“O fim está próximo” (por Erica Matos)

Depois de cinco anos sem escrever para esta casa muito amada de cronistas reunidos, estou aos poucos tentando administrar meu tempo para fazer uma das coisas que mais amo, e que fiz com tanto sentimento junto a vocês, que foi escrever sobre o nosso amado Fluminense. É um prazer estar aqui junto a vocês. Minha gratidão ao Paulo Andel e aos caros colegas de clube.

Eu não poderia deixar de falar de outra coisa a não ser da frase que intitula esta coluna, é do autor da frase do fim do jogo de quarta-feira.

Todos nós sabemos que Fred veio pedalando de Minas para se aposentar. Mas ao olharmos uma temporada dessas, por vezes esquecemos. Acredito que a realidade da ficha da gente de que a carreira dele vai acabar em breve, logo ali e daqui a pouco começou a cair agora, e doeu ouvi-lo falar a frase ”o fim está próximo”. Doeu sim.

Mas a vida é feita de trajetórias, de estações. Tudo tem início, meio e fim. O Fred tá sendo absurdamente feliz no desfecho da carreira no time do nosso coração.

O jogador que chegou menino em 2009, naquele ano em que quase morremos em dezembro. Depois em 2010 que ao lado de Conca… ‘ O CARA de 2012’… e a gente já sabe da trajetória, dos altos e baixos, das raivas que passamos. Mas sabemos também que esse cara aprendeu, que esse cara conquistou, passou verdade… O mesmo que em rompantes de raiva nos fez passar raiva em expulsões desnecessárias, também nos fez chorar fazendo gol todo quebrado e com dor, mas porque tinha que fazer. Aquela copa do Brasil… Aquele gol contra o Palmeiras… Nem teve classificação, mas foi quando ele ganhou meu coração, mostrando verdade e sentimento.

Admiro muito uma vida em que se vive com sabedoria, que se melhora, que se aprende com os erros, que se vive com gratidão. Fred foi assim. Desde 2009, até enquanto estava fora do Fluminense, ele mostrou amor pelo clube. E agora ele só está colhendo o que plantou. Ele começou a carreira e vida com o coração no cruzeiro e termina com o coração em quem a vida lhe trouxe. Isso é ser resiliente. E se moldar ao melhor que a vida lhe deu. E o Fluminense foi o melhor que a vida deu para a carreira de futebol de Frederico Chaves Guedes.

Ahhh… O fim está próximo e teremos fim com justiça, meu Brasil…

E o cone? Pera lá! O futebol brasileiro deveria se desculpar com o Fred. Copa do Mundo apontando novamente… Eu tenho muitas ressalvas com essa parte cruel do futebol. Jamais esquecerei aquele Maracanã lotado em 2013, na final da Copa das Confederações. Era torcedor de todo canto, cantando a música da nossa torcida: “O Fred vai te pegar”… E aqueles gols maravilhosos contra a Espanha… Depois, logo nas próximas falhas ele vira o cone, detonado pelos brasileiros especialistas em detonar a carreira de grandes jogadores. O cone tá aí, OITO anos depois dando um show em campo.

Com licença. Temos no Fluminense um grande goleador, um centroavante de técnica incrível, finalizador de capacidade ímpar. Estamos aqui, em 2021, e o artilheiro, hoje com 37 anos, mostra o que eu e muitos já sabíamos: O Fred e o cara.

Fred é um dos maiores atacantes do futebol brasileiro. Ouso dizer que é o maior camisa 9 do nosso futebol na última década. São mais de 400 gols na carreira. Uma coleção de títulos.

A carreira do centroavante fala por si. Fred tem uma capacidade única de liderar, fazer gols e servir seus companheiros.

E em tempos tão sombrios desde 2020, onde nem curtimos a alegria da volta do Fred presencialmente no estádio, espero que a frase ‘o fim está próximo’ seja o fim desta tragédia que parece não ter fim. Queremos o fim próximo desta pandemia, para fazer o glorioso fim da carreira incrível do nosso guerreiro centro avante Frederico Chaves Guedes, o Fred. O Dom. O Dom Fredom. O Rei dos Stories.

‘Às vezes a felicidade demora a chegar
Aí é que a gente não pode deixar de sonhar
Guerreiro não foge da luta e não pode correr
Ninguém vai poder atrasar quem nasceu pra vencer’
Alexandre Assis / Carlos Rodrigues / Gilson Bernini

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Dedico ao Fred Guedes, e a esses dois lindos; Meu Pai Robson, que me fez ser tricolor, e ao meu filhote que fez 3 anos, e se chama FRED, e foi batizado enquanto o nosso craque ainda perambulava por Minas Gerais. Ou seja, ele trouxe sorte e trouxe o Fred de volta.