Oi, pessoal.

Enderson responsabilizou o desgaste ao analisar, em entrevista, o atropelo sofrido para o Atlético-MG. É justo aceitar que foi desgastante os dias de viagens da última semana, mas afirmar que o time jogou mal por conta disso é superestimar demais a nossa idiotice.

Quem acompanha os jogos do Fluminense não viu nada de diferente dos últimos jogos ou, melhor dizendo, das últimas derrotas, com ou sem as viagens do sul ao norte, que seu treinador mencionou. Vale lembrar que o adversário também viajou. Uma distância menor, mas viajou.

Eu espero, então, que Enderson tenha dito isso apenas pelo tédio de ter que dar essas entrevistas chatas, de pós-jogo, em que os jornalistas perguntam nada com coisa alguma além das mesmas “O que achou do jogo?” ou “O que achou de fulano?”

Ninguém, por exemplo, questionou sobre o fato do meio-campo do Galo, formado por três jogadores apenas bons -Rafael Carioca, Leandro Donizete e Giovani Augusto – ter engolido os cinco meio-campistas tricolores no jogo. Você trocaria Edson, Jean e Scarpa pelo trio meio-campista do adversário? Eles são muito superiores aos nossos? Alguma coisa está muito errada…

Ninguém questionou se, ao não se jogar com três armadores – Cícero, Ronaldinho e Gustavo Scarpa – para armar para ninguém, exceto um único, solitário e isolado atacante, não faz o time perder poder de fogo.

Para dar certo jogar com o time que foi à campo, teria que agrupar, subir as linhas, fechando os espaços entre as duas intermediárias, para que eles pudessem tabelar entre eles e conseguir se infiltrar, manter a posse de bola, quebrando a velocidade do Atlético e desgastando menos os volantes e a defesa.

Ao contrário disso, vimos o Fluminense, novamente, engessado, acuado, preso, porque Enderson posiciona os jogadores para fechar o espaço a partir da intermediária defensiva do primeiro minuto ao apito final. É isso que desgasta o time! O meio-campo tem correr 70 metros durante os 90 minutos, tendo que marcar, criar, finalizar. Pessoal, vai faltar pernas até para o ágil e leve Gustavo Scarpa!

Você usa esse posicionamento, eventualmente, circusntancialmente, nunca como modelo de 90 minutos de jogo, a não ser que você treine um time modesto e irá enfrentar um adversário muito superior tecnicamente. Não é o caso do Fluminense. Nunca!

Por isso, Enderson, e meus treze queridos leitores (estou metida, contando com o senhor, Bardales!), não faltou pernas, faltou peito! Peito! Coragem! Gana para subir as linhas, como vimos o time nos minutos iniciais do segundo tempo, até achar o gol e voltar à passividade.

Temos um leque de meias-atacantes invejável, agora com os retornos de Gérson e Vinícius, mais Ronaldinho, Cícero e Scarpa. Mas o posicionamento retraído, com o time espaçado, sem ataque e a postura horrorosa e vergonhosa de esperar o adversário, simplesmente está destruindo o que o time teria de melhor.

Fomos atropelados por um Atlético que sabe usar o que tem de melhor: sua velocidade e ofensividade. Junta isso com a gana de quem quer ser campeão. Sonho um dia ver o Fluminense jogando com essas qualidades que o Atlético mostrou em pleno Maracanã e que Enderson está longe de dar ao time.

Há semanas atrás, escrevi aqui sobre minha expectativa de ver o técnico tricolor também subir de patamar e desengessar, soltar o time, dando um pulo do gato e surgindo como um novo Cuca. Infelizmente, até agora ele falha e apenas repete a cartilha dominante e bem abaixo da mediocridade da maioria dos nossos retranqueiros treinadores.

Mas (ATENÇÃO!) ainda não joguei a toalha: ainda acredito que veremos um bom futebol do time nesse campeonato. Quem está na nossa frente também tem pontos falhos e pode oscilar. O líder, Corinthians, por exemplo, tem problemas no seu ataque. Elias e Jadson estão carregando nas costas e podem sofrer fisicamente.

O Atlético é veloz. Com jogadores que se completam. Mas sem nenhum grande jogador que quando o coletivo não funcione, decida sozinho.

O Grêmio tem uma defesa instável, um meio campo lento.

O São Paulo, nem se fala! É um time inconstante e o mais bipolar do campeonato.

Não joguei a toalha ainda, por tudo isso e também por torcer que os jogadores ajudem o Enderson, tomem a iniciativa no campo de subir as linhas, agrupar, atacar e defender em bloco para diminuir o desgaste físico, usando o que temos de melhor: os meias.

De resto, mais do mesmo: minha convicção do que realmente não pode voltar a acontecer. Não pode. Não pode. Não pode é o Fluminense continuar com esse posicionamento defensivo e postura passiva. Porque, engessados, espaçados, tendo que correr 70 metros por 90 minutos, nem Usain Bol e Pelé!

TOQUES RÁPIDOS:

– Então, a “solução” é posicionar um dos maiores armadores do futebol e o colocar centralizado no ataque, de costas para o gol e para o time, porque ele não marca?

Ora, bolas! Carambolas! Então se Enderson fosse técnico da Juventus e do Bayern de Munique,  Andrea Pirlo e Schweinteiger não teriam vaga no meio campo?!

Pobre futebol brasileiro, repleto de Sebastião Lazaroni e Celso Roth… Deus nos acuda!

– AINDA sobre R10: se você acha que um dia, num tempo que for, um Ronaldinho Gaúcho vai ser PROBLEMA para um time de futebol, muito provavelmente você está acompanhando o esporte errado. Tente o Rugby que é show! Só luta e raça!! Você vai se amarrar!  Inclusive, no dia 18 de setembro, começa a Copa do Mundo. Acesse lá o site: www.rugbyworldcup.com

– Poupado, por razões óbvias, Ronaldinho Gaúcho não enfrenta o “Curinthia”. Com o retorno de um velocista, Marcos Jr. e até Osvaldo, o que seria ótimo, ajudaria para caramba  porque os meias ganham opção de passe. Cícero já está escaladaço no meu Cartola (risos).

– Desengesse o time, Enderson! Ou: Desengesse o Enderson, time!

– Vamos à vitória, Fluzão! Afinal, como eu disse, eu ainda não joguei a toalha.

Abraços fraternos

Panorama Tricolor

Imagem: google