O exílio (por Zeh Augusto Catalano)

EXILIO

“Minha pátria é minha infância/ Por isso vivo no exílio” (Cacaso)

Volta o campeonato brasileiro e o torcedor carioca às TVs. Nenhum clube do Rio jogou em casa, embora dois mandassem jogos. Flu e Botafogo fizeram um jogo morno para um estádio vazio, no Recife. O Flamengo veio jogar o primeiro de vários jogos em Brasília e empatou um jogo que esteve ganho – claro, com direito a gol em impedimento e pênalti inventado, desperdiçado por Marcelo Moreno.

O Vasco, neste momento, é um caso à parte. Parece mergulhado numa crise com consequências imprevisíveis. A se confirmar, hoje, a saída do técnico Paulo Autuori, sua temporada mergulhará no caos e transformará o jogo contra o Flamengo, domingo, novamente em Brasília, numa guerra ainda mais dramática.

Jogar fora de casa, pra públicos diferentes mas igualmente apaixonados, é uma excelente forma de cativar novos torcedores e até encher os cofres falidos dos times. Mas isso dentro de limites. O “pacotão” do Flamengo em Brasília beira o surreal. São, se não me engano, nove jogos já confirmados pro Mané Garrincha.

Primeiro: nós não somos NBA pro Seattle Supersonics virar Oklahoma City Thunder. Pode ter milhares de torcedores em qualquer canto do país, milhões em Brasília, mas sua casa é no Rio. A quantidade é tanta que parece uma transferência – ainda que temporária – de cidade para Brasília. Com isso, de duas, uma: ou o time viverá em hotéis do DF ou viverá em vôos – mais do que seus adversários. Isso significa cansaço.

Segundo: os torcedores da terra natal, que certamente vão ficar enfurecidos com a impossibilidade de ver seu time. É inacreditável que você tire o time da sua cidade e acredite que a torcida vai achar isso bom.

Terceiro: empataram com o Coritiba. Se (se Deus quiser, embora o horizonte esteja negro… é preciso muita fé… fé eu tenho mas e a bola? o time não presta! socorro!) perdem pro Vasco, a crise explode e vão começar a culpar Brasília por isso. E não estarão muito errados. Tudo é diferente. O torcedor do Rio não é igual a um paulista, brasiliense, nordestino… A torcida aqui não carregará um time ruim nas costas.

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Gol de Scocco do Newell’s Old Boys. Goleiro que se preze não pode tomar um gol daqueles. Barreira mal armada pruma falta a quilômetros de distância do gol e o cidadão toma um gol de uma linda bola de curva. E provavelmente liquida o time na Libertadores.

Gol do Seedorf. Frango. Pulou com uma mão só, parecendo displicente numa bola difícil. Muito estranho.

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Constrangedor ver Arnaldo César Coelho tentar convencer o torcedor brasileiro de que aquele mergulho de Marcelo Moreno foi mesmo pênalti. Num momento em que o povo pede transparência dos políticos, em que vaia e ataca a TV Globo, não é irônico que esse clamor não atinja o futebol?

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Campeonato bom, lotado de times horrorosos. Três pontos entre a zona da libertadores (Flu) e a dona de rebaixamento (Fla) Aliás, ouviram falar disso, zona de rebaixamento? Eu não. Não sei quem vai sobrar disso ai…

Zeh Augusto Catalano

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

1 Comments

  1. Jogar em Recife, depois de mais de 2 horas de vôo, para um público de menos de 10 mil pessoas (dizem que a torcida do Botafogo era bem maior que a do Flu), voltar para o RJ e jogar na quarta em Macaé, para outro público provavelmente pífio não é coisa de futebol profissional. Brincadeira!

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