O Fluminense cercado de ironias (por Claudia Barros)

Sergio Cosme foi zagueiro campeão pelo Fluminense. Treinou o clube três vezes, foi vice-campeão da Copa do Brasil em 1992 e nos levou a uma das maiores vitórias sobre o Vasco na história, em 1989. Hoje ele precisa da sua força. Colabore pelo Pix CPF 07205091730 (Sérgio Leandro, filho dele). Para qualquer dúvida, WhatsApp (21) 96451-0967. Sua participação é muito importante.

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A vida é um caminhão de ironias.

Conheço gente que praticou o manual da vida saudável, pouco bebeu, comeu moderadamente, nunca fumou, praticou atividade física todos os dias e, infelizmente, faleceu jovem com doença rara e imponderável.

Conheço gente que trabalha pouco, ganha pouco e gasta mais com roupa e bebida do que os mais remediados.

Conheço gente que precisou se despir de valores cristalizados, preconceitos e verdades incrustradas para, finalmente, ficar bem consigo.

Conheço gente que já foi caçador e hoje é caça. Também conheço muito mais gente que já foi caça e hoje é bom caçador.

Conheço time de futebol que era os Globetrotters do Brasil e minguou nas conquistas.

Conheço time, por outro lado, que ostentava no mínimo se manter nas primeiras posições de uma tabela e virou campeão, com base na força coletiva e na inteligência gerencial. Seu Horta que o diga!

Conheço até quem desafiou a estatística quando, com mais de 90% de chances de cair para a segunda divisão do Brasileiro de um certo ano, escapuliu do rebaixamento.

Já vi tudo isso. Já vi de tudo um pouco. Ou de quase tudo, um pouco.

E já vi Fernando Diniz.

Home, que danado é isso? Que criatura é essa?
Como alguém pode ensinar a jogar o futebol mais bonito do Brasil, a ponto de conquistar holofotes internacionais e ao mesmo tempo desconfigurar um time na iminência dos seus torcedores se contorcerem de agonia?

Como pode um cabra fazer de Felipe Melo um bom zagueiro e travar um dos melhores volantes do mundo, o André, na zaga de um time míope?

É possível alguém levar um time à beira do Olimpo, poder corrigir uma maldade histórica, realizar o sonho de milhões de pessoas e, ainda assim, ser contestadíssimo nas suas decisões?

Pois é. Conheço também situações estranhas, esdrúxulas, inusitadas, antagônicas, díspares e agoniantes. E essa é a que estamos vivenciando com Diniz.

É tudo muito irônico. Embora irônico seja o futebol.

No fim, com tantas preocupações rondando nossas mentes, com as consistências e, nesse momento, mais inconsistências vindas do Diniz, juro que tenho tentado pensar em outras coisas como, por exemplo, a beleza e o sucesso estrondoso da terceira camisa tricolor.

Tenho focado também em Cartola e sua poesia, do contrário a angústia persevera.

Tem uma linda canção de Cartola, com toda redundância da afirmação, que tenho ouvido recentemente. A canção se chama “Sala de Recepção” e nela está:

“Pois então saiba que não desejamos mais nada
A noite, a lua prateada
Silenciosa, ouve as nossas canções
Tem lá no alto um cruzeiro
Onde fazemos nossas orações
E temos orgulho de ser os primeiros campeões
Eu digo e afirmo que a felicidade aqui mora
E as outras escolas até choram
Invejando a tua posição”

Oh, noite de 04 de novembro. Oh, ironias da história. Escutem nossas orações, façam-nos campeões, que a felicidade aqui deve morar.