Oi, pessoal.
Os amigos leitores do Panorama Tricolor que, gentilmente, também me acessam aqui sabem que historinhas de “elenco fraco”, “campo ruim”, “cansaço físico” não me enganam mais. Também sabem o quanto importam a atitude ofensiva e escalação com encaixe para não travar o time, que qualquer criança de 10 anos hoje sabe fazer.
Igualmente no caso do Levir Culpi: não creio na justificativa simplória, até ingênua, de que “o técnico é fraco.” Não. Levir não é fraco. Nem nunca foi retranqueiro. Drubscky é fraco. Enderson Moreira e Eduardo Batispta são retranqueiros, ou seja, treinadores que não assumem riscos, preferem fechar a casinha e jogar por um gol, montando seus times para não perder e, se ganharem, maravilha! Cristóvão é fraco (não sabe montar um time), mas não é retranqueiro.
Os quatro são treinadores, no máximo, de times médios, onde se você se mantiver na primeira divisão é festejado como notável resultado. Apesar da mentalidade mediana do atual presidente tricolor , a contratação de Levir Culpi foi uma mudança substancial de paradigma no perfil: Levir é técnico de ponta, com perfil e histórico de montar times ofensivos, rápidos e competitivos. Foi isso que ele fez no início, sem Fred, que culminou no título da Primeira Liga. Depois, com e sem Fred, desandou de vez.
Por ter acompanhado e ainda lembrar bem dos times de Levir no São Paulo (2000), no Atlético-PR (2004), no Atlético-MG (2014/2015), apostei na mudança de atitude, de postura e de estilo de jogo do Fluminense para melhor, muito melhor.
Viciado nas propostas de jogo defensivo de Muricy Ramalho e Abel Braga, que trouxeram títulos, o clube, incluindo a torcida, achou que só se ganha nesse estilo e aceitou os perfis e atuações de times pequenos para um clube grande que, por ser historicamente mais perseguido que outros, deve sempre buscar se impor e agredir o oponente para não sofrer.
Pois bem: 99% dos treinadores brasileiros jogam assim. Mas poucos percebem que esse estilo caduca. O Fluminense subiu de patamar assim, tornando-se time de ponta, que não pode atuar como azarão. Assim, o Flu caducou. Sofreu. Chegou a fechar a última rodada de 2013 no Z4, salvo do rebaixamento pelas ilegalidades cometidas por Flamengo, primeiro, que foi protegido pela Lusa depois.
O estilo de jogo de fechar os espaços defensivos posicionando oito jogadores entre seu gol e a intermediária caduca como proposta de jogo. Só é aconselhável em determinadas circunstâncias da partida, como por exemplo, final do jogo, perda de jogador expulso; enfim, um uso restrito para alguns minutos, no entanto, NUNCA como filosofia e estilo permanente. Levir era, portanto, o técnico que daria ao Fluminense esse patamar (que só vi com Dorival Jr, indevidamente demitido).
Por isso, a mesmice e o time com o perfil de time do Enderson Moreira me deixavam encucada nesses últimos meses. Cobrei, sim. Estranhei mais ainda porque conheço Levir Culpi. Entendo até o relaxamento deste treinador; afinal, dá mais trabalho montar o time para ser ofensivo porque exige que você encaixe bem a característica de jogador para jogador, e mero reflexo da ausência de ambição e cobrança de Peter.
Usar a proposta de jogo dos últimos meses culminou em atuações bisonhas, medíocres e indignas, – como diante do famigerado e hercúleo Botafogo – ainda servia para evitar algumas derrotas, manter o time longe do Z4 e ganhar sua graninha até dezembro quando a mudança de diretoria deve ocorrer. Era decepcionante para minhas boas expectativas sobre ele. Foi o que concluí tanto na derrota no Clássico Vovô quanto na vitória suada sobre o Figueirense. Até a vitória sobre o Atlético-MG…
Doeu muito jogar como time grande, que se impõe, que diz ao adversário de pronto: eu quero, eu posso e eu vou vencer esse jogo? Foi excesso de cobrança minha? E agora, o elenco é fraco? O técnico é fraco? Ou ficou claro que temos um elenco que não fica a dever a ninguém que disputa o título e a diferença era a proposta ofensiva, imponente de jogo?
