Não importa o que aconteça, o elevador das emoções do torcedor tem apenas dois andares: céu ou inferno. Ou estamos descendo para a maior das desgraças e aí é hora de pedir a cabeça de todo mundo, ou então somos candidatos a Libertadores, Mundial, Intergalático, sabe-se lá o quê. Nessa hora somos guerreiros, craques, imbatíveis ou super-heróis.
O início promissor no Campeonato Brasileiro encheu-nos de esperança, candidatos ao título. De repente, crise. Candidatos ao rebaixamento.
Problemas nos vestiários nos tiraram a regularidade, esse é fato concreto. Parece que as coisas foram resolvidas, os erros “reconhecidos” e a tranquilidade voltou ao trabalho. Dez dias de “folga” deram tempo ao treinador de conhecer melhor as peças que tem à disposição e incutir na equipe sua filosofia de jogo.
O elenco é o mesmo, o treinador está longe de ser uma sumidade – não vejo diferenças significativas entre Eduardo Batista e a maioria dos outros técnicos do país –, mas o clima mudou. E isso é o mais importante quando se fala de Fluminense. Somos os mestres em ser nosso maior inimigo.
Entretanto não há razão para foguetes e euforias. Elas nos levam ao patamar da idealização de onde a queda normalmente é dura demais. Eduardo tem suas qualidades, mostra trabalho ao buscar dar maior proteção à zaga e apostar em um meio de ataque veloz para municiar nossa principal estrela, mas isso não nos faz uma máquina.
Individualmente temos boas peças distribuídas pelas posições e ótimas revelações entre os jovens. Ainda assim, todos no Flu são suscetíveis às pressões e oscilam demais em suas atuações. O que parece difícil é alcançar alguma regularidade. E isso só é possível construir a partir do grupo. O coletivo influencia a regularidade individual. Somos movidos a vontade e esse gosto, esse tesão de estar em campo com a camisa tricolor ressurgiu nas últimas apresentações.
Com Fred e companhia animados temos menos peso nas costas dos jovens, que se arriscam mais; temos tranquilidade para os veteranos alcançarem o equilíbrio necessário; aliviamos os jogadores da zaga que, quando tranquilos nos dão sustos, quando desesperados, são capazes das maiores pixotadas.
A calmaria dos vestiários e diretoria deixa emergir uma característica natural deste grupo: a entrega. São guerreiros por natureza. Em alguns momentos, mais vaidosos do que o necessário, mas é inegável que têm alma. E é bom demais quando vemos que estão dispostos a colocá-la em campo.
A ansiedade da torcida mira as semifinais da Copa do Brasil, contra um Palmeiras que se assemelha ao Flu: um time de bons jogadores que oscila por conta das mais variadas razões. Capaz de nos golear e de ser goleado pela Chapecoense logo em seguida. Antes, porém temos um difícil jogo contra o Cruzeiro que não deve ser de todo ignorado.
O que faz desse time ser diferente é sua motivação, é sua moral alta. Isso alimenta os jogadores e fazem-nos produzir. Talvez poupar muitos jogadores diante do Cruzeiro não seja a melhor opção. Haver um planejamento para que um ou outro fique como opção ou que só jogue meio tempo, vá lá, mas esse time tem a necessidade de guerrear. E em cada batalha se forja e prepara-se para a próxima.
Não sei se ganharemos de Cruzeiro e Palmeiras. Não sei se somos favoritos a qualquer coisa. Não espero, verdadeiramente, nem sequer os resultados – torço por vitórias, é claro –, quero apenas esse mesmo compromisso.
Perder ou ganhar é do jogo. Lutar como guerreiros, isso é nosso DNA. No céu ou no inferno, quero apenas ver o suor na camisa tricolor. Essa é sempre nossa maior vitória.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
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Clap. clap. clap!!! Perfeito Cestari! Absolutamente irretocável!
ST