Não existe bonzinho no futebol…

paulo vintage panorama charge

Suposta ou teoricamente, Cuca ficou chateado com a possibilidade de não ser o único treinador procurado pelo Fluminense para a atual vaga em aberto.

Seria uma reação plausível, caso o próprio Cuca não tivesse quatro décadas de futebol nas costas dentro do gramado e à beira dele.

E no futebol não existem bonzinhos, salvo raríssimas exceções.

Não teria porque defender o atual governo tricolor numa vírgula que fosse, pelo contrário. E, se a dupla conversa aconteceu, que se tivesse algo muito raro nas Laranjeiras há tempos, como inúmeras manchetes podem atestar: sigilo absoluto. Mas, sinceramente, meu pensamento é outro: a Caesar o que é de Caesar.

Há sete anos, o próprio Cuca foi criticado por Muricy Ramalho: o primeiro teria se oferecido para o São Paulo, visando o cargo do segundo.

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Então, o papo de bonzinho não cabe.

Às vezes, nós, torcedores, nos deixamos iludir com a falsa promessa de um mundo do futebol perfeito, onde tudo é belo e maravilhoso, onde interesses pessoais não se sobrepõem aos dos clubes – é assim no mundo inteiro. O beijo no escudo, o drama de novela, o abraço de comemoração, as frases de feito, o jeito bonzinho, as criancinhas no colo e outros clichês. Trocar de time é trair o sentimento.

Cuca teve uma grande passagem pelo Fluminense em 2009, cujos episódios dos bastidores são inúmeros e bem menos bonitos do que o resultado final no Couto Pereira diante do Coritiba, capazes de constranger o mais apaixonado torcedor que acredita em amor ao Clube. Um ano antes, 2008, ele mesmo tinha sido demitido do Fluminense na zona de rebaixamento depois de dizer “Cheguei ao meu limite”.

No futebol, tudo muda rápido, o  que às vezes pode ser ótimo, vide o exemplo acima.

Muita coisa não foi dita nem escrita. O primeiro livro publicado no país sobre o que se convencionou chamar “Time de Guerreiros” é de minha autoria; nele, só entrou o que havia de poético na história.

O Cuca de 2009 era um treinador em afirmação. Hoje, tem grandes títulos e uma grande conta bancária, conquistada com seu esforço, mais o auxílio luxuoso de Eduardo Uram. Não sei o que o assessor de imprensa Francis Melo pensa  disso.

Se vier para o Flu, Cuca é um grande reforço capaz de tirar o time da draga, como pode ser Levir. Pode levar o nosso time a glórias e grandes vitórias, o que todos sempre desejamos. Mas não é um bonzinho: trata-se de um profissional na acepção da palavra – e aí sim dá para dizer que, em termos de Laranjeiras, é um reforçaço.

Amigos e amigas, bonzinhos somos nós, torcedores. Onde tem dinheiro, poder, vaidade e interesses pessoais, o bonzinho é o primeiro a ir para o paredão ou jogado à cova dos leões. Não existe ponto sem nó.

Bombom versus Maumau, só no velho e querido desenho animado de antigamente.

No mais, que o Flu recobre o caminho das vitórias logo mais com um dos raros homens 100% dignos do futebol: o nosso eterno Marcão. E que na sexta a nova camisa traga bons ares ao nosso amor das Laranjeiras.

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@pauloandel