Inevitavelmente, o livro de vexames tricolores ganhou mais uma página na noite da última quinta-feira. Por fatores que vão além dos gramados e que estão dentro deles, vimos a chance de faturar uma ótima premiação financeira e de avançar às oitavas de final ir pelo ralo. Sem qualquer tipo de pronunciamento, a diretoria manteve-se calada sobre a desclassificação e Odair continua seguindo plenamente como treinador. Já a torcida segue a mesma: tendo que aguentar toda a lástima que vem se arrastando há anos, campanhas ruins em todas as competições e, sobretudo, promessas não cumpridas. Onde está o time competitivo e os patrocínios prometidos pela chapa que venceu a última eleição?
A cada jogo, Odair comprova sua inabalável teimosia com as mesmas substituições sabendo que elas não resultarão em nada. Por que temos que aguentar Felipe Cardoso em TODOS os jogos? Não é possível uma pessoa ver que está errando e continuar insistindo. Isso não é normal. A torcida não é burra, nem cega. Torcemos para o clube no qual implantou o futebol nesse país, construindo ao longo de décadas uma história vitoriosa e de tradição. Tivemos, um dia, Francisco Horta como presidente, que nos presenteou com o melhor time de todos os tempos – não preciso dizer que estou falando da máquina tricolor. Depois, vimos um show no triênio 1983-84-85, fruto da pressão da torcida, inconformada com os insucessos anteriores.
E antes de tudo isso, conquistamos o mundo, vencemos o Brasileirão de 1970, tínhamos hegemonia e respeito em nosso país. Fora dos campos, ganhamos o prêmio nobel do esporte, por termos sido a instituição perfeita e mais organizada do mundo em 1949; lutamos contra o nazismo, doando um avião de caça ao Brasil na segunda guerra mundial; erguemos as Laranjeiras no início do Século XX, berço do futebol brasileiro, cedendo ela à seleção nacional para realizar seus primeiros jogos. Atingimos o apreço e respeito de muitas pessoas valorosas através de gestos até hoje lembrados.
A tradição tricolor é imbatível e irreparável. Não há dúvidas sobre isso. Contudo, atualmente, não vemos ela sendo honrada como deveria. Todxs sabemos disso. Passam os times, as diretorias e não vemos isso. Passamos a ser figurantes em tudo, o que não condiz com a nossa essência. Posto isto, o Fluminense não é um ambiente para brincar e fazer valer prepotência, arrogância e soberba aos quatro ventos, e sim um lugar onde deve haver respeito a essa instituição que realizou todos esses feitos que citei e mais tantos outros. Laranjeiras é um lugar sagrado. Não é escritório e nem uma simples sede fundada por amadores há pouco tempo. É isso que muitxs não entendem.
Hoje, minha vontade era não me estender tanto e relembrar uma vitória que conquistamos sobre o Coritiba, que vi ao lado de meu avô – um guerreiro tricolor –, mas o último episódio e todo o problemático contexto do Flu me impediram de fazer. No Brasileirão, é nosso dever jogar cada jogo como uma decisão. O ano por si só já está farto de vexames, não diferente dos anteriores. Portanto, ter um pouco de paz é o que PRECISA ser dado à torcida neste restante do ano, algo que não temos há longos oito anos – ainda assim, nada compensará tudo que já desperdiçamos em 2020. A começar pela segunda-feira.
Saudações tricolores.
Panorama Tricolor
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