O Fluminense de volta à dura realidade (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, a César o que é de César. Ao Flamengo o Flamengão, como era esperado, embora nos últimos dias uma grande dúvida tenha pairado sobre a cidade.

Eis que era para ter terminado na Taça Rio, mas esqueceram de combinar com o Fluminense. A decisão não passaria, então, de domingo passado, mas mesmo a vitória rubro-negra deixou um grande ponto de interrogação acerca do que aconteceria na noite de ontem.

Nesse aspecto a Ferj foi decisiva ao marcar o segundo jogo da final para três dias após o primeiro, favorecendo os rubro-negros, que já contavam, naturalmente, com melhor condição física, mas isso se fez visível na noite de ontem, já que o Fluminense não teve tempo sequer para se recuperar.

Diante do desequilíbrio físico, técnico e político, podemos dizer que o Fluminense até que se saiu bem. Proporcionou ao Rio de Janeiro uma decisão de fato, diferentemente do que houve no ano passado, quando em momento algum se suspeitou que o Vasco pudesse opor qualquer resistência ao rival.

Aliás, houvesse o Fluminense chegado àquela final, provavelmente sagrar-nos-íamos campeões de 2019, pois nosso time, naquele momento, jogava mais futebol que o adversário. Mas é aquela história: a César o que é de César.

Marcado o segundo jogo para o próximo domingo, talvez a nossa sorte tivesse sido diferente, com a equipe tendo tempo para se recuperar. Como não aconteceu, tivemos na noite de ontem um jogo diferente dos demais.

O Fluminense jogou o primeiro tempo entrincheirado. Mesmo não conseguindo o mesmo êxito de uma semana atrás em não ceder chances ao adversário, o Flu chegou três vezes com perigo. Houvesse uma bola daquelas entrado, nós poderíamos acreditar que o título estava a um passo, mas mesmo assim o segundo tempo seria complicado.

Esperávamos aquela blitz tricolor na segunda etapa e parece que o Fluminense até tentou, mas logo ficou claro que não tínhamos condição física para repetir o segundo tempo de domingo passado. Na medida em que o tempo passava, o Flamengo ficava mais confortável em campo e não conseguimos sequer ameaçar o gol de Diego Alves durante os 50 minutos finais.

O gol rubro-negro saiu quando o campeonato já estava resolvido com o zero a zero. Aliás, já estava resolvido muito antes, quando Odair abriu a caixinha de Pandora, fazendo entrar no jogo Ganso, Caio Paulista e, pasmem, Felipe Cardozo. Nem nos mais belos dos meus sonhos eu conseguiria imaginar que tais peças poderiam mudar o rumo do campeonato. Enquanto isso, Miguel sequer entrou em campo dessa vez.

Mais uma vez nosso treinador mostrou que é parte do problema. Escalar Felipe Cardozo numa final de campeonato, com o time precisando de pelo menos um gol para levar a decisão para os pênaltis, é coisa de quem não tem lá muito compromisso com a vitória.

Que existe uma distância entre o atual elenco do Flamengo e o nosso, isso nós já estamos carecas de saber. O que nós não sabemos é que distância é essa, mas isso nem importa muito. Precisamos saber é a que distância estamos dos outros, o que só saberemos com umas seis ou sete rodadas de Campeonato Brasileiro, o que é muito perigoso.

Já vimos que Odair é capaz de dar competitividade e padrão tático ao time, que é capaz de jogar defensiva e ofensivamente com bom desempenho, mas que nitidamente não tem autonomia ou critérios para escolher os melhores.

Foi por esses dias que chegou a notícia de que o Fluminense vendeu o lateral-esquerdo Cezar, formado em Xerém, uma das esperanças no elenco para uma posição carente. Não houve quem revelasse o valor dessa transação, mas fizemos questão de salientar que o Fluminense manteve 30% dos direitos econômicos do atleta.

Isso prova que a filosofia não mudou. Além de continuarmos sendo uma fábrica de peças para outros clubes, sem o menor compromisso com resultados esportivos, não há qualquer transparência nessas negociações, provavelmente porque são injustificáveis. Talvez, quem sabe, o Fluminense tenha recebido o suficiente para pagar os salários do Orinho.

Então o nosso grande projeto para 2020 é trazer de volta o Fred. Não porque o Fred seja a grande solução para o nosso ataque, longe disso. Fred não performa há anos, está com a idade avançada e com visível dificuldade de coordenar capacidade física com atributos técnicos. Fred vem para o clube para realizar o sonho do presidente de vê-lo de volta, encerrando a carreira aqui, onde é ídolo.

Há também aqueles que atribuem o retorno do ex-artilheiro, um dos melhores que o Brasil produziu nas últimas décadas, a uma estratégia de Marketing. De fato o Marketing tem feito um excelente trabalho no quesito promocional. Se a gente ganha esse Fla-Flu, provavelmente teríamos uma inundação de novos sócios.

O problema é que se conseguirmos 10 mil novos sócios, a um ticket médio de R$ 35,00, não dá para pagar o salário do Fred, que nas estimativas mais modestas sai por R$ 400 mil. Tem alguma lógica nisso?

Não, eu não estou dizendo que é para você não ser sócio, mas que contribua sabendo que não é enchendo o clube de sócios torcedores que sairemos do atoleiro, porque não importa quanto de dinheiro entre no clube, ele será mal gasto. É assim desde 2014, quando teve início o atual modelo de gestão auto-destrutiva.

Eu não vou me alongar muito. Tem assunto que não acaba mais, entretanto tem, também, tempo que não acaba mais para nós falarmos sobre temas que são atuais, pertinentes e urgentes.

Os rapazes estão de parabéns, mesmo sem a conquista do título, porque honraram a camisa do Fluminense, foram dignos. Chegaram a pôr um tempero de esperança na monotonia.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

 

 

1 Comments

  1. Finalmente um suspiro de sanidade na opinião tricolor. A galera só comentou besteira depois do jogo. A única coisa que eu salientaria é que será difícil exigir transparência nas negociações por agora. Já tava ruim antes, com a pandemia é desespero total. Vai vender sim, senão não tem janta. Aí, lógico, vende barato e não divulga o valor pra não depreciar os que ficam, pra não dizer pro mercado que estamos na xepa. ST

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