Com o Fluminense jogando como Fluminense, gana, tesão pela vitória, e Levir sendo Levir, sem “centroavante-poste”, sem sequer um primeiro volante brucutu, que permite que o meio-campo avança e possibilite a marcação alta e com jogadores rápidos e leves, o time fez a sua melhor atuação no ano.
Ainda assim, nosso comandante errou na escalação quando abriu mão do jogador mais de área. O trio Marcos Jr, Danilinho e Wellington ficou sem esse homem à frente deles para o passe, lacuna consertada e resolvida no segundo tempo com Magno Alves (o homem de área que não é o “centroavante-poste”).
Só o gol do título da Primeira Liga me fez vibrar de euforia, orgulho e prazer como nessa vitória gigantesca, honrada, que nos orgulha porque vimos o Fluminense como Fluminense e como merecemos ver sempre, que nos faz não querer mais parar de falar, rever, comentar, escrever sobre, enfim.
E nesse divisor de águas que será a maratona de setembro, o Flu receberá a Chapecoense, a três pontos do G4, encerrando o mês nos dois próximos domingos como visitante contra Grêmio e Corinthians, adversários diretos pela vaga à Libertadores.
E agora?
Amigo, é tudo ou nada!
É repetir a fome ofensiva com a escalação que Levir deve ter percebido que é a ideal pelo segundo tempo do último jogo, não somente para vencer o time catarinense, mas também para não ser engolido por Grêmio nem Corinthians fora de casa.
Para isso, basta que o Fluminense seja o Fluminense e Levir seja Levir. Coragem, comandante! Coragem, rapazes! Avante, Fluzão!
::Toques rápidos::
– Que partida defensiva fez o William Matheus, sempre próximo e na linha da dupla de zaga. Pedir para ele apoiar bem seria pedir que ele fosse o Roberto Carlos;
– Que inútil o Wellington Silva quando não temos centroavante-poste na área, porque ele corre, ataca, deixa uma avenida nas costas, porque não recompõe e fica sem saber o que fazer no ataque porque só sabe cruzar (99% das vezes errado) para um pivozão. Cadê o Jonathan?
– Douglas sabe jogar futebol. Só precisa ser orientado e cobrado em duas coisas, já que é jovem: não se afobe em fazer a falta, parando o jogo, para mostrar que é pegador; muito menos se precipite com a bola no pé, em mostrar que tem a qualidade de passe do Modric ou Busquets.
– Magno Alves não pode ser mais reserva desse time;
– Escalaria Maranhão, Marquinho, Scarpa e Magno Alves (sim, sem Marcos Jr). Por que Maranhão? Porque ele é o único driblador nato, que o faz ter a mesma característica de Wellington, suspenso. Marquinho e Magnata vão dar calma e boa resolução, escolha de jogada. Mas alerto: um meio com Douglas, Cícero e Marquinho não pode jogar posicionado muito atrás: são lentos e não teremos o melhor deles se aumentarem o espaço para a ligação com o ataque;
– Pô, não aguentava mais ver só camisas de rivais nas ruas e a gente cabisbaixo. Pô! Que o divisor de águas de setembro tenha sido para o nosso Tricolor concretizado nessa atuação maravilhosa de segunda-feira passada, e agora que venham as alegrias;
– Vaiar ou aplaudir Fred? Escolho a indiferença. Nem é mais importante assim para merecer vaias, nem mais merecedor o é dos meus aplausos que, ao lado de milhões, ocorreram em anos;
– AO G4. VEM, LIBERTADORES 2017!
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Panorama Tricolor
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Imagem: bruc
Mandar o Dorival embora talvez tenha sido a maior burrice do Peter / Mario de 2013 pra cá.
Acho que com umas partidas a mais, Marquinho encaixe no lugar do Cicero, teremos mais mobilidade e suor assim.
Impressiona a lucidez de seus comentários, não me canso de ler.
ST
Gaia, muito obrigada pela força de sempre mas principalmente pelos comentários que acrescentam demais! ST