O dia era 29 de abril de 1994. Era uma noite de sexta-feira. Fluminense e Botafogo se encontraram para um duelo pelo quadrangular final do campeonato carioca daquele ano. Não fui ao Maracanã, embora eu estivesse ali do lado. Aliás, o público foi bem esvaziado.
Naquela noite eu estava na UERJ. Saí da aula e tinha uma roda de samba muito boa para os funcionários (eu era aluno) e ainda por cima tinha show da Leci Brandão na Concha Acústica. Desde sempre gostei de samba, como desde sempre amo o Fluminense.
Ao sair da aula fui para o Bar do DCE onde rolava a roda de samba e faríamos o aquecimento para o show da Leci Brandão. Aproveitei para escutar o jogo ao lado de um amigo botafoguense, Ricardo Góes. E não acreditava no que estava ouvindo. No radinho de pilha a goleada que se desenhou e se concretizou fazia com que o narrador a todo momento gritasse gol do Fluminense.
Em meio aos sambas e aos goles de cerveja, certa hora me perdi na contagem. Me passaram a cola: sete a um”. Eu que já estava inebriado pelas cervejas e pelos sambas, fiquei louco com a goleada.
Fui para o DCE, cortei o rolo de faixa de papel em forma de quadrado e pintei “Fluminense 7×1 Botafogo”. Fui para o show da Leci Brandão – showzaço, por sinal – e estendi a faixa na frente dela. Ela, no meio da música mandou: “Parabéns aos tricolores, pela goleada”. Mil risos.
Sobre o jogo em si, muito foi se falado. Mario Tilico esculhambou a defesa tricolor. Aliás, só Mário Tilico, não, o quarteto ofensivo tricolor todo: Luis Henrique, Luis Antônio, Mario Tilico e Ézio. Até o Branco fez gol. De pênalti, mas fez. Um esculacho. Uma pena nosso ídolo Eduardo estar do outro lado e ter sofrido esta “porranca”.
Lembro-me de que Carlos Augusto Montenegro comeu o time deles no esporro no vestiário e que até hoje, os botafoguenses, alegam uma entrega do time alvinegro. Vá saber. O que está registrado é a chinelada histórica, impiedosa.
Infelizmente, o Fluminense sucumbiria para o Vasco no jogo decisivo.
Mas, no ano seguinte, em 1995…
Panorama Tricolor
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