Adílio se foi. Era um jogador fantástico e, por isso mesmo, nos deu muita dor de cabeça a cada Fla x Flu entre fins dos anos 1970 e boa parte dos 1980. Era um craque. Com dez anos de idade eu queria Adílio no Fluminense de qualquer jeito. Imagine ele jogando com Pintinho e, a seguir, com Deley. Quase veio, mas não deu.
O triste momento me lembra que, dos Fla x Flus da minha infância, alguns nomes já se despediram daqui. Zezé é um deles, Adilço também. O super goleiro Wendell. Miranda, o Trésor brasileiro. Há muito tempo, o jovem Figueiredo, num acidente aéreo. Manguito. O xerife Moisés. Cléber. Carlos Alberto Torres. Dirceu. Rodrigues Neto. Doval. Personagens de jogos fantásticos com um Maracanã lotado e inesquecível, quem viu sabe do que estou falando.
Na beira do campo, Sebastião Araújo, Admildo Chirol, Zé Duarte, Nelsinho, Zagallo, Waldir Amaral, Jorge Curi, Mário Vianna, João Saldanha, Loureiro Neto, Danilo Bahia. Há outros, muitos.
Falar dos colegas de arquibancada…
É natural: são jogos de quase cinquenta anos e quem não era juvenil já bateu os 70 e poucos anos. Eu mesmo estou muito mais perto do fim do que do começo. A vida é isso, pelo menos para a maioria que sofre tanto nessa Terra de injustiças e dor, onde o futebol é um dos pouquíssimos alívios.
Cada criança tem seu tempo e na infância registramos momentos que vão nos acompanhar para sempre. A morte de Adílio me bate por vários motivos: havia o craque, o menino que conseguiu a glória, o sujeito afável e educado. O cara que estava sempre nos aporrinhando no Fla x Flu. Aqueles jogos inesquecíveis, o grito das torcidas. Durou pouco, mas foi muito bom ter sido criança naquele tempo. Basta olhar a foto de um radinho no Mercado Livre e tudo me vem a memória.
O tempo sempre vence, é inevitável. Por diversas razões, os grandes jogos daquele Maracanã nunca mais serão daquele jeito, mas haverá sempre um jogo para encantar e adoçar as retinas infantis para sempre. Taí o Fluminense de agora, valente lutador contra o descenso. Era muito difícil vencer quatro jogos seguidos, conseguimos. As coisas mudaram com Mano, não tudo que gostaríamos, mas o suficiente para reverter o desastre do primeiro turno do Brasileirão.
A gente vai conseguir. As crianças tricolores vão conseguir vencer e cantar para sempre, mesmo quando já estiverem longe demais da infância.
Foi um periodo de muita dor e alegria para mim , acompabhar o FLUMINENSE.