mas é um time frágil demais, um lanterna que parece nem fazer questão de estar na primeira divisão. Até Oswaldo marcou, o que diz quase tudo. Diego Souza foi bem e as testemunhas da partida no Raulino louvaram o Henrique novo.

Partida com 1.237 presentes, sendo 799 pagantes. Números deprimentes, amadores, para um campeonato esgarçado, sabotado pela própria Federação.

Agora tem o sério Cruzeiro pela Liga e o Fla-Flu em Brasília. Vamos ver no que dá e o que é.

ROLLING STONES NO FLU

Não deixem de conferir a exposição nas Laranjeiras.

De resto é Muddy Waters: “Rolling stones gather no moss”, “Pedras que rolam não criam limo”.

Absolutamente Fluminense.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra

3 Comments

  1. Boa noite, Andel!
    Faço minhas suas palavras sobre o Cícero, e também como vc nunca entendi o jogador ser o culpado do desempenho do time. Eu entendo que no time de 2008 ele foi a peça importante naquele time. Fiquei triste quando saiu para a Alemanha muito feliz quando retornou.
    Entendo que o time precisa melhorar muito,mas com jogadores que temos podemos mais do que mostramos até agora.
    E isso.
    Abraço e Saudações Tricolores!

Comments are closed.